China: Greve da Honda, um ponto de inflexão para um nascente movimento operário
Greves de trabalhadores de fábricas afiliadas à Honda na província do sul da China de Guangdong, abalaram a ‘sweatshop do mundo’ (‘sweatshop’ se refere a fábricas onde os trabalhadores recebem salários baixos e trabalham longas horas sob péssimas condissões) . O exemplo combativo dos trabalhadores da Honda, muitos dos quais adolescentes ou pouco mais de vinte anos, gerou um dilúvio de greves semelhantes por toda a China, à medida que trabalhadores migrantes especialmente em empresas estrangeiras, escravizados por horas notoriamente longas e baixos salários, exigem aumento salarial, condições melhoradas e sindicatos “reestruturados”.
A onda de greves está apenas no começo, mas se continuar a se desenvolver, tem o potencial para transformar a paisagem econômica e política da China. Ela já é a eclosão mais significativa de luta da classe trabalhadora desde 2002, quando operários das indústrias pesadas lutaram sem sucesso para defender os empregos e aposentadorias enquanto as antigas indústrias estatais eram vendidas e fechadas. As lutas de hoje se centram principalmente no setor manufatureiro e de exportação, com sua força de trabalho esmagadoramente de migrantes das zonas rurais. As greves atuais e especialmente as demandas por eleições de representantes sindicais, colocam grandes problemas para a ditadura “comunista” governante, que teme o crescimento de um movimento operário independente mais do que qualquer outra coisa.
A primeira greve da Honda, na cidade de Foshan em Guangdong, foi “a maior e mais efetiva greve testemunhada contra uma multinacional na China”, segundo o South China Morning Post. Terry Gou, o patrão bilionário da Foxconn, notada recentemente pelos casos de suicídios entre seus trabalhadores, exclamou: “Isso é um divisor de águas. Você não pode mais contar com a mão de obra barata da China”. Gou, que na última semana também anunciou grandes aumentos salariais na Foxconn, atingida por vários escândalos, numa tentativa de quebrar o ciclo de suicídios de jovens e um retrocesso público, previu que os aumentos salariais para os operários da produção chineses se tornariam “uma tendência irreversível”. Muitas companhias no mesmo parque industrial de Foshan, onde se localiza a planta da Honda, aumentaram os salários como medida preventiva, provavelmente instigadas pelo governo, para impedir que a greve da Honda se espalhasse.
Nos últimos período greves têm estourado em pelo menos cinco províncias da China, afetando a indústria de motores, aplicativos eletrônicos, borracha, objetos esportivos, calçados e máquinas de costura industrial. Mais recentemente, 8.000 trabalhadores da provincial de Jiangxi que faziam as controversas bolas da Copa do Mundo entraram em greve. Em quase todos os casos, os grevistas dizem que foram encorajados pela vitória da Honda de Foshan. “Se a greve deles não tivesse tido sucesso, nossos trabalhadores provavelmente não estariam tão unidos quanto estão agora”, declarou um operário migrante de 22 anos nos arredores da fábrica de autopeças Fengfu de Foshan, onde 250 operários fizeram uma greve de três dias em 7-9 de junho.
Embora a greve na planta de transmissão da Honda em Foshan resultasse em aumentos salariais de 24% a 32%, jovens operários que falaram ao chinaworker.info expressaram insatisfação e insistiram que a volta ao trabalho será temporária a menos que sua lista de 147 demandas encontrasse uma resposta favorável da diretoria da Honda. A companhia negociou um período de 2 meses para “examinar” essas demandas. Pontos cruciais incluem o direito de realizar eleições para substituir os capachos da diretoria da empresa à frente da seção local do sindicato oficial controlado pelo estado.
Faz apenas uma semana que a greve de 1.900 trabalhadores na planta de Foshan foi “resolvida”, mas a China parece quase um lugar diferente desde então. A greve que eclodiu primeiro em 17 de maio, foi retomada com maior força em 23 de maio, depois que a diretoria concedeu um miserável aumento de apenas 55 yuan por mês. A demanda dos trabalhadores era de um aumento de 800 yuan mensais para trazer Foshan em sintonia com os operários das plantas de montagem da Honda em toda a China. O sexto maior produtor mundial de carros tem a capacidade de fazer 650.000 veículos por ano na China, com planos de expandir para 830,000 em 2012. A greve de dez dias foi consideravelmente sólida, apesar das tentativas criminosas da diretoria, do governo local e do sindicato fantoche de quebrar a resolução dos operários. Sob um regime ditatorial que proíbe greves e verdadeiros sindicatos, essa é uma conquista magnífica.
Ao impedir o fornecimento de peças, a greve de Foshan fechou quatro fábricas de carros da Honda em Guangzhou e Wuhan, custando à companhia estimados US$ 130 milhões em perda de produção. Isso sublinha o poder devastador dos trabalhadores da era da globalização capitalista, com complexas cadeias de fornecimento e métodos just-in-time de produção. Sem estruturas formais e enfrentando ferozes penalidades legais por participação em qualquer organização independente, a luta foi construída usando-se cartazes nos muros da fábrica, mensagens SMS e através de greves relâmpago, onde um departamento chamava o outro a se unir à greve. Esses trabalhadores mostraram uma grande audácia tática: quando a diretoria endureceu para tentar quebrar a greve e alguns setores estavam cedendo sob a pressão, eles organizaram uma marcha dentro dos terrenos da fábrica, que arrastou 500 operários atrás de si, aumentando o moral e detendo a ofensiva dos patrões.
Em 31 de maio os patrões da Honda aumentaram as apostas e tentaram esmagar a greve. Eles mobilizaram os funcionários sindicais e professores das escolas vocacionais que fornecem à Honda grandes números de aprendizes – outro dispositivo comumente usado pelas multinacionais para manter os salários baixos na China. Professores e diretores disseram aos trabalhadores para assinar novos contratos, incluindo um acordo de não fazer greve, ameaçando os aprendizes de que eles não receberiam seus certificados finais e enfrentariam a polícia por infringirem a lei. Imagens transmitidas por todo o mundo mostram bate-paus em bonés de baseball amarelos filmando, berrando ordens e maltratando a jovem força de trabalho, dizendo a eles para saírem da fábrica se não quiserem trabalhar. “Suas ações prejudicaram seriamente a produção e a operação da fábrica”, gritava um líder sindical por um megafone.
Esses “bonés amarelos” supostamente são os representantes da Federação Nacional de Sindicatos da China (ACFTU), o único sindicato legal. Circulam rumores na internet de que o líder da seção local do sindicato recebeu 600 mil yuan para acabar com a greve, alugando mais de 100 bate-paus por 200 yuan por dia para atacar os grevistas. Essa é uma ilustração gráfica do papel real dos sindicatos oficiais – criminosos e fura-greves. Contudo, o incidente de 31 de maio apenas enraiveceu ainda mais os operários de Foshan. “Agora não é uma questão de aumentos salariais, mas de manter nossa dignidade”, um rapaz de 23 anos disse ao South China Morning Post (01/06/2010). Um dia depois, o porta-voz do sindicato oficial foi forçado a publicar uma desculpa por escrito aos grevistas. Contudo, isso correspondeu apenas parcialmente a suas demandas sobre a questão, que incluíam punição para os “sindicalistas” culpados de atacar fisicamente os grevistas.
Quando a diretoria percebeu que não podia quebrar facilmente a greve pela força e intimidação, recuou, oferecendo aumentos salariais significativamente melhores, de cerca de 400 yuan por mês. Mas isso ainda estava longe da demanda dos operários por um aumento de 800 yuan. A nova oferta conseguiu dividir a força de trabalho, entre uma camada que queria aceitar e outros que preferiam continuar a greve.
Alguns trabalhadores de Foshan que falaram ao chinaworker.info eram críticos ao retorno ao trabalho e acreditam que mais poderia ter sido obtido, dado o ímpeto da greve. Alguns concordaram com o acordo com relutância, que viam como um “cessar-fogo” de 2 meses, jurando deflagrar uma nova greve se mais concessões não fossem feitas. Um comissão de negociação com 16 integrantes, que ultrapassou as estruturas sindicais oficiais pró-Honda, parece ter estado sob forte pressão da companhia e do governo para acabar com a greve antes do aniversário (do massacre da Praça da Paz Celestial em 1989) politicamente crítico de 4 de junho.
Acadêmicos de Pequim que ofereceram seus serviços como “conselheiros” à comissão de negociação também podem ter encorajado uma rápida resolução para evitar que a greve fosse vista como “política”. Como a comissão de negociação dos trabalhadores foi escolhida, dado os problemas de ilegalidade e riscos de criminalização, continua incerto e assunto de mais discussões. Estabelecer estruturas sindicais independentes da companhia e do estado, com seus espiões e sofisticados métodos de vigilância, não é uma questão fácil na China. A internet jogou um papel crucial durante a greve, fornecendo um fórum anônimo para os trabalhadores discutirem as táticas do dia seguinte.
As discussões e até controvérsias entre os operários da Honda foram refletidas em uma entrevista dada por um trabalhador anônimo à Reuters (June 9, 2010):
“Ainda temos que discutir muitas condições… Eles apenas concordaram com um pequeno número de termos, incluindo um aumento salarial muito pequeno que é muito menos do que queríamos… Quanto a nós, estamos fazendo tudo isso simplesmente porque nossos salários são baixos demais. Mas nossa greve parece ter causado um impacto negativo na sociedade e problemas para funcionários locais. Não queríamos isso… então alguns de nós decidiram voltar ao trabalho”.
Sem dúvida, desesperadas para acabar com a greve antes do aniversário de 4 de junho, as autoridades “comunistas” se envolveram na intermediação desse acordo com a ajuda de alguma pressão aplicada à Honda. Que garantias eles deram à Honda ainda não está claro. Mas esse problema era especialmente agudo, dada a reação popular na China contra outra multinacional, a Foxconn, onde uma dúzia de suicídios ocorreram esse ano em suas duas fábricas gigantes em Shenzhen. A Foxconn se tornou sinônimo de exploração desumana da força de trabalho chinesa em suas enormes plantas, que se assemelham a ditaduras militares autônomas. Se o objetivo do governo na Honda era esvaziar uma onda potencial de greves semelhantes, essa estratégia claramente falhou.
Recentemente, duas outras fábricas filiadas à Honda em Guangdong foram atingidas por greves. A constituição da força de trabalho – a maioria jovens migrantes – assim como as táticas e demandas, são similares à greve original de Foshan. No momento em que escrevemos, a greve de autopeças de Foshan Fengfu terminou com um modesto aumento salarial, mas um terço da Honda Lock na cidade de Zhongshan entrou em seu terceiro dia, com cerca de 85% dos 1,4 mil operários se unindo à greve. A fábrica fornece trancas de portas e chaves para a Honda.
Algumas reportagens dão a impressão de que o regime chinês teve uma abordagem benigna para com as greves – especialmente contra capitalistas estrangeiros – como parte de um grande estratagema para estimular o poder de compra e reequilibrar a economia de sua dependência atual nas exportações para a demanda doméstica. Mas essa opinião está errada. A polícia e os guardas da companhia atacaram selvagemente os operários de Zhongshang e outros grevistas nos dias recentes, dificilmente uma prova de apoio oficial! Um grevista migrante de Zhongshang disse ao South China Morning Post que a polícia distribuiu panfletos ameaçando com três a cinco anos de prisão quem entrasse em greve. Igualmente, os operários de Foshan Fengfu queixam-se que ficaram sob enorme pressão e ameaças. A companhia, uma joint venture entre a Honda do Japão e uma companhia taiwanesa, disse aos trabalhadores que sua ação seria classificada como um “motim” e a polícia poderia atacar a qualquer momento.
“Queremos o mesmo tratamento que os operários da Honda Autopeças”, explicou um trabalhador da Honda Lock. Suas demandas ecoam as da greve de Foshan: aumento no salário básico mensal de 930 para 1.600 yuan, duplo pagamento por hora extra, punição dos guardas que bateram nos trabalhadores, um “sindicato reestruturado”, e sem punição aos grevistas. Em Zhongshang e em outra greve da taiwanesa KOK na provincial de Jiangsu, a mídia oficial publicou falsas reportagens de que a greve acabara. Isso é parcialmente um desejo, parcialmente uma tentativa deliberada de semear confusão em uma situação onde as greves devem ser conduzidas em linhas completamente informais. Essa tática foi usada contra os operários da Honda em Foshan, mas também falhou. Provando que sua greve, agora no terceiro dia, está muito mais viva, os operários da Honda Lock reuniram-se nos portões da fábrica ontem para gritar: “Concordamos com 200? Sem chance. 300? Não. E 400? Sem chance…”
Outras greves ao sul do Delta do Rio Pérola (Guangdong) incluem a ação de 300 operários da taiwanesa Merry Electronics em Shenzhen, uma fábrica de componentes de áudio, que bloquearam estradas no domingo, 6 de junho, para protestar contra as mudanças nos turnos. Os patrões da Merry Electronics afirmaram que há muito tempo decidiram elevar os salários em 10% em 1 de julho, “mas nunca anunciaram isso para a equipe”. Na segunda, 7 de junho, 2.000 trabalhadores pararam na Yacheng Electronics em Huizhou.
Mas as greves não estão limitadas ao Delta do Rio Pérola; eles se espalharam para o Delta do Rio Yangtze próximo à Shanghai, e para províncias interioranas. Na província de Shaanxi, 900 trabalhadores empregados pela Brother, uma fabricante japonesa de máquinas de costura industriais, fizeram uma marcha entre 3-10 de junho. No distrito de Pudong em Shanghai, uma subsidiária da Foxconn, TPO Displays, foi atingida ontem por “uma paralisação quase total” devido aos planos de realocação da companhia. Uma greve “quase unânime” de várias centenas de trabalhadores da borracha estourou na sexta 4 de junho, na KOK International em Kunshan, província de Jiangsu. Esses trabalhadores estão parando por aumentos salariais, por pagamento de horas extras e contra o não-pagamento pela companhia de seguro social e acidente de trabalho. Cerca de 50 trabalhadores ficaram feridos em choques com a polícia no último fim de semana: “A polícia bateu indiscriminadamente… Eles chutaram e pisaram em todo mundo, não importava se era homem ou mulher”, disse uma operária. Pelo menos sete grevistas foram detidos pela polícia. As atuais batalhas grevistas não estão acontecendo apenas em multinacionais. Uma greve foi relatada na fábrica estatal de caixas de câmbio Qijiang em Chongqing na mesma época da luta da Honda de Foshan.
Os aumentos de dois dígitos arrancados dos patrões em algumas das disputas recentes parecem dramáticas, mas mesmo comentaristas capitalistas pontuam que estas são apenas “reposições” – os salários na indústria estão congelados desde o final de 2008, quando a crise capitalista global atingiu a China. Em muitos casos, os níveis salariais reais não melhoraram desde meados dos 1990, enquanto a inflação, especialmente para necessidades como alimentos, está agora corroendo os salários e abastecendo o descontentamento operário. Os trabalhadores chineses ainda têm um longo caminho a percorrer para alcançar mesmo trabalhadores de outras chamadas economias emergentes. As taxas salariais da indústria manufatureira chinesa são apenas 5% das da Coréia do Sul e 17% das dos trabalhadores brasileiros.
A fatia do PIB que vai para os salários dos trabalhadores tem diminuído de forma persistente por 22 anos, de 57% em 1983 para apenas 37% em 2005. Essas estatísticas mostram graficamente qual classe pagou pelas “reformas” capitalistas implementadas neste período. Ao mesmo tempo, a produtividade do trabalho – a quantidade que cada trabalhador na China pode produzir – aumentou em mais de 9% por ano nos últimos cinco anos, segundo estimativas do U.S. Conference Board (Wall Street Journal, 07/06/ 2010). Mas os sindicatos oficiais recentemente relataram que quase um em quatro trabalhadores chineses não tiveram qualquer aumento salarial em cinco anos. Assim, os custos com a mão de obra são apenas uma fração das despesas gerais das companhias multinacionais que operam na China.
No caso da Honda, por exemplo, um aumento uniforme de 30% nos salários fabris apenas reduziria as margens de operação da companhia em 0,6%. Mesmo se baseando nos aumentos dados aos trabalhadores da Honda em Foshan workers, que leva os salários mensais para cerca de 1.650 yuan, levaria 7,5 anos de trabalho, sem contar com as refeições e outras despesas, para um operário poder comprar o mais barato Honda Civic feito na China. Como Marx explicou, a fonte do lucro dos capitalistas é a força de trabalho da classe trabalhadora, mas os trabalhadores não podem comprar de volta o que produzem, levando o sistema de mercado a inevitáveis crises e convulsões.
A economia chinesa parece estar em um novo boom, com o PIB expandindo 11,9% no primeiro trimestre, comparado com um ano atrás. Isso sem dúvida está incentivando os setores mais explorados dos trabalhadores chineses e uma geração nova e comparativamente sem medo de jovens a exigir sua parte da recuperação econômica. A mão de obra é escassa em muitas províncias costeiras cujas economias são dominadas pelas multinacionais. Dados do governo mostraram recentemente um salto de 35% nas vagas anunciadas pelos empregadores no primeiro trimestre de 2010, mas apenas um aumento de 8% no número de candidatos a essas vagas.
Um grande fator é o boom de imóveis nas províncias do interior, também abastecido pelos grandes projetos de infra-estrutura financiados pelos governos locais, que gerou novos empregos na manufatura, construção e serviços mais próximos nas tradicionais fontes de trabalho migrante da China. Muitos migrantes, especialmente os mais velhos, com crianças, agora pegam os empregos próximos de suas provinciais natais, voltando as costas ao trabalho mais bem pago nas sweatshops costeiras. A provincial de Guangdong sofre um déficit de 2 milhões de trabalhadores migrantes esse ano, e outras províncias costeiras sofrem pressões similares.
Mas há outros fatores sociais e econômicos por trás do atual sentimento mais combativo no chão da fábrica, e especialmente o papel de uma geração mais jovem de trabalhadores migrantes. Esses não vêem mais a cidade como um lar temporário, com a perspective de retornar ao interior depois de acumular dinheiro para construir uma casa ou começar uma família. Eles são cada vez mais urbanizados em suas perspectivas e enraivecidos com a discriminação sistêmica e os maus-tratos que esperam os trabalhadores migrantes. Os muitos ingredientes na economia e sociedade chinesas hoje (e não menos o altamente instável caráter de “bolha” do atual boom) fazem uma mistura explosiva. Num sentido negativo, isso é mostrado pelo desespero de Foxconn, e em um sentido positivo pela chama de luta que parece ter passado das mãos dos jovens grevistas da Honda para trabalhadores de outras fábricas da China.
A fim de evitar a difusão das greves recentes, o regime chinês pode ordenar uma nova rodada de aumentos nos salários mínimos (fixados a nível de cidade e província, com grandes variações). Isso pode ser acompanhado por uma massiva propaganda sobre o fato de que o governo acredita que os trabalhadores merecem uma “fatia justa” do progresso econômico, mas também com terríveis ameaças de que o governo não irá tolerar “ameaças à estabilidade”. Em muitas ocasiões antes, vimos uma similar combinação de “cenouras e porretes” empregada pelo partido governante para dispersar os movimentos populares. Mas mesmo esse curso de ação carrega riscos significativos para o regime chinês e para o capitalismo global, que depende de forma tão intensa da China, especialmente se as concessões forem vistas como resultado da luta dos trabalhadores.
O chinaworker.info defende sindicatos independentes e o direito de greve, ao lado de outros direitos democráticos fundamentais na China. Reivindicamos imediatos aumentos salariais para todos os trabalhadores, como reparação pelos longos anos de estagnação e aumentos de preços. Exigimos um salário mínimo nacional de 3.000 yuan. Chamamos pelo fim da hora extra compulsória e pelo controle democrático dos trabalhadores sobre a saúde e segurança do local de trabalho. Apoiamos as lutas dos trabalhadores mesmo pelas melhorias mais modestas, enquanto pontuamos que a luta de massas por uma alternativa socialista é necessária para garantir empregos decentes, salários e bem estar para todos. O chinaworker.info e a Ação Socialista (CIT de Hong Kong) organizaram e participaram de vários protestos em solidariedade com os trabalhadores da Honda na China e também com os trabalhadores da Foxconn, como mostrado em nosso site.