Vitória na luta pelo direito ao aborto em Seattle
No mês passado, milhares de ativistas e jovens locais em Seattle obtiveram uma vitória histórica na luta pelo direito ao aborto. Junto com o mandato da vereadora socialista Kshama Sawant, vencemos a luta para fazer de Seattle a primeira cidade santuário do aborto nos Estados Unidos desde que a Suprema Corte derrubou Roe v. Wade (que garantia o direito ao aborto nacionalmente).
A polícia de Seattle agora está proibida de prender pessoas com base em mandados relacionados às leis antiaborto em todo o país, e também será impedida de ajudar nas investigações desses casos. As pessoas com mandados relacionados ao aborto poderão viver em Seattle sem serem extraditadas para qualquer estado que esteja tentando processá-las.
“Não aceitaremos leis fundamentalmente injustas”
“Leis que violam a autonomia corporal básica e criminalizam a saúde reprodutiva são fundamentalmente injustas e nosso movimento não permitirá que Seattle seja cúmplice”, escreveu Sawant em um comunicado celebrando este repúdio à vergonhosa decisão do tribunal de direita. “Que qualquer pessoa ameaçada por leis antiaborto draconianas pode vir a Seattle sem medo de ser processada”!
Toda a classe trabalhadora sofreu uma derrota grave com a derrubada de Roe. Milhares de mulheres e pessoas LGBTQ, assim como provedores de aborto e outros trabalhadores da saúde, poderiam ser forçadas a fugir de seus estados de origem.
Ao conquistar esta legislação, trabalhadores, jovens e socialistas de Seattle demonstraram o que significa ser solidários com a classe trabalhadora para além das fronteiras da cidade e do estado.
Mas ainda mais importante, tal legislação poderia ter impactos profundos se se espalhasse amplamente: se metade dos estados dos EUA aprovarem legislação semelhante, as leis antiaborto em todos os lugares se tornarão mais difíceis de serem aplicadas.
Outras cidades podem seguir o exemplo
O vereador de Chicago Byron Sigcho-Lopez e de Minneapolis Robin Wonsley, assim como Sawant, membros do Socialistas Democráticos da América, planejam impulsionar legislação semelhante em suas cidades.
O amplo apoio e entusiasmo para nossa legislação refletem as pesquisas nacionais que indicam um amplo apoio ao direito ao aborto. Mais de 5,5 mil pessoas assinaram nosso abaixo-assinado em apoio à legislação.
Muitas das assinaturas de petições de aborto foram coletadas durante os eventos da Pride em Seattle no final de junho, onde conversamos com milhares de pessoas da classe trabalhadora LGBTQ sobre a necessidade de um movimento de massa unificado para derrotar os ataques de direita ao aborto, que estão fundamentalmente ligados aos ataques viciados contra a juventude trans e pessoas queer que estamos vendo em todo o país.
Muitos comentaram sobre a falta de liderança dos democratas ou de suas ONGs afiliadas, como Planned Parenthood e NARAL Pro-Choice. Até mesmo as deputadas mais radicais se recusaram a assumir uma verdadeira luta baseada na mobilização dos milhões de trabalhadores que os apoiam – mais uma capitulação à liderança democrata à qual eles prometeram se opor.
Os republicanos e a direita passaram 50 anos se preparando para este ataque frontal total às mulheres e as pessoas trans e não binárias. Enquanto isso, o Partido Democrata passou 50 anos prometendo nos proteger através da codificação em lei dos direitos ao aborto, e depois se recusando completamente a lutar apesar de cada oportunidade. Tragicamente, isto agora pode ser adicionado à longa e crescente lista de promessas não cumpridas dos Democratas, como saúde pública para todos, um salário mínimo federal de 15 dólares por hora, investimentos reais em meio ambiente, e muito mais.
Mobilização foi decisiva
No mesmo momento em que expressaram palavras de indignação sobre a decisão da Suprema Corte, os vereadores democratas tentaram enfraquecer a cláusula que agora obriga a polícia de Seattle a não prender pessoas com mandados relacionados ao aborto fora do estado. A única razão pela qual os democratas recuaram foi a pressão de centenas de pessoas trabalhadoras presentes e pelo mandato de Sawant, provando mais uma vez a eficácia da mobilização da classe trabalhadora.
Cabe agora aos movimentos sociais liderados pelos trabalhadores defender o direito básico ao aborto, e também reconhecer a lição mais importante desta derrota: precisamos de um novo partido para os trabalhadores que não esteja vinculado às grandes empresas e aos bilionários. Precisamos de um partido que seja organizado democraticamente e cujos representantes eleitos, como Kshama Sawant, receba apenas o salário médio do trabalhador e sejam responsáveis perante o povo trabalhador e os oprimidos.
Taxar grandes empresas para garantir recursos
Nosso abaixo-assinado defendendo o santuário do aborto também inclui a enorme demanda popular para aumentar o “Imposto Amazon” sobre grandes empresas que nosso movimento conquistou, para financiar abortos gratuitos para todos os residentes e visitantes de Seattle. Apresentaremos essa legislação neste outono, como parte de nossas exigências do Orçamento do Povo para 2023.
Uma trabalhadora da saúde que assinou a petição ressaltou a urgência e importância desta próxima etapa da luta: “Nosso país está enfrentando uma crise e precisamos agir agora. Se não aumentarmos os fundos e recursos para os abortos, não estaremos preparados quando os pacientes que fogem de Idaho e de outros estados republicanos começarem a chegar. As clínicas de aborto no leste de Washington já estão no limite da capacidade e as coisas só vão piorar. Precisamos nos preparar para enfrentar esta crise imediatamente, aumentando o Imposto Amazon”.