Mulheres na luta pelo socialismo

A importância da organização das mulheres está diretamente ligada com a construção de uma alternativa de esquerda. Vivemos um momento muito importante de reorganização da esquerda no mundo todo. No Brasil, nós do Socialismo Revolucionário estamos na construção do Partido Socialismo e Liberdade.

Colocamos em cena não só a luta contra a exploração do homem pelo homem, como também, em tema, a opressão vivida especificamente pelas mulheres. Nesse sentido é importante ressaltar o duplo caráter de opressão/exploração que sofrem as mulheres trabalhadoras.

Além do trabalho não remunerado que executam nas tarefas familiares, – como o serviço doméstico, a criação dos filhos e a manutenção da família – são muito mais sugadas pelo sistema na medida em que trabalham o mesmo que os homens e ganham muito menos sendo vítimas de todos os tipos de violências.

O trabalho não remunerado, ou mesmo a escravidão de mulheres pelo mundo todo, são fontes de sustento do sistema capitalista. Um dado da ONU revela que 70% do trabalho no mundo é feito por mãos femininas, mas as mulheres recebem apenas 10% do valor do salário mundial e possuem só 1% da riqueza mundial.

O processo chamado “feminização do trabalho” dá conta de reforçar o uso das especificidades femininas para melhor explorar e retirar mais lucros, como também é a nova ferramenta do neoliberalismo para nivelar todos os trabalhadores com baixos salários.

A Apeoesp registrou que no estado de Pernambuco as professoras e professores ganham R$ 0,98 por hora aula isso revela que essa profissão que é majoritariamente feminina é plenamente desvalorizada e isso ocorre para toda a categoria.
Violência

A falta de independência econômica já é a primeira grande violência contra a mulher. Ela é tida como importante para os meios de produção e reprodução do capitalismo e ao mesmo tempo desprestigiada, ao receber salários menores que o dos homens.

Essa condição coloca muitas mulheres pobres na situação de manter-se com um marido mesmo sofrendo violência física. No Brasil 2,3 milhões de mulheres são espancadas por ano, uma a cada quinze segundos, de acordo com a Fundação Perseu Abramo.

No que tem a ver com a saúde da mulher também é notável que está colocada a problemática da violência, pois muitas mulheres morrem por tentar abortos clandestinos e mesmo a falta de assistência nos hospitais públicos.

Por tanto, o aborto só não é legalizado para as mulheres que não tem dinheiro, assim deve ser bandeira do movimento a legalização do aborto não só por essa contradição do sistema, mas também pelo direito da mulher decidir sobre o seu próprio corpo.

O direito a educação para a mulher

No que tem a ver com a educação, dados atuais mostram que hoje há mais meninas fora da escola no Brasil do que meninos cerca de 56%. De acordo com a pesquisa da UNESCO, que foi realizada com mais de 10 mil jovens nos 26 Estados do país, apontou que as meninas deixam mais a escola do que os meninos na faixa etária dos 15 a 17 anos.

As três principais causas para o afastamento prematuro da escola são: necessidade de trabalhar, gravidez não-planejada e dificuldades de aprendizado. Esses números foram tirados de um jornal burguês imaginemos o que não está contabilizado!

E para aquelas que rompem essa barreira, da impossibilidade de estudar, e passam pelo crivo do vestibular dão de cara com as reformas neoliberais como é o caso da reforma universitária.

Essa reforma além de todo o caráter privatista e de compra de vagas nas “uniesquinas”, não traz nenhuma medida que mantenha as mulheres estudando, como auxilio moradia, moradia estudantil, creche para as estudantes mães, bolsa de estudo, trabalho e alimentação.

E nesse sentido só teremos condições de transformar tal situação com a luta conjunta por nossas reivindicações. Assim, estaremos no Encontro Nacional de Estudantes da UNE, o qual já sabemos que terá uma política além de excludente, governista e sem críticas ao sistema.

O programa de mulheres do P-SOL

O P-Sol vem se construindo como uma alternativa à traição do PT e do governo Lula, isso nos dá a possibilidade de elaborar as políticas necessárias para uma real atuação das trabalhadoras e estudantes.

Portanto é fundamental a construção de um programa que unifique as especificidades dos problemas das mulheres com a exploração de classe, de modo que o debate não gire exclusivamente nas demandas individuais e elabore-se as políticas de luta coletiva para todas e todos para que cheguemos num mundo socialista onde possa existir a igualdade entre gênero.
Encontro de mulheres do P-Sol

Defendemos que o Encontro Nacional de Mulheres do P-Sol, que ocorrerá próximo do 1º Congresso do partido em Novembro, construa uma proposta de programa que possibilite a real luta das mulheres conjuntamente com essa nova ferramenta para os trabalhadores – o P-SOL.

* pela auto-organização das mulheres;

* lutar contra as reformas neoliberais

* por uma campanha nacional pela legalização do aborto e em favor da saúde da mulher.