Abaixo a criminalização da Luta Popular em Goiás!
A criminalização dos movimentos sociais e lutas populares no Brasil não é novidade. Megaeventos como Copa do Mundo e das Confederações, Jogos Pan-Americanos e Olímpicos, além de diversos ataques ao direito à moradia, educação, saúde, transporte, etc. têm fomentado um avanço da repressão e criminalização das reivindicações e protestos populares. Neste cenário, há uma ofensiva daqueles que querem reprimir e silenciar setores da juventude e trabalhadores que não mais aguentam tanta opressão e exploração. Desde o Pan-Americano de 2007 no Rio de Janeiro, com a presença do exército nas ruas, o governo petista e seus aliados têm ensaiado formas especiais de combater toda e qualquer manifestação que questione as mazelas produzidas pelos teatros dos megaeventos.
Em Goiás, a repressão aos movimentos populares também é antiga e seu principal porrete é um governo tucano. Marconi Perillo (PSDB) tem na violência estatal a principal resposta às reivindicações populares. Foi assim em 2005, com a brutal desocupação do Parque Oeste Industrial, que resultou no aprisionamento de diversos militantes sociais, na morte de dois trabalhadores e no desalojamento de 3500 famílias. E continua sendo assim hoje com as manifestações no estado, como as que se difundiram desde 2013.
Em Goiânia, a ascensão das lutas decorreu principalmente por meio das manifestações puxadas pela Frente de Lutas pelo Transporte e pela solidariedade da população contra a brutal repressão policial que ocorreu entre abril e maio de 2013. As manifestações sempre buscaram lutar contra as abusivas propostas de aumento da tarifa, contra a péssima qualidade do transporte coletivo na região metropolitana e a favor do passe livre universal e irrestrito.
Se, por um lado, as lutas de 2013 barraram o aumento das passagens e conquistaram o passe-livre para setores da juventude, por outro houve uma piora significativa nos serviços de transporte. Para piorar, em 2014, as empresas retiraram benefícios de usuários e aumentaram o preço da passagem.
Esta situação gerou enorme insatisfação e fez com que a população indignada realizasse paralisações e protestos espontâneos em diversos terminais de Goiânia. Tratam- se de manifestações que refletem a indignação da população frente aos abusos da máfia do transporte que há anos comanda o direito de ir e vir de milhares de jovens e trabalhadores.
As empresas que há anos controlam o transporte coletivo da região ignoram a precariedade do serviço e descumprem as normas previstas em contrato, enquanto os governos Estadual (PSDB) e Municipal (PT) apenas garantem o sucesso e o lucro daqueles que patrocinam suas campanhas. Estas empresas também mantém condições de trabalho absolutamente destrutivas para os motoristas de ônibus que enfrentam longas jornadas, baixos salários e, muitas vezes, são alvo da indignação dos moradores.
Motoristas em greve.
Por isso, no mês de maio, os trabalhadores do transporte coletivo de Goiânia também entraram na luta. Atropelando um sindicato pelego, motoristas pararam a região metropolitana de Goiânia realizando o fechamento total ou parcial de terminais e garagens. Os trabalhadores negociam melhores condições de trabalho e recomposição salarial e, por isso, começaram a ser perseguidos pela justiça e pela mídia, com multas dirigidas ao Sindicoletivo, alternativa construída ao peleguismo, além de diversas tentativas de deslegitimar e criminalizar o movimento.
Usuários no terminal Praça da Bíblia, na zona leste da cidade.
Seja nas ruas ou em terminais, a resposta dos governantes quanto ao descontentamento da população com os serviços prestados tem se dado pela criminalização e repressão violenta. Em muitos atos, manifestantes foram agredidos, presos e reprimidos. Além de não termos um transporte digno e nosso acesso à cidade garantido, somos atacados no nosso direito de protestar.
No fim de maio, as forças da repressão deram um passo adiante. Na madrugada do dia 23 de maio, como parte da chamada “Operação 2,80” da Delegacia Estadual de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (DRACO), foi decretada absurda prisão preventiva de quatro jovens. São militantes que, por participarem de lutas legítimas contra os lucros dos empresários do transporte, foram presos de forma arbitrária e ilegal, visando criminalizar a justa luta popular por melhores condições de vida e acesso à cidade. A “Operação 2,80”, além de refletir a arbitrariedade do Estado, mostra a forte articulação entre os poderes estatais e as empresas tentando calar trabalhadores e jovens.
A partir dessas ações do Estado, foi constituído o MOVIMENTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA POPULAR em Goiás para combater os abusos do poder público sobre as lutas populares e buscando a libertação dos presos políticos de Goiânia. Dois grandes atos políticos, dias 27 e 29/05, contribuíram para a soltura dos jovens através de habeas corpus. E a luta continua!
O avanço da repressão mostra que a luta popular em Goiânia, para avançar, precisa aprofundar sua organicidade pela formação de uma Frente Social e Política que inclua movimentos sociais, sindicatos, entidades de luta e todos que buscam combater as profundas injustiças do estado de Goiás. Permaneceremos ativos até que nossas necessidades sejam garantidas, seguiremos organizando diversas formas de resistência e tomaremos as ruas o quanto for preciso!
- Contra a criminalização dos Movimentos Sociais e das lutas populares!
- Abaixo o monopólio do transporte coletivo!
- Tarifa zero nos transportes públicos! Estatização do transporte coletivo, sob democrático de trabalhadores e usuários! Transporte de qualidade para toda a população!
- Pela desmilitarização da Polícia!