Explosão em Beirute: solidariedade com o povo libanês, abaixo a elite corrupta!
A enorme explosão de terça-feira, (04/08), a noite, na capital do Líbano, Beirute, ocorreu no centro do porto comercial e deixou pessoas por todo o mundo chocadas. A explosão produziu um grande número de vítimas. Ampla solidariedade foi demonstrada nas mídias sociais por todo o mundo, especialmente após a publicação das fotos e dos números de atingidos, revelando a escala da devastação, as centenas de vítimas, os milhares de feridos e os danos materiais imensos, o que inclui o colapso de diversas habitações, assim como de prédios comerciais e administrativos. Mais de 300 mil pessoas se tornaram sem-teto por conta da explosão.
As causas da explosão ainda não estão claras, mas o fato de que quase 3 mil toneladas de uma substância tão mortal quanto o nitrato de amônio ter ficado armazenada de forma insegura em um galpão do porto por seis anos, apesar dos imensos perigos para a população de Beirute, é um sintoma do quão podre, corrupto e problemático se tornou o estado libanês. Isto também demonstra o quão necessária e legítima é a luta revolucionária iniciada pela juventude e pela classe trabalhadora libanesa desde outubro passado.
Os eventos em torno desta explosão trágica estão, de fato, ocorrendo em circunstâncias excepcionais, já que o Líbano tem passado pela retomada de movimentos sociais de massas desde outubro de 2019. Estes movimentos têm demandado o fim de um sistema dominante que tem alimentado corrupção, sectarismo, empobrecimento e endividamento, enquanto alguns bandidos políticos e banqueiros enriquecem quebrando o restante do país.
Alguns meses atrás, o governo libanês declarou sua incapacidade de pagar suas dívidas e embarcou em uma nova ofensiva de políticas de austeridade. A elite dominante no Líbano tentou reprimir o povo libanês por meio da repressão e alimentando divisões sectárias. Isso se soma à grande disseminação do Coronavírus, o que piorou dramaticamente a crise econômica do país.
Frente a esta nova tragédia, há uma necessidade urgente se posicionar ao lado do povo libanês e expressar nosso apoio internacional. O porto de Beirute representa 70% do comércio do país e foi completamente destruído. Isto significa que foram destruídos depósitos de grãos, o que vai expor o país à uma série crise de alimentos. A escassez e os altos preços de remédios essenciais, alimentos e outros produtos básicos, assim como problemas no abastecimento de energia e água eram problemas sérios enfrentados antes da tragédia por pobres, pela classe trabalhadora e, cada vez mais, pela classe média do Líbano. Certamente, esses problemas serão piorados enormemente.
Diversos hospitais foram destruídos pela explosão, enquanto outros ficaram sem energia elétrica, o que forçou o tratamento dos feridos nas ruas e com meios rudimentares. Muitos feridos internados nas UTIs morreram por causa do blecaute de energia. Diversas cirurgias importantes são realizadas nas ruas com geradores elétricos.
Por isso, Tayaaral’Amaelal’Qaaedi (seção da ASI na Tunísia) afirma a sua absoluta solidariedade com o povo libanês em sua luta e manifesta apoio incondicional à sua luta revolucionária.
- Apoiamos os chamados populares que demandam a abertura de uma investigação independente, transparente e extensiva para identificar as circunstâncias exatas da explosão e as causas reais por trás desta tragédia para que todos os culpados sejam responsabilizados.
- Demandamos que todo o socorro seja organizado, controlado e distribuído pelo próprio povo libanês, pelo estabelecimento de comitês de solidariedade nos bairros atingidos para assegurar que os recursos cheguem até os necessitados, ao invés de servirem para encher os bolsos de políticos, burocratas e empresários corruptos.
- Reafirmamos nosso chamado por uma ampla solidariedade internacional com a luta em curso das massas libanesas e pelo cancelamento total das dívidas do Líbano.
- Demandamos que os bancos e as construtoras sejam imediatamente estatizados e colocados sob controle democrático para evitar que a busca por lucros penalize as vítimas no processo de reconstrução.
- Apoiamos a construção de instrumentos políticos de luta da classe trabalhadora e da juventude no Líbano e no resto do mundo para lutar por uma alternativa socialista como a resposta necessária contra um mundo de guerras, exploração, destruição e pandemia.