Libertação de Lula é derrota da direita! Agora é retomar as ruas e derrotar Bolsonaro
Lula foi finalmente libertado depois de 580 dias preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A decisão por sua soltura foi tomada no final da tarde do dia 8 de novembro pela 12ª Vara Federal em Curitiba. Ela é decorrência da posição votada no Supremo Tribunal Federal no dia anterior rejeitando a prisão a partir da condenação em segunda instância.
A libertação de Lula representa um fato novo com enormes repercussões no cenário político brasileiro. Ela representa uma derrota das forças políticas reacionárias que se organizaram em torno da Operação Lava Jato e que acabaram por levar Bolsonaro à presidência da república.
A prisão de Lula foi parte de uma operação político-eleitoral promovida no âmbito da Lava Jato, dirigida pelo ex-juiz e atual ministro Sergio Moro. Um dos objetivos de Moro e dos procuradores da Lava Jato era retirar Lula do cenário político, impedir sua candidatura nas eleições de 2018 e abrir caminho para as forças mais reacionárias da direita no Brasil.
A divulgação por parte do Intercept Brasil das mensagens trocadas entre o então juiz Moro e os procuradores da Lava Jato deixaram evidentes as irregularidades no processo contra Lula e seus objetivos políticos reacionários.
A perseguição à Lula foi parte das medidas de exceção, autoritárias e anti-populares que se aprofundaram no Brasil depois do golpe institucional que derrubou do governo a ex-presidenta Dilma Rousseff.
Defender a liberdade de Lula nunca significou para nós esquecer as divergências políticas profundas que temos com suas políticas de colaboração de classes e conciliação com setores da direita. Nunca significou também garantir a idoneidade de práticas nefastas adotadas nos governos do PT quando esse partido se adaptou à lógica podre do sistema político brasileiro.
Nossa defesa da liberdade de Lula foi também uma defesa de direitos democráticos básicos contra abusos autoritários que são e serão ainda mais utilizados contra toda a esquerda, o movimento dos trabalhadores e o povo pobre nas periferias. Foi parte da resistência contra a escalada autoritária em nosso país e também da luta contra a criminalização da pobreza e do protesto social. Há ainda muitos presos e perseguidos por um sistema judicial a serviço das elites e contra o povo.
Alertamos, porém, que a libertação de Lula não pode ser vista como a possibilidade de um atalho fácil pela via meramente eleitoral para superarmos o pesadelo atual representado pelo governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. As políticas baseadas em um caminho eleitoral dissociado da lutas, por dentro da ordem, em aliança com setores do próprio sistema político, já provaram sua total ineficácia.
Nos marcos de uma América Latina onde cresce a resistência de massas e os exemplos de sublevação popular se multiplicam, como no caso do Chile, Equador, Haiti, Honduras, Puerto Rico etc., a tarefa da esquerda socialista no Brasil e do PSOL em particular é preparar as condições para a luta de massas contra os ataques do governo e em defesa dos direitos. Somente a força das ruas, a mobilização dos trabalhadores e do povo poderá derrotar Bolsonaro e dar uma basta na situação atual.
Se Lula usar a conquista de sua liberdade para fomentar as ilusões na reconciliação com as elites e um caminho fácil até as eleições, estará colaborando com mais uma derrota para os trabalhadores. Enquanto o PT e Lula seguem insistindo no caminho da conciliação, Rodrigo Maia, o MDB e o chamado Centrão continuam promovendo as contrarreformas no Congresso Nacional, com foi o caso da previdência e agora as contrarreformas administrativa, tributária, um novo retrocesso nos direitos trabalhistas, as privatizações etc.
É preciso retomar as ruas e o caminho das lutas para derrotar Bolsonaro e suas políticas, para dar um basta nesse governo. Isso exigirá o máximo de unidade na luta contra o mesmo inimigo. Ao mesmo tempo, essa unidade não deve impedir que se construa uma alternativa de esquerda, anti-capitalista e socialista, que combata a direita, os patrões e o governo e ao mesmo tempo supere os limites do PT. A libertação de Lula representa uma vitória importante contra a direita. Que ela não sirva para nos desarmar ou confundir diante dos embates que virão.