Semeando as ideias socialistas em todo o globo
Crise capitalista leva à renovação do interesse pelas ideias e campanhas socialistas do CIT
A sessão final da muito bem sucedida escola de verão do CIT na Bélgica, realizada nos dias 11-16 de julho, com mais de 400 presentes, discutiu a construção das seções do CIT em um período de crise política e econômica global.
A sessão começou com uma videomontagem de movimentos de protesto recentes, em todos os continentes, nos quais o CIT ou era o organizador ou tinha participantes ativos. Niall Mulholland, do Secretariado Internacional do CIT, introduziu a discussão, resumindo as experiências das várias seções do CIT ao longo do último ano, os avanços mas também os desafios enfrentados.
A maioria das seções do CIT registrou crescimento em seus números no último ano. Apesar da escala da crise e da clara necessidade de uma alternativa política para os trabalhadores, Niall pontuou que seria um erro fazer uma ligação automática entre o início de uma recessão e a classe trabalhadora e a juventude respondendo a ela tirando imediatamente conclusões socialistas radicais. A consciência política em geral tende a marcar passo em relação aos eventos. O último período de ideologia neoliberal dominante, os obstáculos práticos de uma direção sindical de direita e a ausência de uma alternativa política de esquerda de massas – tudo serve para dificultar uma resposta ativa mais militante dos trabalhadores e jovens. Dito isso, os eventos estão claramente empurrando muitos jovens e trabalhadores para a oposição a esse sistema e existe uma camada cada vez mais radicalizada que busca as ideias do socialismo e do CIT.
Todas as seções do CIT experimentaram um surto no ritmo de atividades nos últimos meses, já que não faltam questões para fazer campanhas e lutar. O último ano também viu uma atividade renovada do CIT em lugares como Espanha, Portugal e Taiwan. A ControCorrente (Contra Corrente) na Itália também se tornou parte do CIT. O Mouvement pour le Parti Socialiste (Movimento pelo Partido Socialista) está lutando para construir o CIT no Quebec.
Niall prestou particular atenção ao desenvolvimento do CIT fora da Europa, no ultimo ano. O CIT é ativo em países tão variados como Malásia e Bolívia. No Brasil, a seção do CIT se fundiu com outro grupo de esquerda para formar a Liberdade, Socialismo e Revolução. Discussões e colaboração com outros grupos de esquerda ocorrem em vários países, incluindo a Turquia.
Niall reportou que em partes do mundo, como Sri Lanka e Nigéria, a situação atual dos socialistas é muito difícil devido a guerras, opressão nacional, extremos generalizados de pobreza e a baixa das lutas de massas. As seções do CIT no Sri Lanka, o United Socialist Party (Partido Socialista Unido), e Nigéria, o Democratic Socialist Movement (Movimento Socialista Democrático), conseguiram manter suas forças, construídas ao longo dos anos, e desenvolvendo suas políticas e programa – o que as coloca em boa posição para um maior crescimento em condições mais favoráveis que se desenvolverão.
Um dos melhores desenvolvimentos foi o do CIT no Paquistão, o Socialist Movement Pakistan (Movimento Socialista Paquistão), que recentemente realizou uma escola nacional de quadros com 100 participantes. Dadas a pavorosa pobreza e a estrutura pobre do Paquistão, construir uma organização socialista é não menos uma façanha logística. Essa seção também tem visto a federação sindical que lançou, a Federação de Trabalhadores Progressistas do Paquistão, crescer para 500 mil membros
Niall tocou nas várias áreas de trabalho que as seções europeias do CIT se engajaram, as quais foram detalhadas depois na discussão. O papel prático que uma organização internacional como o CIT pode jogar foi demonstrado pela semana de ações de solidariedade e protesto iniciada pelo deputado do Parlamento Europeu Joe Higgins, e apoiada pelos eurodeputados do Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) em junho, em resposta aos ataques de austeridade sobre a classe trabalhadora grega. Isso resultou em seções do CIT, junto com outros partidos de esquerda, organizando protestos, piquetes e comícios em toda a Europa.
Com o crescimento numérico das seções do CIT vem o desafio de expandir e desenvolver política e organizativamente camaradas experientes para participar e liderar lutas em suas comunidades, locais de trabalho ou escolas.
Na discussão que se seguiu, o camarada Brett dos EUA relatou uma série de intervenções que a Socialist Alternative (Alternativa Socialista, CIT dos EUA) fez em lutas recentes, que incluem uma greve de enfermeiras na Filadélfia, o movimento antiguerra que está lutando contra o aumento de tropas de Obama no Afeganistão e o Grassroots Education Movement (Movimento de Educação pela Base), que foi criado contra a privatização do setor.
Christel da ControCorrente (Contra Corrente, CIT da Itália) relatou sobre o trabalho com trabalhadores dos correios que combatem a privatização. Por iniciativa de um jovem camarada na pequena cidade de Abruzzo, um protesto contra a extrema-direitista Forza Novo foi organizado.
Gary relatou sobre o trabalho do Socialist Party (Partido Socialista) na Irlanda do Norte, onde o problema crônico do sectarismo (entre protestantes e católicos) complica de forma significativa o trabalho dos camaradas. Não obstante, os efeitos dos cortes nos gastos sociais estão sendo sentidos e o partido iniciou recentemente um protesto vitorioso em Belfast, com o apoio de vários sindicatos. Esse tipo de trabalho criou a base para novos núcleos do PS.
Kyriakos da Xekenima (CIT da Grécia) descreveu o trabalho dos camaradas como parte da aliança de esquerda Syriza, e também nosso outro trabalho, especialmente entre os jovens. A Xekenima passou por um período de rápido crescimento nos anos recentes e agora está fazendo novos esforços para formar mais quadros.
Greg do Socialist Party (Partido Socialista, CIT da Inglaterra e País de Gales) forneceu dados que mostram o aumento de novas pessoas que se uniram ao partido nos meses recentes, o que tem sido especialmente perceptível entre sindicalistas. Um novo influxo permitiu que o partido recriasse filiais em várias cidades. O evento Socialism 2010 em novembro é um foco central para o partido nos próximos meses, assim como todas as campanhas anti-cortes nos sindicatos e comunidades locais.
Ioshe, do Tnu’at Maavak Sotzyalisti/Harakat Nidal Eshteraki (Movimento de Luta Socialista, CIT de Israel), relatou sobre a participação de membros do CIT no movimento de protesto em resposta ao ataque das forças armadas israelenses à frota de ajuda a Gaza, assim como nos protestos contra os assentamentos na Cisjordânia. Os camaradas também ganharam novos apoiadores após sua participação no trabalho pelos direitos LGBT em Israel.
Vishwa, da New Socialist Alternative (Nova Alternativa Socialista, CIT na Índia), falou do trabalho dos camaradas contra as atividades das companhias mineradoras que ganharam do governo os recursos naturais da Índia, e que extraem lucros da enorme exploração dos trabalhadores e do meio ambiente. O livro popular do CIT, Marxismo no Mundo de Hoje, agora foi traduzido para sua quarta língua na Índia, dando às idéias socialistas um perfil ainda maior no subcontinente.
Alex da Gauche Revolutionaire (Esquerda Revolucionária, CIT na França) descreveu como o CIT francês participa do amplo Nouvelle Parti Anticapitaliste (Novo Partido Anticapitalista, NPA), onde os camaradas lutam para que adote um programa socialista. O CIT na França também está conduzindo um trabalho antirracista e lutando pelos direitos dos estudantes nos colégios.
Bart do Linkse Socialistiche Partij/Parti Socialist de Lutte (Partido Socialista de Esquerda/Partido Socialista de Luta, CIT da Bélgica) descreveu como a seção do CIT está desenvolvendo a educação socialista de seus membros após um período de significativo crescimento do partido. Embora não tenha havido lutas generalizadas na Bélgica por um período, tem havido importantes movimentos de jovens e lutas sindicais locais para as quais os apoiadores do CIT deram apoio.
Resumindo a Escola de Verão 2010 do CIT, Tony Saunois do Secretariado Internacional enfatizou que essa era a maior escola do CIT em mais de 20 anos, o que é outro indicativo do progresso feito pelo CIT no ultimo ano. Com o crescimento vem o desafio de formar quadros – o que pode ser enormemente acelerado no contexto de crise econômica e pelo aumento do ritmo da luta de classes, onde os novos apoiadores do CIT podem adquirir rapidamente, num tempo relativamente curto, uma experiência vital.
Tony enfatizou que o Confederação Europeia de Sindicatos está chamando uma ação europeia para 29 de setembro contra os cortes sociais e pacotes de austeridade. Também nessa data ocorre uma greve geral na Espanha. O CIT em toda a Europa participará das greves e manifestações neste dia e tomará iniciativas onde for possível.
A Escola do CIT terminou com a Internacional sendo cantada em uma dúzia de línguas, enquanto os participantes se preparavam para as lutas à frente.