Os bancos e a nova relação de forças
Segundo a reportagem, os grandes bancos contam às dezenas o número de agências atacadas e destruídas parcialmente nos últimos dois meses. Somente um dos grandes bancos fala em mais de 60 agências atacadas. A estimativa (considerada conservadora) é de um prejuízo de 20 milhões de reais para esse banco.
“Desde que as manifestações de rua ganharam força, há dois meses, não foram só as diversas esferas de governo e a classe política que ficaram em posição incômoda e sem saber a certo como responder. Alvo preferencial de depredações, os grandes bancos do país, identificados como símbolos do capitalismo pelos manifestantes de tendência anarquista, já amargaram algumas dezenas de milhões de reais de prejuízos. E tem contabilizado as perdas em silêncio, receosos de que qualquer palavra possa ser interpretada como um posicionamento contrário aos movimentos populares”.
Quando os bancos temem parecer publicamente contrários à destruição de suas próprias agências e arcam com prejuízos milionários é porque algo de muito novo começa a surgir nesse país.
É evidente que 20 milhões de reais de prejuízo não é grande coisa para um Itaú-Unibanco, por exemplo, que acaba de anunciar lucros de mais de 7 bilhões de reais no primeiro semestre de 2013 (o segundo maior da história dos bancos brasileiros, só perdendo para o próprio Itaú em 2011).
Pra dar uma ideia do papel das víboras, o lucro bilionário não impediu o Itaú de promover demissões massivas. Foram 4458 demitidos desde junho de 2012. A mesma dinâmica é adotada pelos demais bancos: lucros, demissões e cinismo.
A matéria do “Valor” diz ainda que são os bancos que arcam com os custos da reforma de suas agências e máquinas destruídas. Isso porque no seguro patrimonial das agências, em geral, não há coberturas adicionais para “tumulto e vandalismo”, pois, segundo o jornal, “o país não registrou manifestações de grandes proporções na última década, até as grandes mobilizações que começaram em junho”.