Solidariedade contra a repressão na China & Hong Kong • Libertem Leung Kwok-hung, o “Cabeludo”!
China/Hong Kong: a ASI lança nova campanha
Desde as lutas de massas de Hong Kong em 2019, a situação mudou completamente. A ditadura de Xi Jinping e o mal chamado Partido Comunista Chinês (PCC) respondeu com uma repressão maciça e sem precedentes de direitos democráticos com o objetivo de esmagar o movimento e impedir quaisquer lutas de massas futuras em Hong Kong e na China.
A partir dos ataques aos direitos democráticos em Hong Kong e com a crescente repressão na China, a ASI está lançando a campanha Solidariedade Contra a Repressão na China e em Hong Kong. O objetivo desta campanha é conscientizar sobre o que realmente está acontecendo na China e em Hong Kong para mobilizar a solidariedade das pessoas comuns, de trabalhadores e da juventude.
Esta campanha se diferencia em aspectos importantes de várias iniciativas de solidariedade já existentes. A ASI tem camaradas, companheiros socialistas, na China e em Hong Kong. Eles são diretamente ameaçados e afetados pela repressão, tornando a luta muito concreta.
Nossa campanha de solidariedade se concentrará na situação enfrentada pelos setores oprimidos na China e em Hong Kong: trabalhadores, jovens, mulheres e minorias étnicas. Nos distanciamos de todas as iniciativas lançadas por vários governos e grupos empresariais que seguem sua agenda própria. Eles não podem falar pelos oprimidos e não são confiáveis quando questões como direitos democráticos e direitos de trabalhadores estão em jogo. Isto é especialmente importante na era da nova Guerra Fria entre os governos dos Estados Unidos e da China, na qual ambos os lados tentam manipular a opinião pública global como parte de uma luta imperialista por poder.
Os objetivos da campanha são informar, intervir e organizar a solidariedade. Solidariedade em termos práticos e imediatos significa mostrar apoio às vítimas da repressão estatal e difundir o máximo possível informações sobre os casos. A campanha espera elevar a consciência no movimento sindical e de trabalhadores em todo o mundo, propondo resoluções, fazendo vídeos e compartilhando fotos de atividades de apoio aos direitos de trabalhadores e aos direitos democráticos na China e em Hong Kong.
Estudantes e protestos
Enquanto muitas manifestações foram interrompidas devido à pandemia do coronavírus, a campanha de Solidariedade Contra a Repressão na China e Hong Kong pode preparar intervenções em piquetes, vigílias de protesto e reuniões onde e quando o tópico dos direitos políticos na China e Hong Kong aparecer.
Em universidades do mundo inteiro estão matriculados quase um milhão de estudantes da China e Hong Kong e nelas a campanha pode encontrar um público importante. Estudantes e migrantes chineses e asiáticos enfrentam um risco maior de ataques racistas nos países ocidentais porque políticos como Donald Trump brincam com o jogo de culpabilização racista na pandemia. A retórica de Guerra Fria não vem apenas dos governos ocidentais, mas existe também na propaganda nacionalista e chauvinista do “lobo guerreiro” do regime chinês. O PCC organiza grupos de estudantes nacionalistas em universidades estrangeiras, tanto para difundir propaganda nacionalista quanto para monitorar qualquer sentimento de oposição entre os estudantes chineses. Isto torna mais difícil para os estudantes que são críticos do regime expressarem seus pontos de vista. Portanto, as campanhas de solidariedade nos campi precisam vincular as questões da repressão estatal e dos direitos democráticos às iniciativas e lutas conjuntas antirracistas.
Nos próximos meses, a Solidariedade Contra a Repressão na China e Hong Kong espera coordenar junto com as seções da ASI uma série de reuniões on-line em diferentes partes do mundo e em vários idiomas. A campanha está produzindo um kit com panfletos, modelos de resolução sindical e outras ferramentas de campanha para construir ações de solidariedade.
Liberte Leung Kwok-hung, o “Cabeludo”
Uma parte crucial deste trabalho de solidariedade é destacar o caso do ex-parlamentar de Hong Kong, Leung Kwok-hung, que foi preso. Junto com mais de quarenta candidatos ao, atualmente dissolvido, Conselho Legislativo (Legco) da cidade, ele está preso e, pela lei de segurança nacional da ditadura, é acusado de subversão, violação para a qual a pena máxima é a prisão perpétua.
Exigimos a libertação de todos os presos políticos em Hong Kong, apesar de não concordarmos com as ideias políticas da maior parte deles, o processo contra eles é uma farsa. Alguns dos acusados desempenharam apenas um papel secundário na luta de massas e os jovens manifestantes eram muito céticos em relação à abordagem conciliadora adotada por alguns daqueles líderes políticos. Estas diferenças políticas não influenciam nossa defesa da libertação imediata dos acusados.
Queremos destacar o caso do “Cabeludo” como uma das mais famosas figuras de oposição em Hong Kong, pois ele é o único representante de esquerda dentre os líderes mais proeminentes do movimento democrático. O “Cabeludo” tem apoiado ativamente causas de trabalhadores, mulheres, direitos de pessoas LGBTQ e direitos de refugiados na China e em Hong Kong, além de se opor ao imperialismo estadunidense. É revoltante quando algumas “esquerdas” de internet que são de outros países caracterizam os protestos de massas em Hong Kong como uma “revolução colorida” apoiada pelos EUA (usando argumentos semelhantes para pensar Mianmar e Xinjiang) e apoiam a repressão brutal que está ocorrendo agora.
Ativistas apoiando a campanha também podem fazer cartazes ou faixas de papel ou plástico com o slogan “Liberdade aos presos políticos em Hong Kong” e exibir em espaços públicos para, então, pedir que pessoas assinem e escrevam pequenas saudações. Os cartazes ou faixas podem ser usados em mensagens fotográficas, as quais serão enviadas, por meio de nossa Campanha, ao “Cabeludo” e outros prisioneiros.
O contexto
Em junho de 2020, o ditador chinês Xi Jinping impôs uma lei de segurança nacional sobre Hong Kong com sanções draconianas. As acusações de “subversão” e “separatismo” podem ser punidas com prisão perpétua ou extradição para a China continental, onde ainda se aplica a pena de morte para tais delitos.
O objetivo desta repressão é aniquilar a luta de massas pela democracia em Hong Kong e eliminar os direitos democráticos duramente conquistados: liberdade de expressão, liberdade de reunião, direito de formar partidos políticos e de se candidatar em eleições, direitos sindicais, inclusive o direito à greve. Todas estas coisas são proibidas na China. Hong Kong era uma exceção que Xi busca eliminar. Dois líderes sindicais de Hong Kong estão entre os detidos e acusados de subversão.
No Congresso Nacional Popular da China (CNP) de março de 2021, a ditadura impôs novas regras eleitorais a Hong Kong. Estas regras substituem o Legco que era parcialmente eleitoo por um Legco “melhorado”, mais restrito, autoritário e com a maioria dos membros nomeados por um comitê sob o controle da ditadura. Não será mais possível a participação de qualquer grupo político de oposição genuína nas eleições. Somente os lacaios do PCC serão aprovados. Anteriormente, o sistema eleitoral dava bastante espaço para ser usado como uma plataforma para fazer campanha por direitos dos trabalhadores e contra o capitalismo, tal como fez a ASI em 2011 e 2015, mas isso agora é impossível. A maioria da população de Hong Kong provavelmente boicotará as eleições após as mudanças.
Ao mesmo tempo, o regime de Xi está encabeçando a mais severa repressão na China, desde o massacre do movimento democrático de massas em 1989. Os protestos de trabalhadores na China são rotineiramente atacados pela polícia, ativistas são desaparecidos e torturados, um monstruoso estado de vigilância policial de alta tecnologia excede níveis orwellianos. As minorias, especialmente os muçulmanos, sofrem com repressão desumana, leis racistas e encarceramento em massa.
O plano de Xi Jinping é governar pelo resto da vida. A contrarrevolução em Hong Kong é impulsionada pelas necessidades de sua ditadura erradicar toda a oposição entre as massas na China e não apenas em Hong Kong. A luta de massas por democracia e contra a brutalidade policial em Hong Kong em 2019 levou milhões de pessoas para as ruas. Não existia qualquer dúvida de que o governo ultracapitalista de Hong Kong – governo nomeado por Beijing – não tinha qualquer base social genuína; ele só continuava a governar porque era apoiado pelo poderoso estado policial da China.
Ondas de choque globais
A luta de Hong Kong inspirou pessoas em todo o mundo e criou uma crise para o sistema totalitário de Xi. Foi um desastre de relações públicas globais e minou os esforços que buscavam projetar internacionalmente a China como um “poder brando”. O PCC temia que o “vírus político” de Hong Kong pudesse se espalhar para o continente, podendo estimular a classe trabalhadora chinesa superexplorada a tomar o caminho da luta de classes. O padrão de vida de trabalhadores e as condições de trabalho têm piorado na China em meio à crise econômica global, ao mesmo tempo em que as políticas pró-empresariais do PCC criam cinco novos bilionários a cada semana.
A luta de massas de Hong Kong foi um exemplo incrível de rebeldia e audácia contra uma ditadura aparentemente todo-poderosa. O regime de Xi quer extinguir este exemplo de rebelião para o mundo inteiro ver. Hong Kong também se tornou uma linha de frente crucial na acelerada Guerra Fria entre o imperialismo chinês e o imperialismo estadunidense/ocidental. O estrangulamento dos direitos democráticos em Hong Kong por Xi Jinping busca ser uma demonstração do poder de seu regime, desafiando o Ocidente “democrático”.
A Solidariedade Contra a Repressão na China e Hong Kong não apoia nenhum dos dois lados neste conflito. Acreditamos que nenhum desses governos representa verdadeiramente os direitos democráticos. Suas ações e políticas são baseadas em suas preocupações geoestratégicas: uma luta sem escrúpulos por mercados, fontes de mão-de-obra barata e matérias primas. O conflito EUA-China não tem absolutamente nada a ver com “democracia” e “direitos humanos”, tal como um dos lados afirma, ou “patriotismo” e “segurança nacional”, como ambos os lados afirmam.
O internacionalismo da classe trabalhadora
Nossa campanha busca difundir a consciência sobre o que realmente está acontecendo na China e em Hong Kong. Isto é baseado em nossa interação com trabalhadores, jovens socialistas e ativistas na China e em Hong Kong. Uma debilidade fundamental da luta de massas em Hong Kong foi sua incapacidade, apesar do incrível heroísmo, de estender o movimento à China e se orientar especialmente para a classe trabalhadora. Isto exige um programa mais evidentemente baseado no internacionalismo ao invés do nacionalismo/regionalismo, assim como a compreensão do papel do capitalismo como parte integrante do sistema totalitário na China/Hong Kong.
Apesar de exigirmos o fim de toda repressão e a liberdade para todos os presos políticos, a nossa campanha dá prioridade às vozes daqueles que lutam pelos direitos dos trabalhadores e vincula a luta democrática à luta contra o sistema intrinsecamente antidemocrático do capitalismo e do imperialismo.
Em Mianmar, Tailândia, Hong Kong, Xinjiang, e nos EUA e em outras “democracias”, os verdadeiros direitos democráticos nunca foram concedidos pelas classes dirigentes e só se pode conquista-los – assim como defender os direitos existentes defendidos – por meio da luta de massas para mudar o sistema.Como ponto de partida, a sua solidariedade com a luta pelos direitos democráticos em Hong Kong, China e globalmente, pode ser demonstrada curtindo e seguindo-nos no Facebook e no Twitter, participando de uma reunião de solidariedade online que realizaremos, nas próximas semanas, na sua língua efuso horário nas próximas, utilizando e adaptando nosso modelo de moção sindical para aprovar em seu sindicato e convidando um palestrante da Solidariedade Contra a Repressão na China e Hong Kong para intervir em sua seção da ASI. Além disso, se você descobrir alguma manifestação em solidariedade aos direitos democráticos de Hong Kong/China ocorrendo em sua região, por favor, informe-nos. Nós podemos te ajudar a se mobilizar para participar dela.
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Endereço para enviar cartas de solidariedade ao “Cabeludo” Leung Kwok-hung: P.O. Box No. 72622, Correio Central de Kowloon, Hong Kong