XXIII Congresso Estadual da Apeoesp: Aprovar um plano de lutas e defender a democracia interna
A Apeoesp nesses últimos anos deixou a desejar quanto à sua atuação sindical. Foi aos poucos abandonando a luta contra os governos e se burocratizando de tal forma que mesmo com os ataques imensos que a categoria vem sofrendo nesse período, o sindicato não conseguiu se contrapor e sofremos imensas derrotas e perdemos direitos conquistados ao longo dos anos/décadas. Uma verdadeira humilhação.
A categoria está estraçalhada, descontente, doente e endividada. Somos culpabilizados pelo governo estadual do fracasso da educação, não temos estímulo algum e muito menos valorização profissional. O sindicato diante desse caos na educação não consegue implementar uma política de enfrentamento, que possa barrar esses ataques e conquistar novos benefícios aos professores.
Cabe aqui um questionamento: o que leva um sindicato com tantos filiados a se curvar diante das políticas dos governos estadual e federal? Um dos maiores problemas, talvez, seja o grau de atrelamento com o governo federal.
Quando Lula chegou ao poder, ele conseguiu frear boa parte dos movimentos sindicais e populares. Usou de seu prestígio, influência, mordomias para as cúpulas dos sindicatos e distribuição de cargos no segundo e terceiro escalão do governo e assim controlou de forma tranquila, sem ser incomodado, a maioria dos sindicatos.
Com isso, implementou em 2003 a reforma da previdência. A sua pupila eleita presidente, Dilma, pretende no próximo ano, realizar uma nova reforma da previdência e aprofundar esse ataque aos trabalhadores.
Na esfera estadual, acaba não sendo diferente. As políticas para a educação de Serra e Lula acabaram sendo as mesmas e com isso o Governo Estadual aproveita e tratora a categoria. O sindicato com o seu atrelamento ao Governo Federal não responde a altura e acumulamos derrotas e mais derrotas.
A nossa greve do primeiro semestre mostrou um pouco o que a Articulação Sindical, direção majoritária da Apeoesp, fez nesse período do Governo Lula.
Acabou vacilando novamente, a única lógica que eles enxergavam parecia ser a lógica das eleições e nada mais. Desgastar Serra para tentar emplacar Dilma.
Não mediram esforços para tal finalidade e quando se deram por satisfeitos abandonaram a categoria e a nossa greve naufragou mais uma vez, uma derrota que trará consequências imensas e péssimas para a nossa categoria em 2011.
Outra coisa que preocupa para esse próximo período é o ataque a democracia interna do sindicato.
O setor majoritário da Apeoesp quer implementar uma linha de ataques aos setores de oposição através de alterações no estatuto.
Colocaram na em sua tese ao XXIII Congresso da Apeoesp, medidas que visam acabar com a autonomia das subsedes.
A direção majoritária da Apeoesp vem adotando as mesmas medidas que os governos autoritários tomam contra nós.
Um exemplo disso, aconteceu no último Conselho Estadual de Representantes (CER), realizado no dia 22 de outubro de 2010. Uma reunião esvaziada onde a preocupação central da Articulação Sindical foi o de apenas aprovar o regimento do Congresso.
Foi colocado já no regimento, que a tese majoritária do congresso, chamada de tese guia, trará modificações estatutárias e não tendo tempo em plenário para debatê-las serão consideradas automaticamente aprovadas.
Algumas das medidas que fazem parte da tese defendida pela direção majoritária da Apeoesp são: assembleias gerais da categoria em locais fechados, somente para professores filiados e com a apresentação de holerites, eleições apenas a cada três anos para os conselheiros estaduais e regionais, entre outras.
Claramente não tinham nenhuma preocupação com os rumos da nossa categoria. Não estavam preocupados com o nosso piso salarial, com as condições de trabalho dos professores, com a jornada estafante, com a resolução de atribuição de aulas para o ano letivo de 2011, com a prova para os professores ACTs, com a escolinha e avaliação novamente para que os professores possam assumir os seus cargos na rede estadual. Não estavam preocupados em desmascarar o Governo Estadual.
Por esse motivo, é tarefa dos professores (as) que participarão do XXII Congresso Estadual da Apeoesp, barrar estas medidas que atacam a democracia interna do sindicato e aprovar um calendário de lutas contra os ataques de Goldman e Alckmin.