Testemunha ocular: manifestantes franceses tomam ruas contra o presidente Macron

Nas últimas semanas, a França testemunhou protestos massivos contra o presidente neoliberal Emmanuel Macron e seu governo. Cerca de 500.000 pessoas bloquearam estradas e rotatórias no sábado, 17 de novembro.

Os manifestantes usam “gilets jaunes” – coletes amarelos de alta visibilidade, uma exigência legal para os motoristas terem em seus carros na França. Eles estavam inicialmente protestando contra o aumento dos impostos sobre o diesel.

Mas os protestos organizados via mídia social rapidamente transformaram-se em uma mobilização geral contra Macron e sua agenda pró-grandes negócios.

Ao voltar de Toulouse, no sudoeste da França, no domingo, 18 de novembro, encontramos dois bloqueios. O primeiro, perto do aeroporto, paralisou as cabines de pedágio, com os manifestantes incidindo sobre o fluxo do tráfego sem pagamento. Relatórios de outros bloqueios em toda a França foram postados no Facebook.

O segundo foi em uma enorme rotatória fora de Albi, uma cidade perto de Toulouse. Quando nos aproximamos, pudemos observar que os manifestantes fecharam as faixas de tráfego. Na própria rotatória, o fluxo de tráfego era controlado por manifestantes com as jaquetas amarelas – a intervenção policial estava claramente descartada.

Volatilidade

Essas demonstrações mostram a volatilidade da situação política na França. Movimentos populares espontâneos como este estão surgindo ao lado de ações mais planejadas, como a greve dos professores, que ocorreu na segunda-feira, 12 de novembro.

No sábado, 24 de novembro, os protestos foram transferidos para os principais centros das cidades, reunindo-se em torno das prefeituras, os prédios da administração do governo. Em toda a França, os veículos formaram procissões lentas e as estradas continuaram a ser controladas pelos manifestantes.

Em Albi, uma procissão barulhenta mas pacífica de veículos pesados, motos e cerca de 300 manifestantes foi recebida pela polícia antimotim.

Os manifestantes recusaram-se a dispersar-se e removeram um veículo da polícia de seu caminho para permitir que uma escavadoreira liderasse a procissão depois da prefeitura. A polícia usou gás lacrimogêneo, mas os manifestantes permaneceram até que uma delegação foi convidada para se reunir com autoridades locais.

Outro grande dia de ação foi convocado no sábado, 1 de dezembro, desta vez pelos sindicatos, bem como pelos gilets jaunes.

Gauche Révolutionnaire – o partido irmão do Partido Socialista na França – pede que o movimento seja urgentemente construído em direção de um dia de greve geral e bloqueios. Isso precisa envolver os setores público e privado para obter o máximo de força, para impedir o aumento de impostos e novos ataques aos padrões de vida pelo “governo para os milionários” de Macron.

Mais relatórios e análises da França sobre o movimento “gilets jaunes” ou jaquetas amarelas serão publicados esta semana no site socialistworld.net.

Tradução de Víctor Varela a partir de: http://socialistworld.net/index.php/international/europe/france/10038-eyewitness-french-protesters-seize-streets-against-president-macron

Você pode gostar...