Em São Paulo – “Luta, educação e socialismo”

O Ofensiva Socialista entrevistou Professor Joeferson (50002), candidato a deputado estadual pelo PSOL em São Paulo.

O estado de São Paulo é o mais rico e com a maior arrecadação de impostos do país. O que está em jogo nessas eleições no estado?

O que está em jogo é justamente o destino desses recursos todos, fruto do nosso trabalho. Estamos falando de bilhões de reais que vão para os bolsos da iniciativa privada através de Parcerias público-privadas (PPP’s) e isenções fiscais. Esse dinheiro deveria estar sendo investido nos serviços públicos, como saúde e educação, em projetos de moradia popular, de distribuição de renda. Era dinheiro que poderia ter sido usado para conceder um auxílio emergencial estadual durante a pandemia, por exemplo, mas isso não foi feito.

Nessas eleições está em jogo qual será o projeto que vai governar São Paulo pelos próximos 4 anos: um que priorize as necessidades do povo ou um que priorize os interesses das grandes empresas.

A educação pública vem sendo atacada e sucateada há muito tempo. O que precisa ser feito para defender a educação pública e como a sua candidatura fará isso?

A educação pública está sob forte ataque neste país. Nós fomos escolhidos como os inimigos número um do governo Bolsonaro e isso não é diferente no estado de São Paulo.

O que temos visto é um longo processo que vai passo a passo deteriorando as condições de trabalho, atacando nosso salário e direitos, aumentando a quantidade de alunos atendidos por sala, enfim, economizando nos gastos públicos como costumamos ouvir no discurso liberal. Paralelamente a isso vemos um processo de privatização, de entrega das escolas públicas para a iniciativa privada, numa clara transferência de recursos públicos para o setor privado. Isso acontece através das terceirizações dentro das escolas ainda públicas, como no caso dos serviços de limpeza, cozinha e segurança, ou através da entrega completa de algumas unidades escolares para Organizações Sociais (OS’s). As condições de vida e trabalho dos trabalhadores, assim como do serviço oferecido à população, só pioram em todos esses casos.

O que nós precisamos fazer em primeiro lugar é ser uma trincheira nas lutas em defesa da educação pública. Parar a sangria que sofremos nesses últimos anos. Estar lado a lado dos sindicatos de trabalhadores da educação e de organizações estudantis nas lutas, fortalecendo as greves e manifestações. Com isso podemos reverter ataques como a perda das faltas abonadas, o confisco salarial dos aposentados, a implantação do novo ensino médio, a remuneração por subsídio, entre outros.

Para além disso as lutas podem nos permitir avançar em nossas pautas: acabar com a divisão dos professores em categorias diferentes, criar um plano de carreira decente com valorização salarial, reduzir a quantidade de alunos por sala de aula, equipar as escolas e apostar na gestão democrática das unidades escolares, com participação de toda comunidade escolar. Isso só pra começar.

Quais são os principais pontos programáticos da sua candidatura?

Nós queremos trazer para dentro do nosso mandato todas as pautas dos movimentos sindicais, populares e de luta contra as opressões. Esse é o nosso papel. Vamos atuar com plenárias abertas aos movimentos sociais para criar mecanismos de controle popular sobre o nosso mandato e garantir que ele represente o que há de mais avançado e radical da pauta dos movimentos.

Isso posto, nós temos uma identidade: somos radicalmente contra as privatizações e defendemos a estatização dos serviços públicos, assim como de setores estratégicos da economia, com controle dos trabalhadores, defendemos a educação pública e a valorização dos seus trabalhadores, queremos o investimento de 10% do PIB na educação pública e a revogação de todos os ataques dos últimos anos, somos contra toda forma de opressão, seja ela de raça, gênero ou orientação sexual, somos pela demarcação das terras indígenas e quilombolas, enfim, somos pelo FORA BOLSONARO e pela construção de uma alternativa política dos trabalhadores, uma alternativa socialista.

Quais são as perspectivas para essas eleições? Quais são as chances do tucanato realmente ser derrotado?

Essas eleições serão um ponto de inflexão histórico no estado de São Paulo. Nós temos a chance de acabar com décadas de governo tucano e muitos trabalhadores se animam com essa possibilidade.

O problema é qual projeto vai entrar no lugar: Haddad, que lidera as pesquisas, concentra as intenções de voto pela esquerda mas não apresenta um projeto político que de fato atenda as necessidades do povo. Ele tenta dialogar com o empresariado e aposta na velha conciliação de classes, que já vimos dar errado. Defende a continuação das privatizações através das PPP’s, oferecendo os recursos estatais como suporte para ajudar o setor privado a lucrar com os serviços públicos, por exemplo.

Quais são os limites da campanha da esquerda e o que significa a falta de candidatos do PSOL?

O primeiro limite das campanhas da esquerda é retirar a mobilização popular e as lutas diretas do centro do debate e tentar canalizar tudo para as urnas. Vencer as eleições é só uma das tarefas, mobilizar as pessoas para garantir o resultado das eleições e prepará-las para defender nas greves, manifestações e ocupações seus direitos são as tarefas centrais. O segundo limite é a falta de um programa radical de esquerda, que possa enfrentar a extrema direita não só durante as eleições mas depois também.

As candidaturas do PSOL poderiam ocupar exatamente esses espaços. 

Qual é o melhor jeito de combater a ameaça da extrema direita e os ataques do tucanato?

Com mobilização popular, ocupações e greves, armados com um programa radical de esquerda, um programa socialista. Nós já vimos onde um projeto de conciliação de classes nos leva: a um beco sem saídas. Não dá pra conciliar os interesses dos bancos e grandes empresários com os interesses da classe trabalhadora.

Só a luta organizada, armada com um programa radical, que não titubeie em defender nossas pautas, pode parar a extrema direita.

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