Professora assassinada em Embu-SP – Segurança para os ricos, descaso e repressão para as periferias

A professora estacionava seu carro em frente à escola, isso por volta das seis e meia da manhã, quando um veículo que se encontrava parado do lado oposto, abre a porta e de lá sai um jovem, por volta de 27 anos, saca uma arma e dispara 4 tiros a queima-roupa na professora.

Professores, alunos e pais que estavam próximos entraram em desespero, correndo, gritando ou paralisados diante da situação. Levada às pressas ao hospital mais próximo, ela não resistiu e faleceu antes mesmo de ser socorrida pelos médicos.

Esses foram os últimos minutos da professora Joyce Domingues, coordenadora da EMEF Paulo Freire, localizada no município de Embu, que voltava a trabalhar depois seis meses, pois gozava de licença gestante.

Infelizmente, o caso da professora Joyce não é uma exceção na região de Taboão da Serra. Desde o início do ano, alunas foram raptadas e estupradas; houve tentativas de estupro de professoras; seqüestro de professores; assaltos e ameaças de agressão e morte. Todos os casos ocorreram dentro ou na porta das escolas.

O clima de medo e insegurança faz crescer ainda mais o adoecimento dos professores que são obrigados a se afastarem do trabalho por depressão, síndrome do pânico ou mesmo a abandonarem a carreira do magistério.

Prefeitura do Embu reprime educadores

No dia em que a professora Joyce foi assassinada, tanto a prefeitura como a secretária de educação do município de Embu, não chamaram um dia de luto e sequer soltaram uma nota comentando o ocorrido.

Não houve nenhuma assistência aos funcionários da escola, assim como nenhuma ação no sentido de exigir das autoridades policiais celeridade nas investigações e punição aos envolvidos no crime da professora Joyce.

Por incrível que possa parecer, a postura do governo municipal foi de intensificar a repressão contra os professores nas escolas.

Isso ficou nítido no ato convocado pela APEOESP de Taboão da Serra, em 28/03, para lembrar os 30 dias do assassinato da professora Joyce.

O ato tinha como única finalidade o fim da violência nas escolas e a punição dos envolvidos no crime. Mas, na véspera do ato, todo staff do governo entrou em ação ameaçando os professores que por ventura comparecessem na manifestação. Na escola da professora Joyce, por exemplo, os funcionários e professores trabalharam normalmente como se nada tivesse acontecido.

Alguns professores que mesmo com o intenso assédio moral sofrido, marcaram presença no ato, denunciaram a “violência” moral e as ameaças enfrentas pelos profissionais da educação no município.

Violência, assédio moral e falta de democracia

Na verdade, a preocupação da administração municipal era que o ato se voltasse contra a prefeitura e comprometesse as próximas eleições.

Esse incidente aponta para o fato de que devemos combater a violência social impregnada nas escolas públicas, mas também é necessário combater o assédio moral; a falta de democracia e o desrespeito aos educadores.

Enquanto professores, alunos e a comunidades de escolas da periferia se tornaram reféns da violência endêmica estabelecida, o governo estadual reforça a segurança nos bairros mais ricos da cidade.  

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