Greve dos profissionais de educação de São Paulo

Greve histórica conquista vitórias mas é traída pelo presidente do sindicato

Os profissionais da educação municipal de São Paulo protagonizaram uma das maiores lutas como há muito não se via. Não resta dúvida de que foi uma mobilização histórica.

Aprovada no dia 28 de março e iniciada no dia 2 de abril, a greve da rede municipal de ensino foi motivada pela enrolação da prefeitura em cumprir acordos feitos com a categoria desde o ano passado, pela defasagem salarial, por um ataque que tornou mais difícil a evolução funcional entre os professores e também pela ameaça de perda de férias coletivas e recesso escolar das professoras que lecionam na educação infantil da cidade.

Apesar da tentativa do presidente do sindicato sabotar a luta, fazendo todas as manobras possíveis para que a greve não acontecesse, a categoria demonstrou vontade de lutar e impôs uma derrota ao presidente pelego.

Nove dias de greve

Com duração de nove dias, a greve teve seu ápice no dia 4 de abril, quando cerca de dez mil pessoas se reuniram em assembleia na Praça do Patriarca no centro da cidade e depois seguiram em passeata até a câmara municipal de São Paulo.

No dia 10 de abril realizou-se uma assembleia na qual surgiram propostas a favor e contra a continuidade da greve. Desrespeitando a decisão da maioria da assembleia que votou pela continuidade da greve, Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), que também é vereador do PPS, partido de sustentação do governo Kassab, decretou o fim da greve. Indignados com a arbitrariedade do presidente traidor, centenas de pessoas cercaram o carro de som e passaram a hostilizar Cláudio Fonseca e os demais diretores majoritários do sindicato, que só conseguiram sair do local com escolta policial, sob risco de serem linchados.

A greve acabou, mas a luta deve continuar. A primeira conquista imediata foi a aposentadoria especial para gestores e docentes readaptados. Porém, embora exista a promessa da prefeitura em encaminhar projetos de lei que tratam do aumento de duas referências na tabela de vencimentos do plano de carreira e a concessão de abono complementar para os profissionais comissionados do quadro de apoio, isso ainda não passa de uma simples promessa. Por isso é necessário manter a categoria mobilizada para que os projetos de lei sejam encaminhados e aprovados rapidamente na câmara municipal. Os profissionais de educação poderiam ter conquistado mais vitórias, como a garantia de recesso escolar nos CEIs e a revogação da portaria que atacou a evolução funcional dos professores, mas a traição do presidente do sindicato impediu que a luta seguisse adiante.

Oposição não pode vacilar e deve se manter unificada

Algumas figuras públicas da oposição não tiveram uma leitura correta do potencial que a greve ainda possuía e infelizmente defenderam o fim da greve juntamente com a direção majoritária num momento onde ainda era possível avançar. Isso gerou confusão e questionamentos entre aqueles que enxergam na oposição uma alternativa coerente para representar a categoria. Apesar deste erro, é necessário manter a unidade da oposição no Sinpeem para que as lutas sejam levadas até o fim de forma coerente, sem vacilar e com democracia. 

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