Mercado de Carbono não é alternativa contra o aquecimento global

O principal resultado do Pro­tocolo de Kyoto foi a criação do chamado “Crédito de Car­bono”. A comercialização dos créditos de carbono faz parte do chamado “Meca­nismo de Desenvolvi­mento Limpo” (MDL). Países e empresas que não conseguem reduzir suas emissões podem comprar a “não emissão” de países subdesenvolvidos para que continuem poluindo.

O mercado de carbono movimentou em 2005 algo em torno de 25 bilhões de reais, mas isso não significa dizer que houve redução nas emis­sões de gases estufa, pelo contrário, as emissões só aumentaram desde o período em que o protocolo de Kyoto foi estabelecido.

Lucro como objetivo

A lógica que está por trás do mercado de carbono trata o aquecimento global como um problema que pode ser resolvido por transações financeiras. É sabido que o mercado financeiro possui seus próprios interesses e mecanismos de funcionamento, e que tem a lucratividade como objetivo final.

Em 2005 a União Européia divulgou números que mostravam que dos 25 estados-membros, 21 emitiram 44.1 milhões de toneladas a menos de dióxido de carbono. Aparente­mente isso parece uma boa notícia, mas diversos participantes da Comissão Européia (funciona como o “governo” da UE) disseram que muitos governos podem ter superestimado as reais emissões de suas indústrias quando estabeleceram suas metas de redução.

Alguns especialistas afirmam ainda que as indústrias enganaram os governos quando entregaram seus relatórios de emissões superestimados, pois viam aí a possibilidade de ganhar muito dinheiro comercializando os créditos de carbono, sem que para isso te­nham realmente trabalhado para reduzir as emissões. Os créditos de carbono criados pelo capitalismo nada mais é do que transformar em lucro um problema que pode atingir milhões de pessoas.

Nova matriz energética

Quando se pensa em combater o aquecimento global e em defender o meio ambiente deve-se entender que é necessário substituir a matriz energética que move o mundo atualmente. Isso significa que a produção de energia no planeta não pode mais ser baseada no petróleo, no carvão mineral e em outros tipos de combustíveis fósseis.

Há outras possibilidades de geração de energia que envolve fontes alternativas, como a energia solar, que poderia ser utilizada em larga escala caso oferecesse lucros tão grandes quanto a utilização do petróleo. Mas isso está longe de acontecer, afinal de contas, o sol ainda é gratuito para todo mundo.

A guerra por petróleo iniciada no Iraque mostra que os capitalistas não estão nada interessados em resolver o problema do aquecimento global e, se depender deles, as reservas de petróleo do planeta serão exploradas até sua última gota, ainda que isso signifique passar mais longas décadas despejando toneladas de gases estufa na atmosfera.

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