Rio Grande do Norte: um estado desgovernado

A governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM) parece viver em outro mundo: age como se não fosse responsável pelo caos hoje instalado no Rio Grande do Norte. A população sofre com a seca, com o alto índice de violência e da criminalidade, os serviços públicos estão totalmente sucateados, a exemplo do caos da saúde, educação e segurança pública. Mesmo diante deste cenário, a governadora anuncia aos quatro ventos a intenção de se candidatar à reeleição.

Mas é importante ressaltar que a resposta dos trabalhadores ao descaso da governadora tem sido a luta. Diversas categorias, em especial do setor público, fizeram ou estão em greve.

Diante da ineficiência administrativa da governadora está tramitando na Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final da Assembleia Legislativa um pedido de impeachment protocolado pelo Movimento Articulado de Combate à Corrupção (MARCCO). Vale lembrar que este é o segundo pedido de impeachment contra a governadora Rosalba, sendo o anterior assinado pelos vereadores de Natal eleitos pela Frente Ampla de Esquerda, Amanda Gurgel (PSTU), Sandro Pimentel (PSOL) e Marcos Antônio (PSOL), além do professor Robério Paulino da UFRN e outros representantes de movimentos sociais.

RN: estado de greve

As greves são mais intensas na capital Natal, mas atingem, mesmo que em menor grau, as regionais. Afinal, a maioria dos sindicatos possui representatividades estaduais, a exemplo dos técnicos administrativos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que seguem firme na greve há quase dois meses.

Os servidores municipais de Natal das diferentes categorias, entre transporte, saúde, educação e segurança, entraram em greve no inicio de abril. Após 38 dias de greve, o prefeito apresentou uma proposta de reajuste de 5,68%, que foi aceita por uma das categorias e rejeitada pelas demais.

A intransigência do prefeito Carlos Eduardo (PDT) é tamanha que, mesmo com a legalidade da paralisação ter sido garantida pelo desembargador, ameaçou cortar o ponto dos grevistas.

O Sindicato dos Servidores da Administração Indireta (Sinai) também encontrou na greve a saída para o impasse nas negociações com o governo. Sem reajuste há cinco anos, os funcionários da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente e do Instituto de Previdência do Rio Grande do Norte anunciaram greve por tempo indeterminado.

Outras categorias também anunciaram a possibilidade de greve se as negociações com a governadora não avançarem. É o caso dos policiais e bombeiros militares do RN, assim como o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (SINE-RN).

O RN nas mãos da FIFA

O sucateamento dos serviços públicos sempre esteve presente neste estado, mandado e desmandado pelas oligarquias das famílias Rosado, Alves, Maia e Faria. Mas, no último ano, este sucateamento se intensificou e a quantidade de categorias em greve expressa esta realidade.

Não tenhamos dúvidas: esta situação está diretamente ligada aos gastos com as obras da Copa. Assim como nos demais estados, a governadora Rosalba (DEM), em parceria com o prefeito Carlos Eduardo (PDT), inverteu as prioridades e gastou milhões dos cofres públicos em obras da Copa que só beneficiaram empresários. Os dois seguiram fielmente a velha política de pão e circo: enquanto hospitais, maternidades, unidades de saúde e escolas são fechadas por falta de reformas, a governadora desvia dinheiro da construção de hospital para construir estádio de futebol.

Enquanto a população sofre nas paradas com a falta de ônibus, aeroportos gigantescos e viadutos são construídos. Enquanto a população e o gado morrem de sede, plantam gramados para enfeitar a cidade. Enquanto a população carece de serviços públicos básicos, gastam milhões com decorações da Copa.

Entregaram os recursos públicos e, agora, querem entregar o nosso direito de ir e vir pela cidade: o prefeito enviou para a câmara dos vereadores o projeto de lei 205/2013. Este PL concede poderes à FIFA para interditar diversas avenidas, controlar o espaço aéreo e também espaços públicos como UFRN.

Além de suspender diversas leis municipais de publicidade, este PL suspende também o direito dos estudantes e idosos de pagar meia entrada durante os jogos da Copa, restringe a venda de alimentos aos organizadores do evento e limita o acesso do povo em algumas áreas

Não podemos aceitar calados!

Mais do que nunca, a população do Rio Grande do Norte tem condição de virar esse cenário ao seu favor. As lutas que crescem e se fortalecem desde junho do ano passado precisam continuar nas ruas de forma unificada. Também se torna necessário construir uma alternativa dos trabalhadores e da juventude para as eleições.

Não podemos seguir indignados, mas votando nas mesmas famílias que mandam há décadas no nosso estado. É por isso que nós do PSOL apresentamos Robério Paulino, professor da UFRN, como pré-candidato ao governo e insistimos no chamado por uma Frente de Esquerda com o PSTU, PCB e todos e todas que estão em luta! Mudar é necessário e nunca foi tão possível!

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