Goiás: a liberdade de cátedra sob ataque
Uma professora da rede particular de ensino, da cidade de Aparecida de Goiânia, no estado de Goiás, foi a mais recente vítima da onda de criminalização docente e de perseguições políticas ocorridas em nosso estado. A educadora, que lecionava história da arte e trabalhava no colégio Expressão, foi demitida após se tornar alvo do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), por estar vestindo uma camiseta alusiva à obra do renomado artista plástico Hélio Oiticica, com a frase “Seja Marginal, Seja Herói“. Nas palavras da própria educadora perseguida pela atitude repulsiva de seu colégio, aqueles que a perseguem “não poderiam ter assumido o lugar do erro e do desrespeito”.
Não é a primeira vez que nos deparamos com casos de assédio moral e perseguições à educadores e educadoras em nosso estado, a novidade fica por conta da ferramenta ilegal, o site “Instituto Nossos Filhos”. Lançada pelo deputado e financiada com recursos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, a plataforma virtual para denúncias anônimas expõe trabalhadores e trabalhadoras acusados de “doutrinação”, sem garantir qualquer direito de defesa e terminam por vezes demitidos.
O deputado Gayer é um velho conhecido de educadoras/es em Goiás, não por se preocupar com condições de trabalho nas escolas, a qualidades dos alimentos servidos aos educandos ou o desrespeito da Lei do Piso do Magistério por prefeitos e governador, e da data base de trabalhadores dos serviços administrativos. O protagonismo de Gayer se deve à enxurrada de fake news que disseminou no último período.
Em fevereiro de 2023, por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo, o deputado foi obrigado a apagar mais de 1600 vídeos de seu canal no YouTube. Atualmente ele é investigado também em ações do Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e por financiar com dinheiro público a participação de, ao menos, um investigado que participou da tentativa de golpe promovida por bolsonaristas no dia 08 de janeiro deste ano.
Mobilizar contra a perseguição política
Mais do que nunca, a classe trabalhadora e a juventude precisam se mobilizar, por meio de seus sindicatos, movimentos sociais e de estudantes, para impedir ferramentas de linchamento moral e perseguição política. A defesa da educação pública e gratuita se torna ainda mais relevante no atual cenário, no qual a mercantilização da educação vem servindo para aprofundar a violação de direitos de trabalhadores da educação e atacar a liberdade de ensinar e aprender.
- Em defesa da liberdade de cátedra como um direito constitucional.
- Contra as perseguições de trabalhadores e trabalhadoras em educação e o assédio moral.
- Pela responsabilização dos que atacam a educação e assediam.