Votar Lula 13 para derrotar Bolsonaro, enfrentar as oligarquias e mobilizar a classe trabalhadora pernambucana
Em uma rápida pesquisa no Google ou em um dicionário, veremos que as oligarquias são regimes políticos comandados por um pequeno grupo de pessoas pertencentes à mesma classe, família e/ou partido. Pernambuco, tem reunido estas três características, afinal, no período recente, o PSB tem governado o nosso estado há 14 anos, com um intervalo entre 2014 e 2015 devido a morte de Eduardo Campos, momento em que João Lyra Neto, o vice-governador, assumiu o poder. Dentre os governadores, também tivemos Miguel Arraes.
Em 2020, na disputa para a prefeitura da capital, Recife, houve até uma disputa entre primos: João Campos, filho de Eduardo Campos, e Marília Arraes, neta de Miguel Arraes. Em outras regiões do estado, também vemos este “fenômeno” em que o poder é passado de parente para parente. Caminhando para o Agreste, chegamos em Caruaru, cidade em que João Lyra Neto foi prefeito e passou o bastão para a sua filha, a Raquel Lyra que também é sobrinha de um ex-ministro da Justiça. Seguindo para o Sertão, em Petrolina, Miguel Coelho foi prefeito até se candidatar para o governo neste ano. “Coelho” é o sobrenome da família que comandou Petrolina em 1963-1969, 1973-1979, 1983-2006 e 2019-2022.
Essa herança oligárquica reflete ainda nas eleições de 2022, onde temos um segundo turno disputado entre Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB). Marília vai para onde convém não por princípios e programa, mas pela oportunidade eleitoral, já foi do PSB, do PT e agora está no Solidariedade, partido que votou a favor da reforma trabalhista que precariza ainda mais as condições e relações de trabalho, aumentando a terceirização, jogando a CLT no lixo e colocando nas mãos dos patrões o poder de negociar os direitos de seus e suas funcionárias. Raquel Lyra está no partido que ataca os direitos das mulheres, de professoras(es) e apoiou o golpe contra a democracia e a ex-presidenta Dilma (PT) em 2016. Além disso, a candidata cresceu no 2° turno devido a fatídica morte de seu marido e não em consequência de sua política, para piorar, a candidata diz que não irá se posicionar sobre o 2° turno para presidência, assim, ajuda a crescer a expressão bolsonarista em nosso estado.
Para o governo, o PSOL lançou candidatura própria, João Arnaldo (PSOL) obteve mais de 12.000 votos. Foi uma candidatura que levantou questões centrais como: Meio ambiente e direito animal; Água enquanto direito e não mercadoria; Segurança pública; Piso estadual para profissões que ainda não foram regulamentadas; Direito à cultura o ano inteiro e em todo o lugar, entre outras. Apresentar uma candidatura própria, é uma oportunidade de apresentar nosso programa sem abrir mão de nenhum ponto, é uma oportunidade de acumular capital político para um partido que está, de fato, comprometido com a nossa classe e as lutas. Porém, foi uma candidatura que também apresentou limites, o PSOL acumulou bastante nas últimas eleições e poderia ter saído desta não só com uma votação mais expressiva, mas com mais pessoas interessadas em se organizar politicamente. A esquerda (PCB, PSOL e PSTU), somou 48.234 votos, sendo o candidato Jones Manoel (PCB) a candidatura mais expressiva com 33.931 votos, o que é positivo para o nosso campo de esquerda. Nós da LSR, seguimos apostando na unidade nas lutas e na unidade eleitoral entre partidos comprometidos com a classe trabalhadora e com as lutas.
A direita ocupa as prefeituras e o poder legislativo
Atualmente, o PSB possui 53 prefeituras no estado de Pernambuco, o MDB 22, o PP, partido do “Pastor” Cleiton Collins e da Missionária Michele Collins está no comando de 16 prefeituras, partido que já oficializou apoio à candidatura de Jair Bolsonaro. Já os partidos de esquerda, tem pouca representação no poder executivo municipal. O PT está em 5 prefeituras do estado e o PCdoB em duas. Aqui, fazemos a ressalva de que a política de ambos, tem demonstrado limites para a nossa classe e para os movimentos sociais, afinal, o PCdoB, por exemplo, esteve na vice-governadoria do PSB de Paulo Câmara, o mesmo que é negligente com as políticas de moradia, de saneamento básico e que contribuiu para a tragédia durante as enchentes. Além disso, foi em sua gestão que durante um ato pacífico no centro do Recife, os movimentos sociais foram vítimas de ameaças e agressões físicas por parte da Polícia Militar de PE, resultando em dois trabalhadores de entrega por aplicativo, que passavam no momento, alvejados nos olhos por tiros da PM, ambos perderam a visão de um dos olhos. Neste cenário, é óbvio que a juventude negra pernambucana é alvo de sua violência também.
Nestas eleições, a direita pernambucana também sai forte no congresso nacional e na assembleia legislativa do estado. André Ferreira (PL), Clarissa Tércio (PP), Pedro Campos (PSB) e Silvio Costa Filho (Republicanos) tiveram as votações mais altas, tendo sido 4 dos 25 eleitos. Para a assembleia legislativa do estado, a preocupação é logo de cara, com os nomes: Pastor Junior Tércio (PP), Coronel Alberto Feitosa (PL) e Delegada Gleide Angelo (PSB). Isso reflete no fato de que a direita tem disputado a nossa classe a partir de pautas que também são centrais como: segurança pública, religião e direitos sexuais e reprodutivos. Porém, disputam por um viés que prejudica nosso povo. Clarissa Tércio, por exemplo, foi acusada de quebra de decoro parlamentar por tentar invadir a maternidade do CISAM e por fazer barulho em frente ao hospital durante o procedimento legal de aborto de uma menina de 10 anos vítima de violência sexual.
Lições para o PSOL
O nosso partido, o PSOL, não conseguiu se diferenciar do PT nestas eleições mesmo trazendo uma chapa de deputadas(os) potentes. Para estadual elegemos Dani Portela (PSOL) com mais de 38.000 votos e tivemos uma votação expressiva em Robeyoncé Lima, candidata que apoiamos e construímos a candidatura, que obteve mais de 80.000 votos para deputada federal, mas não foi eleita. Com a vitória de Dani, às suplentes à vereança Pretas Juntas, assumem sua cadeira enquanto covereadoras na Câmara Municipal do Recife. Mantemos, assim, 1 vaga na ALEPE e 2 na CMR.
O risco de não superar a cláusula de barreira, regra legal que dificulta a representação de partidos como o PSOL, abriu para a proposta de fazer uma federação partidária com a Rede, rebaixando ainda mais o perfil do partido. A federação com a REDE se mostrou inútil tanto programaticamente quanto eleitoralmente, afinal, agora, Túlio Gadelha (REDE) reeleito deputado federal com a soma de votos da federação, sobe no palanque junto a Clarissa Tércio e apoia Raquel Lyra, candidata que não se posiciona contrária ao genocida Bolsonaro. No Nordeste, o PSOL não elegeu nenhum e nenhuma deputada federal.
A Rede é um partido-legenda heterogêneo, com um programa baseado na defesa do “sustentabilismo progressista”, não é um partido do campo da classe trabalhadora. Por isso, foi a favor do impeachment da Dilma que gerou o governo ilegítimo de Temer, se declara como um partido que não é “de esquerda, nem de direita” e seus parlamentares votam, de forma recorrente, a favor de ataques à classe trabalhadora. Por isso, em Abril deste ano, nós da LSR junto à 12 tendências internas do PSOL, nos posicionamos contra esta federação. Em 2023, precisamos seguir em luta pela revogação da cláusula de barreira.
Temos condições de fazer muito mais, com um perfil próprio e coerente, junto a nossa classe e aos movimentos sociais. A votação expressiva de Robeyoncé Lima, por exemplo, só foi possível justamente pela alternativa apresentada por sua trajetória, programa político e campanha junto aos coletivos, movimentos sociais e trabalhadores(es). A jovem ativista socioambiental, Laís Araújo, obteve 2.649 votos, mostrando a força da juventude e a centralidade da pauta da crise climática. O enfermeiro Jhon, num contexto de ataque ao salário de enfermeiras e enfermeiros e de mobilização da classe, teve 1.743 votos. Nosso povo, nossa classe, as mulheres, negras e negros, juventudes, pessoas de diversos territórios se identificam com estes projetos.
Mobilizar a classe trabalhadora pernambucana
Não podemos esperar as próximas enchentes para nos posicionarmos, não podemos esperar mais um aumento da passagem do transporte público, não podemos nos manter como o estado com a maior taxa de desemprego do país, não podemos assistir à perpetuação do poder nas mãos das mesmas famílias, sem que nós mesmas(os) organizemos uma alternativa à esquerda, forjada nas lutas, socialista e comprometida com o nosso povo!
Considerando este cenário, a LSR se coloca como parte do esforço pela vitória de Lula 13 e para mobilizar nossa classe para enfrentar as oligarquias pernambucanas e o crescimento do bolsonarismo e da direita no estado.
Combater Bolsonaro nas urnas e nas ruas!
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Venha se organizar conosco!