A luta em defesa da educação pública é internacional

O mundo está em crise. Após o pico da crise em 2008, propagou-se que ocorreu apenas um acidente de percurso e que a economia mundial já estava se recuperando, rumo ao patamar pré-crise. Segundo Dilma, o Brasil teria sido “o último a entrar e o primeiro a sair da crise”. No último período, uma série de resultados negativos da economia mundial fez com que se divulgasse que entramos numa nova crise econômica. Nessa nova crise, destacam-se negativamente os PIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) com graves problemas de dívida pública. Pouco se fala, porém, que essa nova crise é a continuação da crise de 2008, que teria sido superada, de acordo com o governo e a mídia.

Para combater a crise de 2008, os governos não combateram as causas, mas sim seus sintomas: Trilhões de dólares que poderiam ter acabado com a fome, provido habitação, saneamento, saúde e educação surgiram magicamente para salvar os bancos e outras empresas privadas. O ônus privado foi transferido para o estado, que desde então vem tentando transferi-lo para a população, através de cortes nos serviços sociais e ataques aos trabalhadores. Para combater os efeitos de décadas de neoliberalismo, que ampliaram as desigualdades e injustiças inerentes ao capitalismo, os organismos internacionais, governos e mídia não têm outra receita senão mais neoliberalismo!

Enquanto isso, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estariam num contexto bastante diferente, de crescimento. Um alto crescimento do PIB em 2010, e a organização dos jogos olímpicos e copa do mundo trouxeram a forte onda ufanista do “Brasil forte”. Acreditar que os BRICS podem manter os ritmos atuais de crescimento é ignorar um dos traços do capitalismo atual que mais orgulham seus senhores: a intensa globalização. A economia do Brasil cresce se desprendendo da economia americana apenas para se prender à economia chinesa, que por sua vez é inteiramente dependente dos EUA e Europa. O corte de 50 bilhões no orçamento federal, aumento da inflação, queda da bolsa e do real e desaceleração da economia mostram que os efeitos dessa crise já chegam ao Brasil.

Nesse contexto de ataques ao conjunto dos direitos sociais, cada vez mais, educadores e estudantes têm estado à frente das lutas de resistência. Na Grécia – país onde após socorrerem os bancos privados ocorrem os mais brutais ataques do governo, com demissão de servidores, reduções de salários, cortes nos serviços públicos e aumento de impostos – houve greves gerais e passeatas com 2 milhões de pessoas em junho e quase 300 universidades foram ocupadas por estudantes. No Reino Unido, meio milhão de estudantes marcharam contra a privatização da educação, corte de bolsas e aumento de tarifas. Mas é no Chile que a educação tem se destacado mais: lutando por uma educação pública e gratuita, estudantes e educadores têm ocupado universidades e escolas numa mobilização que já dura mais de 4 meses e passeatas com menos de 100 mil pessoas são consideradas pequenas.

Os ataques e lutas já acontecem no Brasil e se aprofundarão com a intensificação dos efeitos da crise econômica mundial no país. Greves ocorreram em vários estados além do Rio de Janeiro. É urgente que nos preparemos para tocar lutas unificadas da educação básica à superior, estadual e nacionalmente. São primeiros passos nesse sentido a campanha por 10% do PIB para a educação e o Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, mas a luta e a organização precisam ir além: É nossa tarefa construir um Organismo Nacional Unitário em Defesa da Educação Pública!

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