Os desafios da CSP-Conlutas em seu 1° Congresso Nacional
O I Congresso Nacional da CSP-Conlutas será realizado de 27 a 30 de abril em Sumaré, São Paulo. Este Congresso ocorrerá numa conjuntura de agravamento da crise econômica mundial.
Um das consequências imediatas da crise econômica para os trabalhadores europeus tem sido o aumento do desemprego. Desde 2008, houve um aumento de 46,8% no número de desempregados.
Outra consequência tem sido o crescimento no índice dos suicídios. Na Grécia, o índice entre homens aumentou mais de 24% entre 2007 e 2009. Na Irlanda, no mesmo período, houve um aumento de mais de 16% nos suicídios de homens. Na Itália, os suicídios motivados por dificuldades financeiras, subiram de 123 em 2005 para 187 em 2010. Segundo especialistas da burguesia, a tendência é que estes índices aumentem à medida que os governos implementem medidas de mais austeridade.
Os trabalhadores resistem
Entretanto, esses ataques não têm ocorrido sem uma forte resistência por parte dos trabalhadores. Só na Grécia, nos últimos dois anos, foram realizadas mais de 15 greves gerais. Apesar de todas essas lutas, o fato concreto é que os trabalhadores gregos não têm conseguido derrotar todos esses ataques. Isso ocorre devido ao papel não consequente por parte das centrais sindicais e pela ausência de uma alternativa política com influência junto a massa dos trabalhadores que coloque de forma concreta a necessidade de tomada do poder numa perspectiva socialista.
No Brasil, o governo Dilma tem tomado medidas de ataques para minimizar o impacto da crise econômica mundial no país. As principais foram as seguintes: corte de R$ 50 bilhões em 2011 e de R$ 55 bilhões no orçamento de 2012, congelamento do salário do funcionalismo federal por 10 anos, privatização dos aeroportos, criação de um fundo complementar de previdência para o funcionalismo federal e a perspectiva de uma nova reforma da previdência.
Apesar de todos esses ataques, 2011 foi um ano foi de muitas lutas por parte da classe trabalhadora brasileira. As principais foram as seguintes: rebeliões nas obras do PAC, protestos de bombeiros no Rio de Janeiro, greves de vários setores do funcionalismo federal, bancários, correios e de milhares de trabalhadores em educação em quase todos os estados.
Em 2012 também começou com muitas lutas, como as greves das polícias na Bahia e no Rio de Janeiro, manifestações em Brasília do funcionalismo federal, greve nacional de três dias convocada pela CNTE e uma forte greve da saúde estadual no Rio Grande do Norte; e mais recentemente, greves dos operários da construção civil em obras do PAC; e em particular dos trabalhadores da hidrelétrica de Belo Monte, em greve desde o dia 23 de abril.
Apesar de todas essas fortes lutas, o fato concreto é que elas têm ocorrido de forma fragmentada. Apesar do papel no sentido de unificá-las, a nossa Central é ainda muito pequena para poder influenciar o conjunto dos trabalhadores da cidade e do campo.
A ruptura do Conclat foi uma derrota para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, pois poderíamos estar num outro patamar de enfrentamento a esses ataques, caso tivéssemos saído deste espaço com uma central sindical e popular unitária.
Para nós do Bloco de Resistência Socialista, do qual a LSR faz parte, um dos desafios fundamentais que está colocado para o I Congresso da CSP-Conlutas será o de aprovar um plano de ação que vise contribuir para a unificação de todas essas lutas e continuar investindo no processo de reorganização da nossa classe, com setores que estiveram presentes ou não no Conclat para que tenhamos uma central sindical e popular unitária.
Mas para que a CSP-Conlutas continue sendo este polo progressivo no processo de reorganização, é necessário sinalizações importantes para que novos setores venham participar da nossa Central. Uma delas seria a mudança do nome da nossa Central de CSP-Conlutas para Central Sindical e Popular. Outra medida sensata também seria o setor majoritário da CSP-Conlutas recuar de sua proposta de reduzir a Executiva dos atuais 27 membros para 17. Se nós queremos que novos setores e entidades do movimento sindical e popular se incorporem à Central, essa proposta vai no sentido contrário.
Investir no processo de reorganização
Além de investir no processo de reorganização, é necessário que o I Congresso da CSP-Conlutas tenha posição sobre as eleições municipais deste ano. É fundamental que seja aprovada uma resolução afirmando que a CSP-Conlutas intervirá no processo eleitoral levantando as demandas dos trabalhadores em torno dos problemas locais concretos, como moradia, saúde pública, educação e a situação dos servidores.
A partir disso, a CSP-Conlutas deve apoiar iniciativas nos municípios que impulsionem a construção de Frentes de Esquerda e dos trabalhadores, envolvendo ativistas e movimentos sociais combativos e independentes do governo e dos patrões. Os materiais da Central devem ter claramente uma postura de oposição de esquerda à política neoliberal do governo Dilma e à herança lulista, além aos governos estaduais e municipais, e defender o nosso programa geral anticapitalista e socialista fazendo o vínculo com os problemas locais.
Outro desafio importante está relacionado ao debate sobre saúde e segurança do trabalhador. A CSP-Conlutas deve aprovar em seu I Congresso Nacional uma resolução que amplie e fortaleça o trabalho da Central neste setor.
Para finalizar, é necessário criar as condições para que haja uma integração plena do movimento popular à Central. Essa integração passa por garantir as condições políticas e estruturais para a participação das delegações do movimento popular em todas as instâncias da Central.