A Mulher e sua classe
Discutir a opressão da mulher na sociedade capitalista não é uma tarefa muito simples e fácil de se fazer. Sobretudo, por vivermos num sistema que trata de naturalizar as agressões, a exploração, a opressão e outras formas que degradam a figura humana, particularmente a feminina.
Esta sociedade, a capitalista, ao naturalizar estas opressões, as colocam como imanentes a Ordem, necessárias para a reprodução da humanidade, ou melhor, para a reprodução do capital. O fato da opressão sofrida pela figura feminina ao longo da história não ser precisada com o início do capital não impede que o próprio a assimile com o objetivo de se tornar mais forte.
Ao pagar salários menores para as mulheres o próprio sistema capitalista consegue aumentar a sua taxa de lucro através da maior exploração da mão de obra, uma vez sendo a mulher capaz de produzir tanto quanto o homem se preparada para exercer funções equivalentes. O capitalista sabe muito bem disso ao se apropriar desta força de trabalho de maneira tão leviana.
Ao dividir a sociedade entre possuidores e produtores, ou seja, os que possuem os meios de produção e os que vendem a sua força de trabalho, é necessário que se garanta constantemente a manutenção dos interesses do primeiro grupo, os possuidores em detrimento do segundo, os trabalhadores.
Neste sentido a “desigualdade” entre os sexos é bastante interessante e necessária para manter a reprodução do capital. “Diga isso para as trabalhadoras das “maquiladoras” do México, onde os chefes corruptos preferem o trabalho feminino, geralmente mães solteiras, pois elas são as menos capazes de resistir através de greves às ofensivas do capital nos cortes de salários e condições”.
A partir destas “desigualdades” que se apresentam no interior da própria classe, a dos trabalhadores, é possível explorar mais a mão de obra feminina pagando menores salários e exigindo a mesma produtividade, assim como ocorre com os negros e outros grupos minoritários.
A questão específica da mulher, que a torna ainda mais complexa, é que ela esta presente em todas as classes sociais e em todos os grupos minoritários, sendo então, o denominador comum que possibilita o máximo de exploração em todos os grupos.
Obviamente que isso se dá em todos os paises do mundo, entre os ricos e periféricos, na América latina e na Europa. Apesar da mulher ser o denominador comum em todos os grupos é de extrema importância percebemos a especificidade da mulher trabalhadora.
É esta que além de ser explorada pelo capitalista ainda é responsável pelo trabalho doméstico, exercendo o que chamamos de dupla jornada de trabalho, é ela que mesmo com todos estes problemas ainda é responsável pela educação dos filhos, não tendo sequer, na ampla maioria dos países, direito a um sistema de saúde digno.
No Brasil, em um dossiê do Instituto Alan Guttmacher avaliou-se o número de abortos clandestinos feitos em 2000, chegando a apresentar um total aproximado de 1,4 milhões de abortos clandestinos realizados. São elas que morrem nos sistemas públicos de saúde como vítima de abortos mal feitos, por não terem dinheiro para realizá-los em clínicas de elite e ainda são discriminadas nos hospitais públicos nos países onde o aborto é ilegal (mesmo nos paises em que o aborto é ilegal, essas operações, em clínicas particulares, representam uma das atividades mais lucrativas dentro do sistema capitalista).
São evidentes as diferenças no que concerne a situação das mulheres em países capitalistas avançados e em países periféricos do capital, entre mulheres burguesas e trabalhadoras, no entanto em ambos os casos, a emancipação da mulher está colocada como tarefa a ser realizada e impossível de ser concebida no interior do sistema capitalista.
Em uma sociedade cindida em classes é impossível a liberdade plena e emancipação do ser humano, sobretudo da mulher. Pois esta igualdade resultaria na destruição de um regime que pressupõe, a desigualdade, a diferença social como suis generis a sua existência.
Por essas e outras razões nós do Comitê por uma Internacional Operária – CIO convidamos a todas a se engajarem na luta contra a opressão feminina somando as forças capazes de derrotar o nefasto sistema mantido pelo capital por uma alternativa socialista, justa e igualitária!