Alternativa Socialista Internacional faz Congresso Mundial e se prepara para a luta
De 27 de janeiro a 01 de fevereiro, quase cem militantes socialistas revolucionários de todos os continentes reuniram-se na Bélgica para realizar o 12º Congresso Mundial do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT/CWI).
Entre os vários documentos e resoluções aprovados, o Congresso decidiu também mudar o nome da organização para Alternativa Socialista Internacional – ASI. A organização está presente hoje em mais de 30 países. A LSR do Brasil participou do Congresso com delegados eleitos e integrantes dos organismos de direção da Internacional.
Esse Congresso teve uma importância histórica. Isso se deu em primeiro lugar pela gravidade da situação internacional e a magnitude dos desafios colocados para os socialistas nesse período histórico.
Uma das grandes conquistas da ASI em 2019 foi a reeleição da companheira Kshama Sawant como vereadora socialista em Seattle apesar de todos os esforços do homem mais rico do mundo Jeff Bezos no sentido de derrotá-la. Kshama, que esteve presente no Congresso, encabeça hoje uma luta pela taxação sobre a Amazon e grandes companhias para que se possa financiar uma política de moradia popular.
Nossa organização nos EUA, a Socialist Alternative, também intervém ativamente na onda de greves que tem marcado o país no último período e participa da campanha em torno de Bernie Sanders. Fazemos isso mantendo nossa independência política e defendendo políticas socialistas junto com a necessidade de ruptura com o Partido Democrata e construção de um novo partido de massas da classe trabalhadora nos EUA.
Camaradas da China/Hong Kong/Taiwan também estiveram presentes. Durante todo o ano de 2019, camaradas do Socialist Action (ASI em Hong Kong) interviram no grande movimento de massas que aconteceu naquela região sempre defendendo a democracia dos trabalhadores e o socialismo.
Os processos históricos de lutas de massas, avanços e derrotas na América Latina, também foram alvo de discussões no Congresso. As conclusões dessa discussão ajudarão na construção de nosso trabalho na região.
O debate sobre nossa intervenção coordenada no movimento mundial contra as mudanças climáticas e no movimento de mulheres que cresce em escala internacional também foi parte fundamental do Congresso. A defesa de um feminismo socialista através de uma ação coordenada de nossas seções por todo o planeta foram parte dos encaminhamentos.
O Congresso debateu e aprovou documentos sobre as perspectivas mundiais, Europa ocidental, Europa do leste e ex-União Soviética, América Latina, Oriente Médio e norte da África, África subsaariana, Construção das seções e da Internacional, uma resolução sobre o trabalho feminista socialista e outras resoluções específicas.
A importância histórica desse Congresso também está no fato de que ele se deu logo após um intenso processo de debate interno e uma divisão no então denominado CIT. O Congresso representou um passo fundamental na reorganização de nossa Internacional, hoje denominada ASI.
A complexidade da situação internacional e a dimensão dos desafios inevitavelmente geram debates e diferenças mesmo entre revolucionários marxistas. A grande questão nessas situações é como fazer um debate efetivamente democrático e que se mantenha dentro de princípios políticos e metodológicos.
Foram mais de sete meses de debate interno em torno de temas políticos importantes como a dinâmica da consciência de massas, a importância do movimento de mulheres e em torno das mudanças climáticas, o trabalho nos sindicatos, a utilização do método do programa de transição, a intervenção eleitoral, a democracia interna etc.
A maioria dos membros do Comitê Executivo Internacional (CEI) do então CIT fez o máximo esforço para clarificar as diferenças e debatê-las de uma forma construtiva, democrática e consequente. Infelizmente uma minoria de membros do CEI, representando uma minoria das seções (mas uma maioria na seção da Inglaterra e Gales), optou por uma luta fracional visando desde o início provocar uma ruptura. O conservadorismo de suas posições políticas refletiu-se numa postura burocrática e antidemocrática internamente.
Em julho de 2019 essa minoria fez uma conferência de sua fração e, sem qualquer legitimidade, passou a declarar-se como sendo o CIT refundado, excluindo da organização a grande maioria das seções, dirigentes e militantes. Como essa minoria controlava o Secretariado Internacional (SI) baseado em Londres, de forma ilegítima e burocrática, tomaram para si o aparato, a estrutura, os recursos, a página na internet e o nome da organização.
Esse nível de degeneração política foi alvo de um esforço de análise e debate entre aqueles que se mantiveram nos melhores métodos e tradições do CIT, em geral marcados pelo alto nível do debate político e a democracia interna. Um balanço histórico de nossa tradição e história começou a ser feito e muitas conclusões já foram tiradas sobre nossas políticas e funcionamento.
O Congresso Mundial refletiu isso. Foi marcado por uma intensa participação democrática, elaboração política muito mais coletiva e maior envolvimento de quadros e seções nacionais. O Congresso foi marcado pelo alto nível político e estabeleceu sólidas bases para o fortalecimento da ASI. Um novo Comitê Internacional foi eleito refletindo a melhor síntese possível entre continuidade e aposta na renovação dos quadros internacionais.
A ASI sai desse Congresso Mundial como um fator relevante no esforço mais amplo de construção das forças marxistas no tumultuado cenário internacional. Ao aprender as lições de seu debate interno e da nova realidade da luta de classes em todo o mundo pode jogar um papel central no próximo período. Conheça as resoluções do Congresso e as posições da ASI e junte-se a nós.