Chile: Fora Piñera e o que resta da ditadura!
A juventude, os trabalhadores e o povo chileno estão mostrando o caminho para todos os povos latino-americanos. Não há saída para quem sofre com o desemprego, precarização, retirada de direitos e destruição dos serviços públicos a não ser a luta. O neoliberalismo se derrota nas ruas, nas greves, na mobilização que desafia o poder estabelecido.
Depois do levante popular, reforçado pela greve geral convocada para ontem e hoje (23 e 24/10), o cínico presidente Piñera veio a público pedir desculpas, acenando com o cancelamento do reajuste das tarifas de energia elétrica, aumento nas aposentadorias e outras medidas para tentar conter a fúria popular. O aumento nas tarifas de transporte, principal estopim para as lutas, já havia sido cancelado pelo governo.
Mas, junto com isso, Piñera não apenas manteve o Estado de Emergência, como até ampliou o toque de recolher. A repressão selvagem e covarde de carabineros e exército sobre a população representa um gravíssimo retrocesso do ponto de vista democrático. São os métodos da ditadura pinochetista ganhando corpo. O número de mortos, feridos, presos e desaparecidos cresce a cada dia.
Mesmo assim, nada disso conteve a luta popular. Nem as concessões tímidas nem a repressão impediram as grandes manifestações e greves em setores importantes como portuários, mineiros, educação, saúde e muitos outros. Mapuches e comunidades originárias também se mobilizam. As mulheres mais uma vez estão na vanguarda da resistência apesar da toda a repressão. A juventude continua nas ruas jogando um papel central no movimento.
É preciso que se repudie as manobras para segurar o movimento e esvaziá-lo através de negociações inúteis com esse governo assassino. “Fora Piñera, suas políticas neoliberais e seu sistema político apodrecido” – isso é o mínimo que se pode exigir.
Para avançar, o movimento precisa organizar-se pela base, através de comitês de luta nos bairros, locais de trabalho e estudo. Assim se poderá, sem o freio da burocracia sindical, construir as condições para uma greve geral ativa até a queda desse governo.
Junto com Piñera é preciso que caiam as políticas neoliberais e o regime político que mantém a mesma Constituição da época da ditadura. A defesa de uma Assembleia Constituinte livre, soberana, realmente democrática, popular e organizada pela base é o caminho para reconstruir completamente o país. Assim se poderá construir um governo dos trabalhadores e do povo que possa adotar um programa anticapitalista e socialista!
Porto Rico, Equador, Haiti, Chile, … A rebelião popular e a luta dos trabalhadores se espalham pela América Latina. No Brasil não será diferente. É preciso unir essas lutas e apontar uma alternativa conjunta à crise do sistema capitalista – por uma Federação Socialista da América Latina.