Parem a guerra genocida do regime israelense em Gaza

Feministas socialistas contra a guerra, o imperialismo e o capitalismo – pela libertação nacional e social da Palestina, pelo fim de toda forma de opressão 

No Dia Internacional da Mulher deste ano, nos mobilizamos para intensificar a luta contra a guerra genocida em Gaza, contra o apoio e armas imperialistas ao capitalismo israelense, e para acabar com o cerco e a ocupação.

Enquanto escrevemos estas linhas, nem sequer a medida insuficiente de um cessar-fogo temporário foi alcançada. Pelo contrário, as ameaças de estender a invasão a Rafah e de transformar o ataque em uma guerra regional ressalta os perigos de catástrofes ainda mais horríveis. Os ataques genocidas do regime israelense já massacraram mais de 30 mil pessoas em Gaza, a maioria delas mulheres e crianças, e milhares estão desaparecidas sob os escombros.

O regime israelense está impondo condições de fome, as mães não têm leite para alimentar seus filhos e grávidas são forçadas a dar à luz entre os escombros. Famílias e comunidades inteiras são deslocadas, vivem em tendas no frio, expostas a doenças.

O ataque genocida a Gaza está se desenvolvendo juntamente com a escalada da agressão militar e dos colonos, junto com a limpeza étnica acelerada, na Cisjordânia, na Jerusalém Oriental Ocupada e no Naqab/Negev.

O feminismo socialista significa lutar contra a opressão e a exploração em todos os lugares e por uma luta da classe trabalhadora e uma alternativa socialista ao sistema em crise das classes dominantes. Lutar contra o ataque israelense a Gaza e contra a ocupação e seus apoiadores imperialistas é parte integrante da luta contra o sistema imperialista capitalista global que perpetua a violência, a guerra e a dominação.

Contra o uso de estupro como arma de guerra

Somos contrários ao uso de estupro e agressão sexual como arma de guerra seja por quem for – há relatos de soldados da ocupação israelense e guardas prisionais agredindo sexualmente palestinos, método ambém usado por colonos e soldados israelenses atacando palestinos na Cisjordânia.

No entanto, como as organizações feministas palestinas que operam nos territórios de 1948 apontaram, deve-se acreditar em relatos confiáveis (como o dos Médicos pelos Direitos Humanos) de violência sexual contra mulheres e meninas israelenses no 7 de outubro e opor-se inequivocamente às ações descritas, juntamente com outros métodos reacionários, como assassinato e sequestro de mulheres, meninas e outros.

Isso é necessário também do ponto de vista da luta de libertação palestina diante do terror do Estado israelense – esses métodos e programas reacionários não conseguem minar a ocupação israelense e, em vez disso, reforçam sua mobilização para um ataque sangrento contra os palestinos.

As mulheres, em todo o mundo, têm desempenhado um papel de liderança na luta contra a opressão nacional, o colonialismo e o imperialismo. As mulheres palestinas desempenharam um papel fundamental na luta pela libertação nacional desde o seu início na Palestina pré-1948, ao longo das décadas, e de forma significativa na primeira Intifada. 

Nos últimos anos, globalmente e em todo o Oriente Médio e Norte da África, as mulheres lideraram protestos contra a opressão – desde o levante “Mulheres, Vida, Liberdade” no Irã, bem como movimentos na Tunísia, Sudão, Líbano e outros. Essa região está sofrendo o impacto da crise capitalista, da inflação e dos preços dos alimentos, além da iminente catástrofe climática.

Como parar a guerra genocida?

Convocamos os sindicatos a apoiarem o chamado dos sindicatos palestinos de 16 de outubro para “acabar com toda a cumplicidade, parar de enviar armas a Israel” com ações de solidariedade.

Nos últimos meses, vimos manifestações e protestos em todo o mundo: do Reino Unido ao Iêmen e à África do Sul. Sindicatos da Bélgica, EUA, Canadá, Índia, convocaram seus membros a bloquearem cargas e se recusarem a manusear equipamentos militares enviados a Israel. 

Centenas de jornalistas egípcios se manifestaram, exigindo o fim da agressão e a abertura da passagem de Rafah. Houve marchas de milhares até a fronteira na Jordânia. Esses regimes, preocupados com sua estabilidade e interesses em suas colaborações estratégicas com a ocupação israelense e o imperialismo dos EUA, responderam com uma repressão brutal aos protestos e às mídias sociais.

Trabalhadores, pobres e oprimidos são os únicos aliados reais em toda a região na luta para acabar com a guerra genocida em Gaza e por uma verdadeira libertação palestina, não as cortes internacionais, a ONU e governos reacionários na região. 

As instituições internacionais e os governos capitalistas “ocidentais” mostraram mais uma vez que, para proteger os interesses de suas elites, permitirão que os ataques genocidas continuem. Ao permitir que os ataques genocidas continuem, cortando o financiamento da ACNUR, ou mesmo ativamente contribuindo para armar a máquina de guerra israelense, esses governos e instituições mostraram novamente que suas reivindicações de democracia são vazias e superficiais quando seus interesses econômicos e estratégicos estão em jogo. 

A inação contínua dos regimes árabes burgueses diante da carnificina implacável do povo palestino ressalta, mais uma vez, que nenhum consolo ou solução pode vir desses regimes opressivos, autoritários e corruptos. Muitos países do Oriente Médio e do Golfo Pérsico ainda aplicam leis que determinam a obediência das mulheres ao marido, impedem que elas se movimentem livremente, viajem para o exterior ou trabalhem sem a permissão de um guardião masculino. 

Os imperialismos russo e chinês não são alternativas. Estamos ao lado das lutas dos trabalhadores, das mulheres, dos LGBTQIA+ e das lutas de libertação nacional que se enfrentam contra esses regimes brutalmente opressivos.

A Autoridade Palestina, embora sob ataque e em uma profunda crise financeira induzida pelo regime de ocupação, tem reprimido os protestos palestinos e tem sido amplamente exposta como uma subcontratada da ocupação israelense.

A libertação será fruto da luta das massas

O Hamas, baseado em uma ideologia islâmica de direita e pró-capitalista, demonstrou que seus métodos são um beco sem saída na luta contra a ocupação. O ataque liderado pelo Hamas em outubro apostou em um efeito de choque que levaria as potências capitalistas a agir, e não com a mobilização da força revolucionária em potencial das massas palestinas. Isso ocorre porque o Hamas aspira a um Estado autoritário nos moldes da ditadura do Irã, o que seria desastroso para o povo palestino, especialmente para as mulheres e os LGBTQIA+.

O único caminho viável para a libertação nacional e social dos palestinos é por meio de uma luta de massas independente, organizada democraticamente, incluindo comitês populares eleitos que possam ajudar na organização de ações e na defesa armada no melhor interesse do movimento. Por uma nova intifada popular e democrática e pela intensificação das mobilizações e ações de solidariedade internacional.

Lutamos para acabar com a guerra e derrubar o cerco, a ocupação e a opressão. Pela troca de “todos por todos” os reféns e o fim do sequestro e encarceramento em massa de palestinos. Contra o apoio imperialista à ocupação. Contra os ataques à ACNUR. Pela retirada de todas as forças militares israelenses de Gaza e da Cisjordânia. Contra o projeto de assentamentos coloniais. Contra todas as políticas de discriminação e segregação e limpeza étnica. Lutamos por igualdade e libertação plenas para todos: por investimentos públicos maciços na reconstrução das comunidades de uma Gaza livre e de todas as comunidades atingidas pela guerra, a serem conduzidos em bases democráticas. A classe dominante israelense, as oligarquias ricas da região e as classes dominantes das potências imperialistas globais devem arcar com os custos.

Construir uma alternativa socialista internacional

Para lutar efetivamente pela verdadeira libertação de todos, precisamos construir uma alternativa política, uma luta revolucionária baseada em um programa político feminista socialista. A luta contra a opressão faz parte da luta necessária para derrubar o capitalismo e o imperialismo e para a construção de uma sociedade socialista que não deixe ninguém para trás. 

Lutar para derrubar todos os regimes de opressão, como parte de uma luta por uma transformação socialista na região, para permitir o aproveitamento democrático dos amplos recursos da região a fim de garantir altos padrões de vida e igualdade para todas as nações, incluindo o direito de autodeterminação e o direito de retorno.

Historicamente, as mulheres da classe trabalhadora sempre desempenharam um papel importante em qualquer movimento contra a guerra. Vamos fazer deste Dia Internacional da Mulher uma demonstração de força na luta contra a guerra genocida em Gaza e continuar a luta pela libertação nacional palestina – e contra todas as formas de exploração e opressão!

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