75 anos do fim da Segunda Guerra na Europa: como o Exército Vermelho soviético derrotou o nazismo

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Em 8 de maio de 1945, a Alemanha nazista se rendeu, dando um ponto final para a Segunda Guerra Mundial na Europa. Na União Soviética, o primeiro dia de paz, dia 9 de maio, foi declarado feriado, que continua ainda nas antigas repúblicas soviéticas, como Rússia, Bielorrússia e Ucrânia, e também na Polônia, por exemplo. Na Europa Ocidental, em vez disso, é comemorado o Dia da Europa, sem nenhuma conexão com a vitória sobre a Alemanha nazista, e nos EUA em 1975 foi abolido o único feriado associado à Segunda Guerra Mundial, o “Dia VJ”, quando era celebrada a vitória sobre o Japão em 2 de setembro de 1945. Só esse fato deixa evidente que foi sobretudo a União Soviética que derrotou o monstro nazista.

Dificilmente se encontra um fotografia que se tornou mais famosa do que a imagem de Yevgenij Chaldi de um soldado georgiano do Exército Vermelho plantando a bandeira vermelha no telhado do Parlamento em Berlim após o fim dos combates em 2 de maio de 1945. Também é difícil imaginar uma imagem que simboliza melhor a vitória sobre o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

Para especialistas sérios da Segunda Guerra Mundial, é completamente incontroverso que foi principalmente a União Soviética que derrotou a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Mas nos últimos anos, principalmente depois do conflito entre a Rússia e o mundo ocidental sobre a Ucrânia, houve um “debate” sobre quem realmente mais contribuiu para o aniquilamento do nazismo em 1945. De repente, nos círculos burgueses, tornou-se muito sensível reconhecer a União Soviética como o país mais importante na luta contra Hitler.

Como é frequentemente o caso, dá totalmente errado quando a história é usada para fins políticos. Aqueles que afirmam que o Exército Vermelho não foi libertador, porque seu avanço levou a Europa Oriental a cair sob a opressão stalinista, esquecem que, se você medir dessa maneira, não havia país que fosse “libertador” em 1945. Grã-Bretanha e França continuaram a oprimir suas colônias. Os holandeses retornaram à “sua” Indonésia, onde derrotaram violentamente o movimento pela liberdade. Os britânicos fizeram o mesmo em Aden (Iêmen) e Malásia, os franceses no Vietnã, Argélia e Madagascar. Os EUA apoiaram as ditaduras na Espanha (Franco) e na Turquia. 

Qualquer um percebe que você não pode contar dessa maneira quando a Europa foi libertada do nazismo. Independentemente da restauração do stalinismo, capitalismo e colonialismo, a derrota do domínio nazista deve ser descrita como uma libertação. Pode-se começar perguntando aos prisioneiros em Auschwitz e em muitos outros campos de concentração ocupados pelo Exército Vermelho se eles se sentiram libertados ou não. 

Ainda assim, justifica-se dizer que a União Soviética falhou em sua tarefa de libertação – embora de uma perspectiva completamente diferente da que os comentaristas burgueses veem. A esperança de que a libertação do Exército Vermelho trouxesse um futuro socialista foi destruída. A luta e a auto-organização da classe trabalhadora foram sufocadas. É verdade que o capitalismo foi abolido na maior parte da Europa controlada pela União Soviética após a guerra, mas não com base na democracia socialista e no poder dos trabalhadores. Os regimes no “Leste” seguiram o modelo da ditadura stalinista na União Soviética. Além disso, os partidos comunistas da Europa Ocidental e de outras partes do mundo buscaram alianças e formaram governos de coalizão com a burguesia, o que ajudou a eliminar as esperanças de que o fim da guerra fosse seguido pela abolição do capitalismo.

Vamos agora abordar a história burguesa antissoviética da Segunda Guerra Mundial. Sempre é levantado o tema dos graves abusos contra a população civil alemã que os soldados soviéticos cometeram, o que é um fato. Centenas de milhares de mulheres alemãs foram estupradas por soldados brutalizados e feridos de guerra do Exército Vermelho. Muitos destes eram ex-prisioneiros de campos de concentração que se juntaram ao Exército Vermelho após serem libertados. É claro que essas mulheres alemãs dificilmente se sentiam “libertadas”.

Os horríveis abusos cometidos pelo Exército Vermelho foram reflexo da degeneração stalinista que ocorreu na União Soviética depois que a Revolução Socialista de Outubro de 1917 não foi seguida por vitoriosas revoluções socialistas na Europa e em outras partes do mundo. O isolamento da revolução em um país assolado pela guerra, guerra civil e o bloqueio de fome do imperialismo permitiram à burocracia emergente esmagar todos os elementos da democracia socialista – os sovietes, sindicatos e, finalmente, o Partido Bolchevique. Apenas as conquistas sociais da revolução permaneceram – a abolição do domínio do capital e latifúndio, em conjunto com a economia estatizada e planificada.

Como resultado do progresso social realizado pela economia planificada, o Exército Vermelho, apesar do stalinismo, foi permeado pelo desejo de defender a Revolução de Outubro e pelo antifascismo. A moral de luta era alta, mas não permeada pelo espírito revolucionário e pelo internacionalismo socialista, que foi o fundamento sobre o qual foi construído por Trotsky imediatamente após a revolução. Não era o mesmo Exército Vermelho que mais de 20 anos antes havia salvado a revolução.

Os comentaristas burgueses manipulam e fornecem uma imagem unilateral do que aconteceu para ocultar os abusos cometidos pelos Aliados na Alemanha Ocidental por razões políticas. A historiadora alemã Miriam Gebhardt publicou em 2015 um livro que fornece dados e estatísticas reais sobre os horríveis estupros de mulheres alemãs no final da guerra e logo depois. Miriam Gebhardt mostra que 860 mil mulheres alemãs foram estupradas por soldados estrangeiros nos anos 1945-46.

A coisa mais dramática sobre o livro de Gebhardt é que ela pode revelar uma verdade bem escondida na história, escrevendo que dessas 860 mil vítimas de estupro, 295 mil, ou pouco mais de um terço, foram submetidas a estupro por soldados ocidentais. De fato, a proporção de estupradores entre soldados ocidentais foi maior do que entre soldados soviéticos. Esses fatos foram bem escondidos na história da Guerra Fria, escrita aqui no Ocidente. Houve também milhares de homens alemães que foram estuprados pelos soldados dos vencedores.

O silenciamento e a recusa em reconhecer o sofrimento das 295 mil mulheres alemãs e milhares de homens que foram estuprados por soldados ocidentais revelam um tremendo cinismo na história burguesa. Além disso, o fato de que esses estupros às vezes são usados ​​para tentar reduzir a importância da libertação do nazismo não melhora o caso.

Estima-se que a Alemanha nazista tenha sido diretamente responsável pela morte de 35 milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. Somente na União Soviética, cerca de 20 milhões de civis foram mortos pela invasão alemã.

É do ponto de vista burguês que se observa com entusiasmo que a União Soviética não entrou em guerra para libertar a Europa do nazismo. Isso é verdade. Depois que o ditador soviético Josef Stalin esmagou a oposição de esquerda e direita dentro do Partido Comunista, ele não hesitou em entrar em um pacto de paz com Hitler. Isso aconteceu em agosto de 1939 e permitiu à Alemanha atacar o Ocidente sem ter que se preocupar com uma guerra em duas frentes.

O essencialmente anticomunista Stalin não se baseou em nenhum objetivo socialista, mas todas as suas ações foram norteadas pelo esforço de continuar no poder. Foi por isso que ele executou centenas de milhares de membros do Partido Comunista e foi por isso que assassinou Trotsky. Foi também por isso que, em 1935, ele tentou se aliar às grandes potências coloniais da França e da Grã-Bretanha – o que incluiu um papel ativo em estrangular a Revolução Espanhola em 1937. Quando a França e a Grã-Bretanha rejeitaram o convite de Stalin, era perfeitamente lógico que ele se voltasse para Hitler.

Também é apontado, do ponto de vista burguês, que a União Soviética cooperou com Hitler na participação na Polônia. No entanto, essa história é um pouco mais complicada do que aquilo que os ideólogos burgueses simplistas querem fazer crer.

Em setembro de 1939, o Exército Vermelho entrou e tomou controle de partes da Bielorrússia e da Ucrânia que a Polônia tinha tomado na invasão na década de 1920. Nessas áreas, muitos, inclusive judeus, viam o Exército Vermelho como libertadores da opressão nacional e antissemita polonesa. Por exemplo, um residente judeu da cidade polonesa/bielorrussa de Grodno escreveu em uma carta a seu filho após a invasão soviética:

“Estamos todos vivos, graças a Deus, e foi o Exército Vermelho que nos salvou dos bandidos poloneses. Se o Exército Vermelho tivesse chegado um dia depois, nem um único judeu teria permanecido vivo na cidade”.

Além disso, na década de 1920, a Polônia havia conquistado a capital da Lituânia, Vilnius, que agora foi tomada pela União Soviética e devolvida à Lituânia. A conquista de Stalin dos estados bálticos, alguns meses depois, não diminui os conflitos polonês-ucraniano e polonês-bielorrusso sobre essas áreas. Além disso, o fato de ele ter deportado centenas de milhares de poloneses para campos de prisioneiros na União Soviética lançou as bases para um feroz anticomunismo na Polônia.

Mas aqueles que apontam que a União Soviética não entrou em guerra para libertar a Europa do nazismo deveriam considerar que o mesmo se aplica aos Estados Unidos. Foi Hitler quem declarou guerra aos Estados Unidos em dezembro de 1941.

A atitude de princípio de Stalin continuou a dominar as políticas da União Soviética. Quando o país foi invadido pela Alemanha e Stalin se aliou às potências ocidentais, ele dissolveu a Internacional Comunista como um gesto amigável aos estados capitalistas.

Stalin e a sociedade soviética devem ser distinguidos. Havia uma divisão e contradição entre a insatisfação com a opressão política e grande progresso social. Nessa época – no início da década de 1940 – as pessoas do país ainda estavam experimentando os enormes benefícios sociais que a Revolução de Outubro trouxera 20 anos antes. Havia ainda um espírito pioneiro fervoroso na União Soviética e as pessoas estavam preparadas para defender os ganhos socialistas até a última gota de sangue, embora muitas vezes fossem afetados pela perseguição política de Stalin.

Foi precisamente essa vontade ideológica e socialmente fundada de resistir às tropas de invasão nazista que permitiu à União Soviética não apenas sobreviver ao primeiro ataque alemão devastador em 1941, mas eventualmente derrotar a besta nazista.

Foi pelo temor de uma nova revolução, que era o apelo feito por Trotsky aos cidadãos soviéticos, que Stalin implementou um expurgo em 1937 contra o Exército Vermelho – a criação de Trotsky. A maioria dos comandantes treinados foi expurgada e executada, entre eles o mais alto comandante, Mikhail Tukhachevsky, um dos maiores pensadores militares do século XX.

Isso resultou em desastres soviéticos quando o exército alemão extremamente profissional invadiu em junho de 1941. A falta de comandantes competentes já havia sido notada durante a guerra de inverno contra Finlândia de 1939-1940, mas desta vez a União Soviética foi atingida com tanta força que qualquer outro país provavelmente teria sucumbido. Em junho de 1941, o Exército Vermelho tinha 5,5 milhões de soldados. Até a virada do ano, 4,3 milhões foram mortos ou feridos.

Pode soar como um clichê, mas você não pode explicá-lo de outra maneira senão o espírito bolchevique que fez com que os cidadãos soviéticos se recusassem a desistir. Um relatório alemão de 1941 dizia:

“O que aconteceu com o russo de 1914-1917, que fugiu ou veio até nós com as mãos ao alto assim que nossos disparos atingiram o auge? Agora ele permanece em seu bunker e nos obriga a queimá-lo, ele prefere ser morto em seu tanque, e seus pilotos continuam a atirar em nos mesmo depois que a aeronave deles pegou fogo. O que aconteceu com o russo? A ideologia o mudou!”

A resistência soviética foi reforçada por histórias de pessoas que fugiram das áreas que caíram nas mãos da ocupação alemã. A invasão alemã da União Soviética não foi uma campanha comum, mas uma guerra nazista de extermínio.

Foi dito aos soldados alemães que eles estavam participando de uma cruzada contra “sub-humanos” liderados por “comissários comunistas cruéis”, governados pelos “judeus” que “haviam se preparado para invadir a Alemanha”. Por causa dessa propaganda, houve muitas atrocidades onde os alemães avançaram nos territórios soviéticos. Desde o primeiro dia, prisioneiros de guerra e civis soviéticos foram assassinados sem nenhuma autoridade alemã intervindo para impedir os abusos. Em 30 de junho de 1941, o tenente-general Joachim Lemelsen, comandante do 47º Corpo Blindado Alemão, escreveu: “As estradas são cercadas por inúmeros soldados [soviéticos] mortos que obviamente foram mortos por tiros de perto, na cabeça, desarmados e com os braços levantados”.

Em dezembro de 1941, o Exército Vermelho conseguiu repelir os alemães a frente da entrada de Moscou. Mas foi apenas o começo de uma dura batalha de quatro anos entre a Alemanha nazista e a União Soviética, onde ambos os lados conduziram uma luta sob sinais ideológicos.

O fator decisivo no final foi a economia planificada soviética, que tornou possível realocar rapidamente grandes partes da indústria das partes ocidentais da União Soviética – que logo caíram sob ocupação alemã – para áreas mais ao leste. Já após um ano de guerra, a União Soviética superou os alemães em termos de produção de guerra – o que é notável, considerando que a Alemanha possuía a maior parte dos recursos industriais e de mercadorias da Europa, enquanto algumas das áreas economicamente importantes da União Soviética estavam sob ocupação alemã.

Costuma-se falar sobre a importância do fornecimento britânico e estadunidense para a União Soviética. Obviamente, ele desempenhou um papel importante, mas foi frequentemente exagerado por razões políticas. No caso de aeronaves e tanques, o fornecimento ocidental representava apenas uma fração da produção soviética. Além disso, as aeronaves e os tanques fornecidos pelos ocidentais eram de qualidade muito inferior aos soviéticos.

Por outro lado, o fornecimento ocidental foi de grande importância para o sistema de transporte soviético. A maioria dos trens em serviço na União Soviética durante a guerra veio do Ocidente, assim como dois terços dos caminhões. O fornecimento de alumínio, cabos telefônicos, alimentos enlatados e roupas também tiveram um papel importante.

Mas não se deve esquecer que os Aliados Ocidentais tiveram oportunidade de disponibilizar esse material uma vez que o Exército Vermelho foi responsável por essencialmente toda a guerra contra a Alemanha em 1941-1942. Durante esse período, a guerra dos aliados ocidentais limitou-se à guerra de deserto em pequena escala no norte da África, além de ataques a bomba ainda bastante moderados. Em comparação, todos os combates no norte da África entre os anos de 1941 e maio de 1943 custaram aos alemães 12.808 mortos, enquanto mais de 900 mil soldados caíram no front oriental, 70 vezes mais no mesmo período.

Somente em 6 de junho de 1944 os países ocidentais desembarcaram na Normandia, na França, e entraram em conflito sério com os alemães. O fato de terem sido bem-sucedidos neste país deveu-se ao fato do Exército Vermelho naquela época ter esgotado totalmente as forças armadas alemãs. 63% dos soldados alemães, 75% dos tanques e 45% das aeronaves estavam no front oriental. Se não fosse o Exército Vermelho que os amarrava, os aliados ocidentais nunca teriam sido capazes de realizar sua famosa invasão. Tudo indica que a União Soviética teria conseguido derrotar a Alemanha nazista na guerra, mesmo sem o desembarque dos aliados ocidentais na Normandia – levaria apenas mais tempo.

Os aliados ocidentais ficaram atolados imediatamente assim que estabeleceram uma cabeça de ponte na Normandia. Nessa situação, o Exército Vermelho iniciou uma grande ofensiva no front oriental no final de junho de 1944. Em alguns meses, os alemães perderam 900 mil homens no front oriental na maior derrota militar da história da Alemanha. Isso deu aos ocidentais a oportunidade de avançar na Normandia no final de agosto de 1944.

O Exército Vermelho viria ao socorro dos aliados ocidentais mais uma vez durante a guerra. Em dezembro de 1944, Hitler atacou os estadunidenses nas Ardenas no front ocidental. Nos registros comuns da história tentam esconder a escala do revés estadunidense, mas o fato é que o comandante em chefe dos aliados, Eisenhower, enviou seu chefe de gabinete a Washington com a mensagem de que, a menos que novos reforços fossem mandados rapidamente, a guerra poderia ser perdida.

O general estadunidense Patton, que estava nas Ardenas, escreveu em seu diário em 4 de janeiro de 1945: “Ainda podemos perder a guerra”.

Nessa situação, o primeiro ministro britânico Winston Churchill se voltou para Stalin e apelou por apoio. Stalin concordou em adiantar sua ofensiva planejada para o inverno. Em 12 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho atacou. Apesar de se oporem a forças alemãs tão fortes quanto aquelas que infligiram um revés catastrófico no Ocidente aos estadunidenses, eles derrotaram as posições alemãs. Em pânico, Hitler ordenou a maior parte de suas forças nas Ardenas e quase todas as aeronaves alemãs no oeste ao front oriental. Isso significou o golpe mortal à sua ofensiva nas Ardenas.

Uma revisão da história da Segunda Guerra Mundial mostra que a União Soviética foi sem dúvida o fator mais importante na derrota de Hitler. A União Soviética teve um papel muito maior do que todos os outros adversários alemães juntos. O Exército Vermelho causou 80% de todas as baixas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo quando os aliados ocidentais tinham desembarcado na Itália e na França, os alemães continuaram a sofrer as maiores perdas no front oriental. Mesmo em julho de 1944, quando os aliados lutaram na Normandia, o front oriental foi responsável por 75% das perdas das forças armadas alemãs.

Ao mesmo tempo, as perdas soviéticas eram incomparavelmente mais altas do que nos exércitos alemão e ocidental. O Exército Vermelho perdeu impressionantes 10 milhões de soldados – o que pode ser comparado a pouco mais de 400 mil do exército britânico e o mesmo dos EUA. Uma razão, é claro, é que a União Soviética resistiu em média a cerca de 70% das forças armadas alemãs, mas o Exército Vermelho ainda sofreu 90% das perdas totais dos Aliados.

Elementos importantes foram os comandos soviéticos mais fracos no início da guerra e, acima de tudo, uma motivação de combate significativamente maior no lado soviético. Os relatórios alemães da guerra mostram inequivocamente que os soldados soviéticos estavam extremamente mais dispostos a se sacrificar em batalha do que os soldados dos aliados ocidentais, que justificadamente eram considerados excessivamente cautelosos. Foi precisamente essa forte motivação dos soldados do Exército Vermelho que explica seus enormes sucessos contra a máquina de guerra de Hitler.

Mesmo essa forte motivação entre os soldados soviéticos tentaram ocultar nos livros de história do pós-guerra no Ocidente. A existência de “tropas de barreira de retaguarda” que executavam soldados que se recusavam a atacar foi muito exagerada. O livro Stalingrad Protocols, do historiador alemão Jochen Hellbeck, fornece uma imagem muito boa do verdadeiro moral dos exércitos do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial.

Tragicamente, essa União Soviética fervorosamente antifascista, ainda vigorosa, era governada por um ditador sem princípios chamado Josef Stalin. Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, os sentimentos socialistas prevaleceram em toda a Europa. Os comunistas tinham poder real sobre a sociedade na França e na Itália, e o Partido Trabalhista radical venceu as eleições na Grã-Bretanha na primavera de 1945.

Mas, por medo dos efeitos da proliferação para a própria União Soviética, Stalin se opôs às revoluções reais por 20 anos. Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, ele usou sua influência sobre os partidos comunistas no mundo para ordenar o retorno a um governo burguês com capitalismo preservado – em uma situação em que os trabalhadores da Europa estavam mais próximos de uma vitória socialista do que nunca. Os países da Europa Oriental que Stalin considerava um “tampão” foram submetidos a um regime forçado, onde era simplesmente mais prático para eles copiar o mesmo regime stalinista totalitário da União Soviética.Certamente, pode-se dizer que a União Soviética não cumpriu sua missão de libertar a Europa e o mundo no contexto da Segunda Guerra Mundial, mas não da maneira que afirmam os comentaristas burgueses.

Christer Bergström é autor de mais de 30 livros sobre a Segunda Guerra Mundial e militante do Rättvisepartiet Socialisterna, ASI na Suécia

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