Kshama Sawant – uma socialista contra o homem mais rico do mundo

“O que está em jogo é quem controla Seattle: Amazon ou o povo trabalhador?” – Kshama Sawant. 

As eleições municipais para vereadores em Seattle (EUA) virou uma batalha de enormes proporções e que levanta a questão: quem realmente controla a cidade, as grandes empresas ou o povo trabalhador? A vereadora socialista Kshama Sawant do Socialist Alternative (Alternativa Socialista, CIT/EUA), já tinha alcançado a primeira posição nas primárias no distrito 3 em agosto. Mas nessa reta final da eleição, bilionários e empresários, liderados pelo dono da Amazon Jeff Bezos, estão fazendo de tudo para tentar barrá-la. Os resultados das eleições começam a chegar hoje conforme o sistema eleitoral da cidade onde a votação é pelo correio. 

Sawant está disputando pela terceira vez depois de dois mandatos marcados por um enfrentamento à classe dominante e seus representantes na câmara municipal. Ela foi uma das protagonistas na campanha vitoriosa por um aumento do salário mínimo para 15 dólares por hora e também da campanha pelo controle dos aluguéis que estabeleceria um teto para o valor que proprietários podem cobrar e que ajudaria a combater a enorme crise de moradia que é epidêmica na cidade. 

Essas campanhas já foram suficientes para irritar o “establishment”. Mas foi a reforma tributária, aprovada por unanimidade pela câmara dos vereadores, que aumentaria a contribuição das maiores empresas da cidade, incluindo a Amazon, que deixou os bilionários com medo. Isso os levou a intensificar uma campanha de ataques contra Sawant e qualquer um que apoiasse essas políticas. Jeff Bezos declarou guerra e ameaçou mudar sua empresa para outra cidade. Essa pressão levou a prefeita Jenny Durkan (que Bezos tinha ajudado a eleger financiando sua campanha) a fazer uma manobra vergonhosa para revogar a reforma. Somente duas vereadoras votaram contra a revogação, Sawant foi uma delas.  

Mas a classe dominante também tem medo por outra razão. Kshama Sawant não está sozinha. O mandato dela e as campanhas são fruto de movimentos da base e de lutas da classe trabalhadora. A campanha de reeleição tem o maior número de contribuintes, conseguindo gerar 290 mil dólares com uma média de 20 dólares por contribuição. Mais de 350 pessoas estão ajudando a construir a campanha, indo para as ruas e conversando com a população da cidade, visitando mais de 90 mil casas desde junho. Sawant tem apoio de mais de 15 sindicatos, incluindo de professores municipais, e de outras entidades, além de vários líderes comunitários e de movimentos sociais da cidade e região.

Foi esse tipo de campanha pela base que levou Sawant a sair em primeiro lugar nas primárias, à frente do candidato do Amazon, Egan Orion. Mas agora a classe bilionária dobrou a pressão e utilizaram todos seus truques e recursos para derrotar qualquer candidatura que os ameace. Um sinal claro do seu desespero foi a doação de 1,5 milhão de Bezos para campanha de Orion nessa reta final. Até Republicanos, apoiadores do Trump, também estão doando para a campanha dele, revelando como a classe capitalista se junta quando alguém ameaça seus lucros. Essa é uma das campanhas eleitorais para vereadores mais caras na história do país! 

Em um contexto dos EUA da era do Trump, que é também um país onde as ideias socialistas estão ganhando mais destaque na população, essa disputa tem atraído atenção internacional. É uma luta que revela as divisões de classe de uma forma clara, em que Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, tenta derrotar vereadores que defendem os direitos e a dignidade dos trabalhadores e moradores da cidade. Ao mesmo tempo, depois de uma luta firme e determinada, os movimentos dos trabalhadores representados por Sawant tem toda chance de saírem vitoriosos. Isso terá um grande impacto na lutas e consciência dos trabalhadores no resto dos Estados Unidos e no mundo.

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