Nem Serra, Dilma ou Marina – por uma verdadeira alternativa dos trabalhadores

Uma campanha socialista a serviço das lutas

O que os trabalhadores têm a esperar das principais candidaturas nessas eleições? Mais do mesmo. Dilma e Serra representam o mesmo projeto político, com as mesmas prioridades. A própria Marina Silva expressa isso, quando em entrevistas diz que reivindica a continuidade da política econômica desde FHC até Lula, ao mesmo tempo em que ela mostra que, com ela, também nada mudaria.

Nada mostra de forma mais clara as prioridades dos governos do que a questão da dívida pública.

Segundo dados apresentados na CPI da dívida pública (formada a partir de proposta de Ivan Valente do PSOL), durante o governo Lula foram gastos R$ 1,7 trilhões com juros e amortizações da dívida pública. Mesmo pagando todo esse montante, a dívida pública só aumenta e hoje já ultrapassa os R$ 2 trilhões.

Só em 2009 foram gastos R$ 380 bilhões com juros e amortizações da dívida: 36% do orçamento federal, sendo que somente 3% foram para educação e menos de 5% para saúde. Através da chamada DRU (Desvinculação das Receitas da União), o governo Lula corta os gastos sociais para garantir a meta de superávit primário, ou seja, para pagar aos especuladores e ricos que são credores da dívida pública.

Esse é só um exemplo que mostra como as prioridades do governo Lula não foram diferentes das do governo FHC. Quem ganhou de verdade com a política desses governos foram os bancos, grandes empresas e o agronegócio.

Os dois mandatos do governo Lula foi o período em que os bancos e grandes empresas mais lucraram na história do país. Ao mesmo tempo, o mensalão revelou que o governo do PT está tão envolvido com a corrupção como os governos anteriores.

Mal chegou ao poder e Lula lançou a reforma da previdência, dando continuidade aos ataques do FHC. Faz pouco tempo desde que Lula vetou o projeto que abolia o fator previdenciário.

Quando a crise, que segundo Lula e Mantega não iria atingir o país, estourou no segundo semestre de 2008, o governo rapidamente disponibilizou centenas de bilhões para salvar o sistema financeiro e as grandes empresas, enquanto centenas de milhares de trabalhadores perdiam seus empregos. O governo Serra fez o mesmo em São Paulo.

Projetos bilionários como a usina do Belo Monte e a transposição do Rio São Francisco favorecem as empreiteiras, as grandes empresas e o agronegócio, enquanto índios, ribeirinhos e pobres sofrem sem ajuda do governo. Já em São Paulo, o Parque Linear do Tietê, um projeto do Serra a favor da especulação imobiliária, expulsa 25 mil famílias de sua moradia, muita vezes precária, enquanto nenhum rico ou empresa precisa se mudar.

Mesmo quando Lula falava de reforma agrária e vestia o boné do MST, as decisões eram em prol do agronegócio, como a liberação dos transgênicos, a transposição do rio São Francisco e agora o código florestal que deixa quem desmata impúne.

O governo Lula também tentou manter uma postura radical na questão das opressões. Mas nas questões mais polêmicas como o direito da mulher de decidir por um aborto seguro, ou direitos iguais para casais homossexuais, o governo sempre recua diante as forças conservadoras. O governo criou a Lei Maria da Penha, que deveria facilitar o combate à violência contra a mulher, mas ao mesmo tempo, cortou as verbas que poderiam garantir a implementação de políticas públicas para amparar mulheres que sofrem agressões.

Apesar de ter feito menos privatizações diretas, Lula continuou a política de favorecer os interesses privados com dinheiro público: com as PPPs (Parcerias público-privadas), onde o Estado paga e o setor privado lucra, ou o PROUNI, onde o governo garante vaga para jovens pobres em universidades privadas isentando estas de impostos, ao invés de investir na universidade pública.

Mesmo que esta crise não tenha atingido o Brasil em cheio, é totalmente falsa a idéia de que o país agora está blindado contra as crises capitalistas. Como trata-se do mesmo sistema, aqui e nos outros países, em breve os trabalhadores brasileiros vão ser forçados a lutar como os trabalhadores gregos, espanhóis, portugueses etc. estão lutando agora, contra as tentativas de fazer com que os trabalhadores paguem pela crise das grandes empresas, do sistema financeiro, dos especuladores e do seu sistema. Já há vários sinais de que a fraca recuperação econômica internacional pode estar chegando ao fim.

O próximo governo, seja ele encabeçado por Dilma ou Serra, terá que investir contra os trabalhadores para tentar garantir os interesses do grande capital.

Os constantes ataques aos movimentos sociais e aos trabalhadores mostram que os governos se preparam para uma situação econômica mais difícil, quando vão tentar tomar de volta as migalhas e concessões que fizeram quando a economia cresceu. Por isso atacam aqueles que lutam.

Ambos os governos federal de Lula e estadual de Serra têm tido uma postura truculenta contra os trabalhadores que lutam por aumento de salário e melhores condições de trabalho. Greves são reprimidas violentamente pela polícia – quando não são simplesmente proibidas – e sindicatos combativos são multados por exercer seus direitos democráticos. Recentemente, foi votado o projeto que congela os salários dos servidores federais por 10 anos.

Governar para a maioria do povo brasileiro implica romper com o capital financeiro e garantir o controle dos trabalhadores sobre os setores estratégicos da economia. Essa política, defendida e implementada em unidade com os trabalhadores e povos oprimidos de toda a América Latina, colocaria o socialismo na ordem do dia como única alternativa real ao neoliberalismo falido.

Plínio presidente com um programa socialista!

A candidatura de Plínio pelo PSOL deve defender a imediata suspensão do pagamento da dívida pública e uma auditoria com controle dos trabalhadores, junto com a estatização do sistema financeiro com controle dos trabalhadores, como bandeiras centrais.

Só assim podemos começar a implementar um programa de verdadeiras melhorias para o povo trabalhador, de forma sustentável.

Só assim se pode começar a reverter as prioridades econômicas e começar a transformar a sociedade, de uma sociedade onde o lucro é que decide, para uma sociedade socialista, onde o que se produz e sua distribuição é decidido de forma democrática, em prol das necessidades do povo e em harmonia com o meio ambiente.

O que defendemos:

1. Reforma agrária e urbana que rompa com a lógica privatista do mercado!

2. Salário digno e emprego para todos. Redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Contra a flexibilização dos direitos trabalhistas, como terceirizações, banco de horas, etc.

3. Contra a criminalização dos movimentos sociais e pelo direito do exercício de greve!

4. Em defesa da educação e saúde pública, com recursos e controle democrático!

5. Contra todas as formas de opressão de gênero, racial, homofóbica, etc!

6. Oposição de esquerda ao governo Lula / Dilma e ao governo Serra / Goldman!

7. Construir a unidade da esquerda nas eleições e nas lutas!

8. Por uma alternativa socialista para o Brasil e a América Latina! Romper com a ditadura do mercado. Não-pagamento das dívidas públicas, controle do fluxo de capital e estatização dos bancos e do setor financeiro sob controle dos trabalhadores.

9. Mandatos controlados pela base e deputados trabalhadores com salário de trabalhador! Por mandatos a serviço das lutas!

Uma campanha a serviço das lutas

Nossa tarefa nas eleições é defender os interesses dos trabalhadores e mostrar uma alternativa socialista a esse sistema falido. É importante fazer o embate político, desmascarar os políticos e seu sistema corrupto, e eleger porta-vozes da nossa luta. Mas nossa campanha eleitoral tem que ser a serviço das lutas dos movimentos, já que somente a força da luta da classe trabalhadora pode trazer uma verdadeira mudança. As eleições em si mesmas são um jogo de cartas marcadas, no qual o dinheiro manda.

A campanha se dá num momento difícil para a esquerda socialista, que não se vendeu e não se rendeu. Entramos na campanha com 3 candidaturas ao invés de reeditar a Frente de Esquerda como em 2006, quando o PSOL, PSTU e PCB estavam unidos na mesma campanha. A luta para recompor a unidade nas eleições e nas lutas é uma tarefa importante. Precisamos também concluir a construção da Central Sindical e Popular unitária, para termos uma ferramenta de lutas forte para os sindicatos e movimentos sociais.

Construir a unidade da classe trabalhadora significa também uma luta implacável contra toda a forma de opressão, seja de gênero, raça, homofóbica ou étnica, que a classe dominante usa para dividir a nossa classe e potencializar a exploração.

O PSOL tem sido, desde sua fundação em 2004, uma expressão da necessidade de recompor a esquerda, tirando lições do fracasso e traição do PT, que se tornou um partido do poder, ao invés de um partido de luta para a transformação social.

Nós, da Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), participamos do PSOL desde sua fundação lutando para que o partido não caísse na mesma linha eleitoralista que o PT, que começou a priorizar a disputa por cargos ao invés da construção da luta. Por isso defendemos uma campanha eleitoral e mandatos democráticos controlados pela base. Defendemos que nossos representantes eleitos devem viver com salário de trabalhador, destinando o resto do salário às lutas da classe trabalhadora. O alto salário dos parlamentares é uma armadilha para transformar os trabalhadores que conseguem se eleger em pessoas que vivem e pensam como patrões.

A campanha eleitoral é um momento para mostrar e construir uma alternativa coerente, em defesa do socialismo. Faça parte dessa luta!

Ajude na campanha, participe desta luta:

A campanha das nossas candidaturas e do PSOL será uma campanha militante. Sem os milhões de reais de Dilma e Serra, sem caixa dois e rabo preso com empreiteiras, empresas de transporte ou coleta de lixo.

A nossa campanha dependerá da atuação consciente de milhares de jovens e trabalhadores que atuarão voluntariamente para defender uma causa justa.

Se você está disposto a entrar nessa luta do lado certo, junte-se a nós e ajude a reconstruir uma alternativa de esquerda e socialista para o Brasil. Abaixo, algumas propostas de como você pode ajudar nessa campanha:

• Organize uma reunião com amigos, vizinhos ou colegas de estudo ou trabalho e transforme esse grupo num Comitê de apoio aos candidatos do PSOL.

• Peça panfletos da nossa campanha para distribuir no seu bairro, local de estudo ou trabalho.

• Adquira um banner da campanha para contribuir financeiramente e decorar sua casa.

• Faça uma doação financeira consciente às campanhas do PSOL e ajude a garantir a independência política e financeira do partido.

• Participe das atividades gerais da campanha, junte-se aos demais companheiros e companheiras e ajude a interferir nos rumos da campanha.

Como já dizia Marx e Engels, a emancipação da classe trabalhadora deve ser obra dos próprios trabalhadores. Por isso queremos mais do que seu voto. O que vai definir seu futuro não é simplesmente em quem você vota, mas o que você faz nos 729 dias entre as eleições.

• Participe na construção da LSR e do PSOL na região onde você mora ou no setor onde atua.

O que é a LSR?

A Liberdade, Socialismo e Revolução foi fundada em 2009, com a fusão do Socialismo Revolucionário e o Coletivo Liberdade Socialista, duas correntes que participaram desde a fundação do PSOL.

A LSR é a seção brasileira do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores, uma organização socialista que junta lutadores em mais de 40 países, em todos os continentes. Nossos militantes fazem parte da luta dos trabalhadores na Bolívia, Venezuela, Estados Unidos, Nigéria, África do Sul, Grécia, França, Rússia, Índia, Sri Lanka, Hong Kong, Austrália… contra a exploração capitalista e os ataques dos governos e patrões, contra o imperialismo, contra o racismo, contra as opressões e pela unidade em luta da classe trabalhadora.

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Entre em contato com a LSR!
telefone: (11) 3104-1152
e-mail: lsr@lsr-cit.org
 

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