“Tirem as mãos de nossos direitos, Nunes”
Entrevista com professora Silvana, na luta contra os ataques do prefeito de São Paulo
Os servidores públicos municipais de São Paulo estão enfrentando uma nova série de ataques brutais aos seus direitos pelas mãos do prefeito Ricardo Nunes e a agenda neoliberal que pretende sugar mais dinheiro dos servidores e desmontar os serviços públicos! Nessa entrevista falamos com Silvana, professora de ensino infantil na EMEI Noemia Ippolito da DRE Pirituba/Jaraguá e militante do Coletivo Luta Educadora durante o ato em frente da câmara municipal para falar sobre esses ataques e a luta contra eles.
LSR: Estamos aqui em frente à câmara municipal com uns 5000 servidores aqui fechando a rua. Você pode explicar um pouco por que esse ato está sendo realizado hoje?
Silvana: Então, na verdade estamos aqui, realizando atos, desde do começo de outubro quando o prefeito Nunes encaminhou para a câmara municipal uma série de projetos que acaba com alguns direitos dos servidores públicos municipais. Tem projeto que está sendo discutido agora, já em votação que mexe com direito de férias. Então, por exemplo, o projeto coloca que se o servidor tem faltas durante o ano ele perde o direito a férias no ano seguinte. Tem projeto também que mexe com o direito das faltas abonadas. Nós temos por ano 10 faltas abonadas, essas são as faltas que podemos usar sem ter que justificar e nem atestar e a gente ganha por elas. Nessa proposta eles querem mudar essas faltas de 10 para 6 e vamos ter que repor essas faltas.
Além disso tem o PLO 07 que é o mais grave de todos porque mexe com nossa previdência. Ele aumenta o tempo de previdência para os servidores e servidoras. Também ele confisca salário de aposentados em 14%. Como está hoje os aposentados que ganham acima do teto do INSS de R$6300 não pagam previdência. O projeto coloca que todo servidor que ganha acima de R$1100 tem que pagar 14% de previdência.
Você falou um pouco sobre as consequências desses ataques nos servidores, mas na sua opinião como que isso foi sentido nas categorias?
Do que a gente tem visto nos comandos de greve, a gente percebe que isso é uma pauta que está causando muita indignação. Isso porque quando você mexe com a previdência você está mexendo com nosso dinheiro quando a gente mais precisa, quando a gente mais necessita dele. Aí eles justificam isso falando que o Iprem está com déficit orçamentário e por isso que eles tem que cobrar do aposentado. Então eles querem que a gente pague o déficit orçamentário que eles causam, e que eles causam na verdade toda vez que eles terceirizam e não fazem concurso público. Então esta pauta tem causado muita indignação e a gente percebe que há disposição para luta.
E diante disso os professores municipais entraram em greve, certo?
Sim, os professores entraram em greve no dia 13 de outubro e desde de então nós estamos fazendo uma trabalho de comando de greve para parar todas as escolas. Tem muitas escolas fechadas mas tem muita escola ainda que está só participando das chamadas para as paralisações. Então aí que está o nosso trabalho nesse momento. Para fortalecer o movimento precisa de maior adesão.
Além dos professores quais foram as outras categorias que estão nesse movimento?
Então, tem muito servidor público aqui da assistência social, da saúde, dos agentes funerários porque esses projetos mexem com todos os servidores públicos municipais.
O que a Luta Educadora está defendendo e como estão construindo a luta contra esses ataques?
Nós tiramos como encaminhamento que temos que fortalecer os comandos regionais, então cada um de nós do coletivo está fazendo um trabalho bem intenso de comando nas suas regiões. A gente também está fortalecendo muita conversa com a comunidade porque essa não é uma luta só nossa, é uma luta que afeta todo mundo que usa o serviço público hoje, então o povo que precisa da escola pública, o povo que precisa da saúde, o povo que precisa da assistência tem que juntar e tem que unir forças porque isso é uma luta de toda a população, não só dos servidores.
A gente também tem uma linha que é que a gente precisa radicalizar um pouco mais esses atos, não adianta ficar fazendo manifestação aqui só no viaduto Jacareí. A gente precisa ocupar as marginais, a gente precisa ir para as ruas, a gente precisa mostrar para toda a população o que esse prefeito está fazendo, o pacote de maldades que está aí.
Isso tudo está acontecendo em um contexto de muitos ataques aos serviços públicos tanto na esfera federal, estadual além do municipal. Como podemos juntar essas lutas e vincular essas questões?
Na verdade são ataques que estão vindo de todos os lados mesmo né. Tem a PEC 32 do governo federal, tem o PLC 26 do Doria que já foi aprovado na ALESP na semana passada e agora esses projetos do governo municipal. A gente tem tentado organizar alguns atos, e na verdade hoje está organizado um ato unificado onde os servidores públicos do estado estão concentrados na Praça da República e depois vão se unir conosco aqui com a ideia de unir as três esferas, a federal, estadual e municipal. Precisamos fazer essa união e construir um dia de greve geral nacional do funcionalismo público.
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