Joaquim Aristeu Silva, Boca, presente!
Na noite de ontem, 7 de julho, perdemos o camarada e amigo Joaquim Aristeu, o Juca ou Boca, como era conhecido por seus companheiros de muitos anos de luta operária e popular no Vale do Paraíba e em outras partes do estado de São Paulo e do país.
Essa perda terrível e irreparável provoca profunda tristeza em todos nós que militamos lado a lado, ombro a ombro, com o Juca. Depois de anos militando na Convergência Socialista e no PSTU, Joaquim ajudou a fundar a LSR em 2009 e militou conosco por quase uma década. Nos últimos anos militava na Resistência-PSOL, mas seu exemplo de militância operária e socialista é com certeza um patrimônio que deve ser reivindicado pelos mais diversos setores da esquerda socialista e do movimento dos trabalhadores.
Nascido em Paraisópolis (MG), Joaquim começou como operário da construção civil, mas foi como trabalhador da Ambev em Jacareí (SP) durante 23 anos que jogou papel protagonista na construção de um movimento sindical classista, combativo e socialista em um período de intensas lutas, greves, enfrentamentos com patrões e governos.
Foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Vale do Paraíba e seguiu atuando na categoria e no movimento de aposentados até seus últimos dias de vida. No passado foi dirigente da CUT, ajudou a fundar a Conlutas e depois a CSP-Conlutas e até o último momento dedicou suas energias à organização da classe trabalhadora, sempre defendendo o socialismo.
Joaquim foi perseguido pelos patrões da Ambev, uma corporação multinacional e uma das maiores empresas do país, a quem nunca deu tréguas. Foi demitido algumas vezes e conseguiu reverter a situação contando com a luta e solidariedade de seus companheiros. Sua última demissão se deu depois de denúncias das condições de trabalho na empresa após a morte de um trabalhador terceirizado de 25 anos. Uma campanha internacional de pressão e solidariedade foi feita e Juca conseguiu reverter a justa causa para em seguida aposentar-se e continuar na luta com a mesma energia e vigor.
Joaquim também enfrentou todo tipo de pressão, calúnias e ataques nas disputas sindicais e políticas, mas nunca abandonou a confiança na classe trabalhadora e no caminho que escolheu para sua vida. Com todos os erros e acertos inevitáveis de uma longa história de vida e luta incansável, somos testemunhas do comprometimento integral de Joaquim à causa dos trabalhadores e só podemos aqui homenageá-lo e agradecê-lo por isso.
Nosso camarada Boca foi a personificação de um sujeito histórico decisivo na história do Brasil, em particular nas últimas décadas: o trabalhador explorado que adquire consciência de classe e se organiza politica e sindicalmente. Com tal, ele viveu os altos e baixos da condição operária e da luta de classes. Com vitórias e derrotas, erros e acertos, Juca deixa um legado imprescindível para a continuidade dessa luta pelas novas gerações que precisam conhecê-lo, conhecer sua história e sua vida.
O trabalhador e militante que Joaquim foi e a causa pela qual lutou não são coisas do passado. Eles renascem a cada dia em cada greve, protesto, resistência, manifestação no Brasil e no mundo.
Joaquim também era um ser humano especial, um grande e bondoso amigo de muitos e muitas que, nesse momento, estarão chorando sua perda, mas que, com certeza, terão orgulho de terem sido seus companheiros e companheiras e seguirão adiante também em seu nome, também por ele.
Um abraço forte e solidário para sua companheira Beth Lahos , filhos e netos, familiares, amigos e companheiros (as/es). A LSR se soma às homenagens a essa grande pessoa e grande lutador.
Joaquim Aristeu, Boca, presente!