Cazaquistão: Moradores de Alma-Ata protestam contra a destruição de seus lares

Ativistas foram presos – necessita-se urgentemente de solidariedade!

Em 20 de março, várias centenas de moradores dos bairros de Shanyrak e Aigyerim, da cidade de Alma-Ata, no Cazaquistão, organizaram um protesto contra as tentativas do prefeito de Alma-Ata de despejá-los e destruir seus lares.

Muitos dos moradores chegaram à cidade nos meados dos anos 90, de outras regiões industriais, depois de suas fábricas terem sido fechadas como parte da privatização da indústria e da terra, feitas pelo regime de Nazabayev.

Desprovidos de trabalho e rendimento, os moradores chegaram à Alma-Ata com praticamente nada. Usando os materiais que encontravam, eles construíram casas na terra abandonada às margens da cidade. Mas agora as autoridades municipais querem a terra para construir um ‘aqua-parque’ e um campo de golfe. Esporte e lazer para a elite rica, prova de que são mais importantes do que o direito do povo ter um lugar para viver, mesmo nas mais básicas condições.

Dez dias antes do protesto, as autoridades locais, apoiadas pela tropa de choque, sem aviso ou decisão judicial, destruíram com escavadoras 18 casas, incluindo a de uma senhora, avó, de 85 anos. A imediata mobilização de 500 moradores, contudo, impediu que mais casas fossem destruídas. Depois disso, os moradores decidiram montar um ‘comitê de ação’ e ‘esquadrões de autodefesa’.

Mesmo o Comitê de Ação tendo feito um chamado público a todas organizações oposicionistas para ajudá-lo, apenas duas, incluindo a Resistência Socialista (SotsSprot – CIO no Cazaquistão), apareceram. Os principais blocos de oposição não têm interesse em ajudar os trabalhadores pauperizados. Depois dos protestos de 20 de março, onde membros do SotsSprot falaram e foram eleitos para o Comitê de Ação, os moradores decidiram organizar uma marcha ao principal prédio das autoridades municipais, para apresentar suas demandas, e para ligarem sua luta com a dos moradores de outros bairros que enfrentam as mesmas ameaças.

A marcha ia atrás de uma faixa de três metros, ‘Resistência Socialista’ cantando palavras de ordem como “a terra não está à venda!”, “terra para o povo!”, “Abaixo o capitalismo!”, “Viva o socialismo!” A maioria dos manifestantes eram jovens e não estavam preparados para aceitar que depois de uma caminhada de 3 quilômetros seu caminho fosse bloqueado por uma barricada policial. Havia vários cordões policiais, e então ocorreu um ataque da tropa de choque, com cassetetes voando, antes do protesto ser totalmente desmanchado. Trinta manifestantes foram presos.

Dezessete deles ficaram presos por dois dias e então soltos depois de receber uma multa significativa. Uma jovem manifestante, Moldir Mustafayeva, recebeu a acusação criminal de ‘hooliganismo’. Depois, um dos dirigentes do SotsSprot (CIO) foi preso e levado ao tribunal, onde ele foi multado com 110 dólares (ou como o tribunal bem disse – “15 vezes o salário mínimo oficial”!). Agora, a polícia e a KNB (polícia secreta) estão “ativamente procurando” por outros membros do SotsSprot.

Centenas de milhares de pessoas são forçadas a viver em novos guetos em torno de Alma-Ata. Mas a ambição dos burocratas da cidade, e das companhias de construção, quer empurrá-los para ainda mais longe das cidades, para o deserto, para construir novos complexos de entretenimento, estacionamentos e carros para a elite rica. A atitude das autoridades é resumida pelo prefeito de Alma-Ata, Imangali Tasmagambetov: “Estas [protestos dos moradores] são ações ilegais e serão duramente sufocados, seja quem estiver envolvido”.

Mas estes setores da classe trabalhadora de Alma-Ata não estão preparados para ir embora sem lutar e agora estão preparando novos protestos e resistência.

O Resistência Socialista do Cazaquistão (CIO) apela a todos os trabalhadores, jovens, sindicatos e organizações de esquerda, a apoiar a luta dos moradores. Nós exigimos:

  A retirada das acusações criminais contra Moldir Mustafayeva

  Fim à repressão dos outros ativistas de Shanyrak e Aigyerim

  Os recursos municipais devem ser deslocados para construir casas adequadas para os moradores de Shanyrak e Aigyerim

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