Lugar de Mulher é na Política – Informe do II Encontro Nacional de Mulheres do PSOL
Na abertura contamos com a saudação de movimentos e organizações de mulheres com quem atuamos nas lutas do dia a dia como por exemplo o Movimento Mulheres em Luta. Tivemos o lançamento da primeira revista feminista da Fundação Lauro Campos que contem artigos de diversas companheiras do partido.
Este encontro teve a participação de mais de 150 mulheres sendo 114 delegadas eleitas na proporção de 1 para cada 3 nas etapas estaduais. Isto significa que mais de 340 mulheres estiveram reunidas discutindo a pauta feminista de acordo com suas realidades locais, ao longo deste ano. O encontro ainda contou com duas convidadas internacionais, entre elas as companheiras Laura Fitzgerald (Partido Socialista da Irlanda e membro do CIT), observadoras nacionais, e as companheiras Blanca e Angie do CIT sessão-Bolívia como observadoras internacionais.
Todas as mulheres presentes tiveram direito a participação ativa nos grupos de discussões durante estes três dias de intensos debates acerca da conjunta internacional e nacional, apresentação de teses, e debates sobre mulher e construção partidária.
Às delegadas coube a oportunidade de aprofundar e ratificar as resoluções que as mulheres apresentaram no congresso do partido realizado semanas anteriores. Campanha contra a violência, reafirmar a necessidade de engajar o partido nas lutas pela legalização do aborto, política de cotas com 30% e 40% já para a executiva e diretório nacionais, respectivamente, rumo aos 50% nas outras instancias até o próximo congresso, necessidade de formação política e feminista com responsabilidade e financiamento partidário para além dos 5% definidos por lei e moção de apoio à companheira do PSOL, Senadora Marinor Brito (Pará), que perdeu o mandato de mãos limpas para um ficha suja. Depois de um plebiscito vitorioso contra a divisão do estado, os paraenses sofreram um duro golpe ao ver a justiça burguesa reconduzir ao senado uma figura emblemática que não governa para os interesses do povo…
Ainda no campo da política partidária, reafirmando o nosso protagonismo militante, as mulheres deste partido não poderiam se omitir sobre o debate acerca das alianças eleitorais. Encaminhamos uma carta ao Diretório Nacional que se debruçará sobre esta questão, afirmando que não concordamos com qualquer aliança que represente um retrocesso às pautas feministas e às lutas das mulheres trabalhadoras. Mulheres organizadas no Campo Debate Socialista, CST, Reage Socialista e nós da LSR, queríamos ir além. Apresentamos às demais camaradas uma carta que dava nome aos bois, indo diretamente nas questões que foram colocadas como a possibilidade de aliança com PCdoB no Pará, com PV no Rio de Janeiro, com a ampliação proposta no Amapá e contra o movimento Marina. Defendemos que será um retrocesso a aprovação de alianças para além do leque da frente de esquerda. Não é coerente com a luta das mulheres que o partido se alie a legendas que tem relação direta com empresas que exploram a mão de obra feminina de maneira precarizada, que defende o sucateamento da saúde, que estejam envolvidos em acusações de corrupção e que são o que existe de mais conservador em relação às políticas de emancipação das mulheres como a questão do aborto e de identidade sexual. Apesar de termos perdido na votação das nossas posições, afirmamos que o debate político foi extremamente importante e de alto nível. Apesar de não ser o centro do debate, o setorial de mulheres tem responsabilidade política sobre questões que localizarão o partido nas próximas eleições e tem condições de influenciar neste debate que ainda não esta vencido dentro do partido.
A nossa trajetória mesmo antes da conformação do PSOL, na esquerda socialista democrática e no movimento por um novo partido, tem sido uma trajetória de crescimento, conquistas e respeito político. É fundamental que continuemos avançar sempre, retroceder jamais nas conquistas. As tarefas para o próximo período estão colocadas. A nova direção composta por companheiras de todas as correntes do partido evidencia que a opressão e a exploração das mulheres devem estar na pauta destas correntes. Temos mais estados a alcançar, mais mulheres e homens para organizar contra o capital rumo a uma sociedade mais justa e sem opressões. Organizar as mulheres trabalhadoras e apresentar uma alternativa de luta torna-se tarefa central para o próximo período.