Construir o PSOL nas lutas
A demonstração de que o capitalismo não pode fornecer condições dignas para o conjunto da população, como está ficando claro com a crise que se inicia, exige dos socialistas a apresentação de uma alternativa política de classe.
Como partido que nasceu para organizar os lutadores conseqüentes que se recusaram a compactuar com o giro neoliberal do PT e de Lula, o PSOL pode ser um porta-voz importante dessa alternativa de superação do capitalismo.
Mas, para isso, o PSOL em seu conjunto deve estar em todas as lutas dos trabalhadores contra a tentativa dos capitalistas em nos fazer pagar pela crise. Devemos ter campanhas concretas contra demissões e pela estatização sob controle dos trabalhadores de empresas que demitem.
Muitos militantes do PSOL estão nessa luta, no entanto, o partido não tem organizado isso. Acabamos tendo uma atuação mais frágil e dispersa.
II Congresso do PSOL
A Executiva Nacional do partido se reuniu em dezembro de 2008 e aprovou uma proposta de convocação do II Congresso do PSOL, a ser realizado em São Paulo nos dias 28, 29 e 30 de agosto. Um Congresso, no momento de agravamento da crise, pode ser crucial para o partido. As políticas aprovadas e as formas de organização encaminhadas nele terão uma grande importância para a construção da resistência dos trabalhadores e a alternativa socialista.
Infelizmente, temos que ser realistas. A proposta de resolução que organiza o Congresso representa um grande passo atrás. No I Congresso do PSOL cada 10 militantes indicavam 1 delegado. Hoje a proporção foi para 40. Isso dificulta a participação da base militante do partido e impede que os núcleos do partido sejam espaços de deliberação. As delegações seriam encaminhadas em plenárias municipais, e seria exigido do filiado apenas o pagamento de uma taxa de 10 reais. Ou seja, a estrutura do Congresso segue a estrutura do PT já no seu período de total degeneração.
Com essa proposta, a direção majoritária do PSOL indica que quer um partido para eleições, com filiados que não precisam ser militantes nas lutas diárias, atuando em núcleos, construindo a resistência dos trabalhadores coletivamente.
Essa medida se alia intimamente com a política da direção majoritária que vimos na eleição de 2008. O retrocesso político do partido com a quebra da independência de classe foi observado, entre outros casos, na aliança em Porto Alegre com o PV, assim como a aceitação do dinheiro da multinacional Gerdau. Para sustentar uma política reformista e que não representa os trabalhadores, a direção do partido tem que tolher a democracia interna e impedir que formemos um partido de militantes. Para ilustrar isso, imaginemos se a aliança com o PV fosse votada em todos os núcleos do partido, sabemos que ela não seria aprovada!
A proposta da Executiva deve ainda ser aprovada no Diretório Nacional e devemos nos opor a ela, organizando os militantes para pressionar contra.
Unidade da esquerda do PSOL
Não devemos ficar calados frente a esse retrocesso. Todos os militantes do PSOL que concordam com um partido organizado por núcleos, atuando na luta cotidiana dos trabalhadores, que são contrários a alianças com partidos burgueses, e acham que é na organização da classe trabalhadora, apresentando uma alternativa socialista, que está a principal tarefa do PSOL hoje, devem juntar as forças e combater a política da direção majoritária.
Desde o nascimento do PSOL, o Socialismo Revolucionário vem apostando na unidade desses setores. Tivemos uma vitória importante que foi a formação de um bloco dentro do partido que reúne até agora 5 grupos. Além de nós, o Coletivo Liberdade Socialista (ruptura com o MTL), Alternativa Socialista (grupo que rompeu com o MES), Alternativa Revolucionária Socialista (grupo que rompeu com a CST) e o Reage Socialista (corrente presente no RJ).
Esse foi um importante passo que indica o caminho para a luta dentro do PSOL, que deve ser da busca da unidade. Para o II Congresso, acreditamos que um pólo de esquerda dentro do partido deve ser formado, unificando grupos e militantes dispostos a travar essa luta. Isso deve se dar nas discussões pré-congressuais, no dia a dia do partido e na atuação nos movimentos e na luta direta.
A esquerda deve se colocar à frente na construção dos núcleos de base e na divulgação do partido, pois o período que se abre com a crise deve fazer com que muitos procurem o PSOL como uma alternativa política, e devemos estar prontos para recepcioná-los com nossa prática militante e política revolucionária.