Alternativa Socialista Internacional: Escola Mundial de Quadros 2023
Organizada para marcar o 100º aniversário da fundação da Oposição de Esquerda, a Escola Mundial de Quadros deste ano reuniu mais de 220 pessoas de mais de 25 países em Leuven, na Bélgica – às quais se juntaram centenas de outras no zoom – para desenvolver a análise, as ideias, o programa e a luta para construir partidos revolucionários e fazer do “trotskismo – um movimento para a década de 2020”.
Essa foi uma escola genuinamente mundial, com delegações do Brasil e do México, dos EUA, da Irlanda, da Alemanha, da Áustria, da Inglaterra/País de Gales e Escócia, da Suécia, de Israel/Palestina, da China/Hong Kong/Taiwan, da Rússia, da África do Sul, do Canadá, de Quebec, da Bélgica, da Itália, da Tunísia, do Estado Espanhol, da Nigéria, da Holanda e da Austrália. Foram especialmente bem-vindas/os as/os participantes de países onde a ISA está começando a se organizar, como Índia, Colômbia, Romênia e Portugal. Muitos dos que participaram on-line incluíram os que foram prejudicados pelas regras racistas de visto da União Europeia, vindos da Nigéria e da Costa do Marfim, bem como os que foram afetados por conflitos militares que impossibilitaram a viagem, vindos da Rússia, Ucrânia e Mianmar.
As animadas discussões, que duraram seis dias, abordaram eventos atuais, lições teóricas e históricas e tarefas práticas relacionadas à intervenção e à construção de movimentos, bem como os métodos revolucionários usados para construir a própria ISA. A primeira sessão plenária de abertura da Escola foi dedicada ao tema “Crise, conflito e luta – a nova fase na era da desordem”. As discussões em torno desse tópico continuaram em uma série de comissões dedicadas à economia mundial, ao desenvolvimento da Nova Guerra Fria, ao retorno da classe trabalhadora, ao aumento da reação e às novas formações de esquerda. A Internationalsocialist.net publicará relatórios separados de algumas dessas sessões nos próximos dias e semanas.
Com 50 comissões realizadas, é impossível relatar cada uma delas. Algumas trataram de como intervir e desenvolver nosso programa em protestos em torno de mudanças climáticas, direitos das mulheres, questões LGBTQIA+, incluindo aquelas relacionadas aos direitos trans. Outras trataram da situação em diferentes regiões do mundo – África, China, EUA, Europa Oriental. Houve um interesse especial nas comissões que discutiram o trabalho da ROSA Internacional e a campanha para sindicalizar na Amazon. Também foram realizadas discussões animadas em diferentes comissões dedicadas à questão nacional e aos direitos linguísticos.
O tema central da Escola que marca os 100 anos da Oposição de Esquerda foi abordado em várias comissões sobre as posições teóricas do trotskismo – sobre a revolução permanente, o programa de transição, a ascensão do stalinismo e como combater o fascismo. Outras discussões analisaram a história da Oposição de Esquerda e da Quarta Internacional até a fundação da ASI, bem como a história do trotskismo no Sri Lanka e na América Latina.
Nos últimos dois anos, houve discussões acaloradas dentro da ASI sobre algumas questões. Essas questões foram tratadas na Escola de forma democrática, com debates para ouvir os diferentes pontos de vista. A primeira delas foi sobre a guerra na Ucrânia, como a caracterizamos e qual deveria ser o nosso programa. Nós, como feministas socialistas, também debatemos nossa análise e abordagem de ideias como a interseccionalidade.
O ponto central da abordagem da ASI em todas as suas campanhas é a necessidade de uma classe trabalhadora forte e politicamente organizada, a única força que pode realmente acabar com o capitalismo e substituí-lo por uma sociedade socialista democrática e internacionalista. Por esse motivo, houve importantes comissões que abordaram essa necessidade – desde as lições das recentes batalhas contra a crise do custo de vida, como se organizar nos locais de trabalho e nos sindicatos, e como os marxistas devem agir no local de trabalho.
Quando a semana estava chegando ao fim, várias sessões foram dedicadas à construção da ASI, desde uma sessão plenária para troca de experiências em diferentes países até comissões mais aprofundadas sobre recrutamento, consolidação, formação de quadros, como usar coletivos e campanhas, como arrecadar dinheiro, produzir jornais e começar a construir em novos países.
O destaque da semana, além, é óbvio, da festa da última noite, foi o comício público na quarta-feira à noite. Centenas de pessoas se conectaram às diferentes plataformas, iniciadas por um discurso inspirador de Stephane Delcros, que acabara de intervir no movimento grevista francês. Também ouvimos discursos brilhantes de Myriam Poizat-Marouki, sobre como a ROSA International está trabalhando na Irlanda, da ativista ambiental indígena Ana Vitória, do Brasil, e de Kshama Sawant, sobre a criação da campanha “Workers Strike Back” (“Trabalhadores contra-atacam”). Susan Fitzgerald, militante da ASI e importante sindicalista irlandesa, incendiou o comício com sua contribuição inflamada.
Caso tenha perdido ou queira assistir novamente, você pode ver o comício aqui.
Os/as participantes ganharam confiança durante a semana, adquiriram novos conhecimentos e perspectivas e voltaram para casa mais determinados/as a lutar pela construção da ASI e a lutar para mudar o mundo. O comprometimento foi demonstrado pela coleta, que agora está no caminho certo para atingir a meta de 75 mil euros.