As Eleições 2022 e as tarefas da classe trabalhadora no Rio Grande do Norte – Posição da Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR)

Foto: Saulo Nóbrega

O Rio Grande do Norte e a classe trabalhadora potiguar estão inseridos numa situação internacional e nacional de crises econômicas, sanitárias, ambientais, sociais e políticas. Crises do capitalismo que têm nos explorado, oprimido e exterminado mais e mais por meio das mãos da classe dominante e de seus governos, especialmente quando dirigidos pelos mais reacionários e sua política neoliberal.

Apesar de diversos movimentos de resistência e contra-ataques de trabalhadoras e trabalhadores em todo o mundo, inclusive no Brasil e no RN, a situação atual não nos favorece. Ao contrário, só reforça que é fundamental construirmos instrumentos políticos fortes (partidos, sindicatos, movimentos etc.) que não vacilem de lado e que ajam concretamente pela superação do capitalismo e pela construção de uma alternativa socialista comprometida com a dignidade das pessoas, o meio ambiente, nossas liberdades e diferenças – uma democracia radical do povo e para o povo.

Mesmo que as eleições sejam um momento tático, que acolhe mais flexibilidade na definição de nossas linhas políticas, este é um momento central – não apenas para disputar cargos e buscar viabilizar políticas públicas que garantam o mínimo de dignidade hoje. É também um momento para apresentar para o máximo de gente pautas e instrumentos políticos que apontem, com coerência e consequência, na direção de uma transformação social coletiva profunda. 

Por isso, é um retrocesso que o PSOL, apesar de candidaturas com programas necessários em várias partes do país, tenha optado, de modo significativo, por diluir-se em candidaturas e programas do Partido dos Trabalhadores (PT), sob a justificativa da derrota do Bolsonorismo, ou mesmo, na federação partidária com a Rede, um partido ecocapitalista. Isso enfraquece e confunde a classe trabalhadora, sobretudo no contexto eleitoral. 

É positivo que o PSOL-RN apresente candidaturas próprias e com programas combativos para as eleições 2022. O partido precisa elevar o seu perfil político e inspirar mais lutadoras e lutadores para se engajarem na luta socialista. Isso, hoje, tem sido dificultado por práticas burocráticas que sufocam a democracia interna e diminuem o poder de decisão da militância ativa, o que deve ser colocado na conta do grupo que hoje hegemoniza o PSOL- RN – o Movimento de Esquerda Socialista (MES). Essa situação, contudo, não pode nos fazer desistir de lutar pelo nosso futuro, que precisa ser construído e arrancado desde já! Com mais lutadoras e lutadores comprometidos com um projeto socialista e radicalmente democrático, podemos romper essas amarras!

Derrotar Bolsonaro e o Bolsonarismo é nossa principal tarefa

Sem vacilar na certeza de que derrotar Bolsonaro e o Bolsonarismo é uma prioridade para a classe trabalhadora potiguar, temos que nos empenhar nessa tarefa sem cair na armadilha de agitar Lula, Fátima e as candidaturas do PT-RN como alternativas políticas suficientes ou messiânicas. Isso nos desarma e desprepara para exigir de volta os direitos sepultados e para conquistar todos os outros que a classe trabalhadora nunca teve acesso, seja em que governo for!

Independentemente de nossas campanhas para Governo e Senado, para deputado estadual e federal, precisamos seguir ocupando os locais de trabalho, de estudo, de moradia e as ruas com nossas pautas, dialogando, olho no olho, com trabalhadoras e trabalhadores, conhecidos e desconhecidos. Somente disputando essas consciências e construindo lutas de massa contribuiremos efetivamente com a derrota de Bolsonaro e do Bolsonarismo.

Isso não pode ocorrer com força somente num eventual segundo turno, como no vira-voto de 2018, turno este que não deixará de existir em 2022 apenas pela campanha despolitizada de que um golpe poderia ser barrado se todos votassem em Lula no primeiro turno. Isso não é verdade! Um golpe bolsonarista pode ocorrer no primeiro ou no segundo turno. O que barrará um golpe será nossa organização coletiva para além das eleições, a politização do movimento e nossa capacidade de contra-atacar em cada canto deste país!

É por isso que nesta campanha, precisamos ouvir as demandas e insatisfações de quem está em dúvida ou considerando votar em Bolsonaro. Precisamos dizer, de várias formas, porque votar nessa figura significa aprofundar todas as crises que vivemos, além de pontuar, que estas somente foram, aparente e parcialmente, amenizadas por uma tática eleitoreira descarada – a exemplo dos auxílios emergenciais que terminam em dezembro e da redução do preço da gasolina que só veio no último semestre deste desgoverno. 

É possível falar no risco de golpe bolsonarista e de como o Bolsonaro representa uma ameaça às liberdades democráticas, que foram conquistadas e só serão asseguradas por meio da nossa luta!

É preciso, neste momento complexo, aglutinar aqueles e aquelas que reconhecem como fundamental a necessidade de construir uma força independente de qualquer governo, que efetivamente coloque as vidas acima do lucro. Uma alternativa que enterre o projeto neoliberal e autoritário desse governo nefasto ao mesmo tempo que reconheça os limites da conciliação de classes e entenda que, independentemente dos resultados das eleições, o futuro será de muita luta e, por isso, precisamos nos organizar desde já. 

É por esses motivos que para além de dizer porque “Ele não”, queremos apresentar, em torno das candidaturas e das atividades nas ruas, uma outra alternativa, uma alternativa socialista!

Apoiar as candidaturas majoritárias do PSOL-RN para Governo e Senado

No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT-RN), candidata à reeleição, apesar de ter conduzido um governo incomparável ao de Bolsonaro e com avanços em áreas importantes, vacilou em vários momentos com a classe trabalhadora, como já escrevemos este ano e à época que bancou uma contrarreforma da previdência pior do que a do Governo Bolsonaro. 

Para piorar, nas eleições 2022, o PT-RN abanou o PCdoB em sua candidatura ao governo e reforçou as alianças já cultivadas com o empresariado e a direita. Ajudou a ressuscitar a oligarquia Alves, chancelando como candidato a vice-governador, Walter Alves (MDB-RN), que sempre votou contra a classe trabalhadora potiguar como deputado. 

Na disputa para o Governo do RN, o Senador Styvenson (Podemos-RN) desembarcou em cima da hora no pleito e tem estado num distante segundo lugar nas pesquisas. Flertou com o bolsonarismo em 2018, mas distanciou-se desse campo e ainda não reassumiu esse lugar, apesar de sua narrativa oportunista de outsider, não fazendo campanha efetiva no primeiro turno.

O contexto político potiguar reforça a importância de termos candidaturas majoritárias do PSOL-RN nas eleições potiguares amplificando pontos de um programa socialista em defesa da classe trabalhadora. Por isso, para o Governo do RN, indicamos voto em Danniel Moraes – 50. 

Para nós da LSR, não é secundário o debate sobre quem representa o programa do PSOL. Danniel ser um candidato sem um histórico pulsante de militância de base, além de homem branco, cis e hétero, é um elemento que não nos coloca no patamar que a conjuntura exige, conforme argumentamos com seu grupo político, o MES, e nos debates internos do PSOL. Apesar disso e da necessidade de avançar num programa ainda mais antissistêmico em prol da classe trabalhadora potiguar, Danniel tem defendido propostas necessárias, em temas como: enfrentamento às oligarquias potiguares; programa estadual de renda mínima; priorização de uma matriz energética renovável; e inclusão social – esta última projetada com mais força pelo candidato a vice-governador Ronaldo Tavares, radialista, cego e ativista nas lutas das pessoas com deficiência.

Para o Senado, o PT-RN ressuscitou e trouxe para sua chapa o oligarca Carlos Eduardo Alves (PDT-RN), ex-prefeito de Natal que apoiou publicamente Bolsonaro em 2018, ao disputar o governo do estado. A classe trabalhadora do Rio Grande do Norte não pode aceitar isso com normalidade, nem mesmo sob a justificativa de ser “um mal necessário” para a governabilidade e para o enfrentamento de Rogério Marinho (PL-RN), bolsonarista raiz, que também disputa o pleito. 

Para enfrentá-los, indicamos voto no ecossocialista e trabalhador da educação Freitas Jr – 500 (PSOL-RN). É verdade que a escolha de Freitas carecia de mais debates democráticos no partido, que discutiu outros nomes até a última conferência eleitoral que o escolheu. Também é verdade que, pelo seu histórico de candidaturas na então Rede e por ser recém-filiado ao PSOL, caberia mais tempo como militante do partido, sobretudo nas trincheiras de lutas, para que sua candidatura tivesse mais organicidade. Afinal, o PSOL-RN não é e não pode se tornar apenas uma legenda eleitoral!

Mesmo com essas ressalvas, Freitas Jr. tem apresentado pontos necessários de um programa combativo para a classe trabalhadora norte-rio-grandense. Tem confrontado tanto o oligarca Carlos Eduardo e o bolsonarista Rogério Marinho quanto Rafael Motta (PSB-RN), que tenta se apresentar como uma alternativa de esquerda, tendo este último votado, como deputado federal, a favor do golpe contra a ex-presidenta Dilma e da PEC do Fim do Mundo – Teto de Gastos (Emenda Constitucional 95). 

Apoiar candidaturas proporcionais do PSOL-RN – estadual e federal

Antes de falar das candidaturas proporcionais que apoiamos em 2022, é preciso frisar: para nós trabalhadoras, trabalhadores e jovens desta classe, sobretudo socialistas e revolucionários, as eleições não devem se resumir a projetos de candidaturas pessoais. Devem sintetizar projetos políticos coletivos nos quais apresentamos, num período em que as atenções estão mais voltadas para a política, o programa e o instrumento político que defendemos, expressados, obviamente, por pessoas alinhadas a esse projeto.

No Rio Grande do Norte, a LSR tem apresentado candidaturas proporcionais próprias e coordenado campanhas majoritárias nas últimas eleições, o que não foi possível garantir em 2022. Por isso, em meio a diversas candidaturas de trabalhadoras e trabalhadores socialistas, indicamos voto no PSOL-RN, instrumento político necessário que construímos e disputamos, mesmo diante de suas contradições e incertezas futuras.

Diante das candidaturas que disputam a Câmara Federal em 2022, as Juntas – 5050 são as que mais se aproximam do programa que a LSR tem defendido, por apresentarem uma plataforma de lutas anticapitalista, feminista e antirracista, que trazem a revolução e o socialismo em seu horizonte. 

Essa candidatura coletiva, dirigida pelo MES/PSOL, é oficialmente encampada por Camila Barbosa, diretora da UNE, mas também é composta pelas co-candidatas Letícia Corrêa, coordenadora geral do DCE/UFRN, Cida Dantas, dirigente sindical no Sintest-RN, e Ariane Idalino, assessora da Pastoral da Juventude. Mesmo que tenhamos diferenças políticas no PSOL-RN e em frentes de militância, com as camaradas das Juntas temos partilhado várias trincheiras de lutas nas ruas, nos locais de trabalho e estudo, em defesa das trabalhadoras, dos trabalhadores, das juventudes e do socialismo.

Nas eleições 2022, para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, indicamos voto no Prof. Joaquim – 50222, que apresenta em sua candidatura um programa socialista, popular e combativo, coerente com sua atuação no PSOL-RN e no movimento sindical potiguar. Joaquim é trabalhador da saúde aposentado, ainda atuante no movimento sindical da categoria, e professor de História no Seridó. É um militante com o qual a LSR tem lutado na defesa da saúde e da educação públicas e pelos direitos da classe trabalhadora potiguar, diante dos ataques do governo Bolsonaro e mesmo do Governo Fátima.

O PSOL-RN precisa de mais trabalhadoras e trabalhadores que reivindiquem o socialismo construindo-o e disputando-o como instrumento político, candidatando-se, apoiando e votando em nossas candidaturas! Assim, fortaleceremos a construção desse programa combativo no seu interior, nas eleições, rompendo cláusulas de barreira – com ou sem vitórias eleitorais – e, sobretudo, nas ruas!

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