Em tempos de crise quais os rumos do PSOL?
Em tempos de crise precisamos sem dúvida aquecer os nossos tambores, organizar as nossas fileiras e sair para as ruas para denunciar a crie do sistema capitalista. Mas do que isso, precisamos sair às ruas e denunciar os limites deste mesmo sistema, os seus representantes locais e nacionais, que atacam, oprimem, e exploram ainda mais a nós, trabalhadores e trabalhadoras.
Não podemos ignorar que este é um momento importante para discutir e pautar a luta pelo socialismo com liberdade como a única solução para os problemas que enfrentamos no nosso dia. Sem subestimar as mazelas que teremos que enfrentar: falta de trabalho, menos direitos, aumento da miséria, da fome, da violência, não podemos fechar os olhos ao nosso poder de reação, de indignação e de busca coletiva por saídas políticas da crise. O PSOL pode jogar um papel importante, pois como as últimas eleições mostraram, o partido tem poder de aglutinação como uma alternativa de esquerda.
É um erro apoiar candidatos governistas às presidências do Senado e da Câmara
Mas o que vemos é o agravamento do desvio institucional e eleitoral do PSOL. Em meio a todas estas tarefas colocadas para o partido, a ausência na direção destas lutas e mobilizações sociais que vem acontecendo desde outubro de 2008, nos mostra como a política da direção majoritária vem sendo implementada. Ao centrar as nossas forças na luta parlamentar, somos informados pelos jornais de grande circulação que diante de uma disputa para a presidência do Senado entre Sarney (PMDB), este apoiado pelo Presidente Lula, e Tião Viana (PT) a bancada do PSOL declara apoio a Tião Viana, que com o pesar das discussões internas do PT, representa a mesma força política, que flexibiliza as leis trabalhistas, ignora as demissões em massa de trabalhadores, passa medidas e decretos que retiram direitos como um mal menor ao desemprego. O mesmo se repetiu na eleição da presidência da Câmara, com os parlamentares do PSOL votando em Aldo Rebelo (PCdoB).
O distanciamento desta direção do partido das lutas reais e concretas da classe leva a posicionamentos extremamente conservadores e cupulistas. Num momento em que precisamos nos diferenciar e nos colocar como alternativa ao PT, ao Governo Lula, nos aliamos a setores deste mesmo partido. A continuidade desta política aplicada pelos setores majoritários pode levar o PSOL a uma morte prematura, pois os trabalhadores e trabalhadoras sabem muito bem separar o joio do trigo em momento de acirramento das lutas.
Resgatar o papel dos núcleos
Este desvio do seu projeto original se mostra também na proposta apresentada da direção para o II Congresso do Partido. Num momento em que necessitamos organizar as bases, revitalizar os núcleos, debater cotidianamente o programa do partido para enfrentarmos este momento de Crise, a direção nacional propõe um congresso onde a proporção para delegados é de 1 delegado para 40 filiados e em dois passos (plenárias municipais e congressos estaduais), ignorando as estruturas de núcleo, o que secundariza o debate político e restringe a participação da base militante do partido, que em detrimento da sua direção, esta inserida nos processos de luta em curso. A condição para participação é o pagamento de uma cota de 10 reais, o que joga por água a baixo a discussão sobre a importância das finanças como um tema político, de autonomia e independência de classe.
Construir o PSOL a serviço das lutas!
Neste sentido, viemos aqui repudiar a decisão da bancada parlamentar do PSOL em apoiar o Tião Viana e Aldo Rebelo como um mal menor para presidente do Senado. Uma discussão internista, cupulista totalmente descolada da conjuntura de lutas e mobilizações que vivemos e que viveremos no próximo período. Com posturas como estas ferimos o principio da independência de classe inscrita no estatuto e programa do partido.
Repudiamos também esta proposta de congresso em que os núcleos são rifados e a base desconvidada a participar do processo de construção do programa e das bandeiras de luta do PSOL. Reivindicamos uma proposta de organização que leve em consideração a necessidade de revitalizar os espaços de discussão de base, os núcleos, assim como o tema sobre a independência financeira do partido autônomo e sem rabos presos com os patrões. Por isso reivindicamos que o Diretório Nacional rechace a proposta da Executiva Nacional e estabeleça os mesmos critérios para tiragem de delegados do I Congresso (1 delegado por 10 militantes, eleitos pela base).
Num momento de retomada das lutas é fundamental que o PSOL jogue todo o peso na construção de uma luta conjunta da classe trabalhadora. O primeiro passo será o dia nacional de mobilização, no dia 30 de março. A atuação do partido no Senado e na Câmara, e a proposta para o II Congresso Nacional do partido, apontam o contrário para um aprofundamento da via eleitoralista, que coloca as eleições acima das lutas dos trabalhadores como tarefa central.
Chamamos a todos militantes do PSOL que concordam com a necessidade de um partido organizado por núcleos, atuando na luta cotidiana dos trabalhadores e levantando um alternativa socialista, a protestar contra esses novos passos de retrocesso da direção majoritária do partido.