5° Congresso da Liberdade, Socialismo e Revolução: construindo a alternativa socialista
Militantes de todo o país se reuniram em São Paulo nos dias 16 a 19 de junho para o 5° Congresso da Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR) para debater perspectivas para o Brasil, o cenário político mundial e a necessidade de construir as bases para uma saída de luta e armada com um programa socialista e revolucionário! Foi debatido as crises do capitalismo, seus efeitos brutais para classe trabalhadora e a sua incapacidade de resolvê-los, bem como as respostas dos movimentos das mulheres, povo negro, juventude e a classe trabalhadora. O congresso é a instância máxima da organização com delegadas e delegados eleitos pelas células e onde decidimos os rumos da nossa organização no próximo período. Participaram militantes de todo as regiões do país como também, camaradas de outras seções da Alternativa Socialista Internacional (ASI).
Os debates serviram para nos preparar para esses tempos voláteis onde a pandemia permanece presente e seus efeitos ainda estão sendo sentidos, acelerando a crise estrutural do capitalismo e a polarização. Foi discutido as tarefas que enfrentam os socialistas e os desafios incluindo, criticamente, o período eleitoral extremamente polarizado e perigoso e também as lutas da classe trabalhadora que estouram pelo país e pelo mundo. Em demonstração da determinação dos militantes presentes, a campanha financeira lançada no congresso já ultrapassou sua primeira meta passando de R$5000, mostrando que mesmo nesses tempos de crise a classe trabalhadora está preparada para contribuir com a construção de uma organização socialista e revolucionária!
Esse congresso também foi o primeiro evento nacional presencial da LSR desde o início da pandemia. Foi extremamente importante para nós encontrarmos mais uma vez e conhecer militantes que entraram nesse período de pandemia. Um marco importante também foi que esse congresso foi um de maioria de delegadas mulheres, que combinou também com um grande número de jovens participando mostrando o apelo de uma organização revolucionária para uma nova geração.
Crise do capitalismo e era da desordem
Nem precisa olhar para as notícias do jornal para entender as crises que estão afetando a classe trabalhadora diariamente. O custo da vida está cada vez mais insuportável, estamos vendo mais pessoas em situação de rua e as mudanças climáticas estão resultando em mais exemplos de fenômenos extremos do clima. Tudo isso faz parte de processos internacionais de um sistema em crise.
Danny Byrne, da Alternativa Socialista Internacional (ASI), organização internacional do qual a LSR é a seção brasileira, abriu o congresso com uma fala sobre perspectivas internacionais. A era que estamos entrando agora é uma de total desordem, afetando todos com acontecimentos históricos e uma volatilidade desorientadora. Eventos mundiais que revelam como esse sistema é incapaz de lidar com crises. Como Danny coloca:
“Só a Pandemia e a guerra na Ucrânia sozinhos já são dois momentos de “antes e depois” totalmente históricos. Acontecimentos que costumam chegar uma vez ao século, não em um período tão curto de tempo.
Estes dois acontecimentos têm sido grandes catalisadores. Empurrando o sistema capitalista, para uma fase ainda mais decadente e podre. Uma tempestade perfeita de crises em muitas frentes”.
E estamos vendo os efeitos dessas crises ao redor do mundo com econômicas na beira do colapso, a crise alimentar e climática sendo exacerbadas pela pandemia e a guerra. Anja Deschoemacker, militante da seção Belga da ASI (LSP/PLS) trouxe os números explicando como “em dezembro do ano passado (2021) 39 milhões de pessoas na beira de morrer de fome, 718 milhões de pessoas em extrema pobreza e 1,2 bilhões de pessoas com insegurança alimentar”
No Brasil isso está sendo sentido nitidamente. A América Latina e o Brasil estão na linha de frente das crises, virando o epicentro da pandemia e custando milhares de vidas. Os efeitos de políticas desastrosas que priorizam lucros acima das vidas levou a 600 mil mortes só neste país. Essas mortes estão diretamente ligadas a Bolsonaro que adotou uma política de impedir as medidas sanitárias e a vacina. Esse governo nefasto encoraja o aumento da violência policial, menospreza os efeitos dos desastres climáticos enquanto abre o caminho para que garimpeiros e o agronegócio possam devastar o meio ambiente. Como Yasmim Alves, militante da LSR em Pernambuco colocou que: “Pernambuco teve as piores enchentes dos últimos anos, com 129 mortes. Bolsonaro não faz nada sobre isso e o prefeito (de Recife) responde tirando dinheiro da cultura”. A morte de Bruno e Dom recentemente expõem nitidamente o Brasil de Bolsonaro, onde todos que lutam por melhorias reais são ameaçados ou mortos por atrapalhar os planos dos poderosos e de quem lucra.
Enquanto isso, Bolsonaro aumenta seu tom autoritário, construindo as bases para tentar melar o jogo se for derrotado no processo eleitoral. Bolsonaro já diz que não aceitaria um resultado das eleições onde ele não é vitorioso e está mobilizando sua base já com isso em mente. Como socialistas precisamos estar preparados para isso, entendendo que a única forma de derrotar o Bolsonaro e o bolsonarismo será nas ruas com a luta da classe trabalhadora junto com povos oprimidos e a juventude. “O desafio para nós é derrotar Bolsonaro como uma prioridade no momento político atual.” falou André Ferrari da direção da LSR sua abertura sobre perspectivas nacionais.
Isso só será feito com uma política de luta da classe trabalhadora armados com um programa realmente socialista. O PSOL seria um elemento chave nesse processo, mas com a atual política de não ter uma candidatura própria para construir uma alternativa de esquerda esse papel histórico está sendo abandonado. Os exemplos recentes internacionais de eleições mostram que existe uma forte polarização onde a extrema direita ganha espaço, mas também uma esquerda pode também avançar, uma vez que adota uma política mais radical e baseada nas lutas das massas. Como Marcus Kollbrunner, da direção da LSR falou no congresso, “O período de novas formações não acabou, na verdade deve acelerar… Novas lutas vão impulsionar novas tentativas de criar expressões políticas.”. Vamos ter que lutar para que o PSOL retome seu papel protagonista na reorganização da esquerda e construa uma ferramenta real de luta da classe.
A luta contra as opressões e a exploração
Os mais atingidos dessas crises são as mulheres, negros e negras, pessoas lgbtqia+, povo indígena e a juventude. O Brasil foi um país construído na base da exploração e opressão. Julia Chaves militante da LSR em São Paulo coloca: “O tráfico de pessoas negras escravizadas no Brasil ajudou a financiar o sistema capitalista no mundo inteiro e o racismo ainda hoje é um dos pilares do sistema.” Ao mesmo tempo, são essas camadas umas das mais combatentes e radicais e vimos isso no último período. A luta feminista, antirracista e da juventude será central na luta contra o bolsonarismo e o sistema capitalista. Mas essas lutas só serão vitoriosas se armadas com programa socialista que podem conquistar direitos agora, mas também que apontam para o fim desse sistema racista, machista e opressor.
Como Bárbara Fleury, militante da LSR em Goiás colocou baseado nas experiências de luta no seu estado: “Goiás sempre está entre os 3 estados com mais índices de feminicídios e violência contra pessoas trans. Temos que lutar contra essa violência para valer, levando nosso programa para as ruas para apontar uma saída que vai além do viés apenas eleitoral.”
Lutas estão pipocando ao redor do país. Recentemente não passa uma semana que não tenha uma paralisação, greve ou protesto acontecendo tanto contra as condições terríveis que muitos se encontram como também na defesa de seus direitos. No debate sobre o movimento sindical foram discutidos os rumos dessas lutas com exemplos heróicos de determinação como foi o caso dos professores municipais de São Paulo em 2021 com duas greves somando mais de 120 dias de paralisação. Lutas como a dos trabalhadores da educação, da saúde e dos serviços públicos somam com as dos metalúrgicos, metroviários e de setores mais precarizados como de trabalhadores de apps, apontam ao potencial que a classe trabalhadora tem. É essencial que essas lutas sejam unificadas e que a classe trabalhadora entre em jogo para enfrentar qualquer aventura de golpe que o Bolsonaro possa tentar e para ganhar e garantir seus direitos! Como Eli Moraes, militante da LSR SP coloca: “A luta sindical é fundamentalmente política. Nós lutamos no dia a dia por melhores condições, mas o objetivo é quebrar a roda de exploração por trás das injustiças”.
O contexto desse congresso foi de dificuldades e desafios. Os tempos de crise profunda geram muitos debates, que é o esperado. Esses debates são essenciais para aprofundar e precisar o nosso programa e para preparar a organização para esse novo período. O congresso foi um sucesso na preparação para as bases das lutas e para nos organizar nesse sentido. Saímos com a determinação e convicção de que a luta por um mundo onde todos possam viver com dignidade necessita a construção de uma luta real com independência da classe trabalhadora e armados com um programa socialista e revolucionário. Como Maria Clara da direção da LSR falou no fechamento do congresso: “todos aqui foram mordidos pelo bicho da mudança revolucionária, é como se estivesse dentro de nós. Queremos conquistar cada vez mais pessoas, para um partido que lute pela liberdade da nossa classe, contra a opressão e exploração, com democracia interna, com a radicalidade que o momento exige”. Essa é a tarefa que o momento histórico nos exige e só assim vamos poder acabar com o capitalismo e construir uma alternativa socialista.