O regime de Xi está preparando uma versão de Hong Kong da repressão de Tiananmen

Os trabalhadores precisam urgentemente se organizar para resistir à repressão. Construir uma verdadeira greve geral!

O governo de Carrie Lam em Hong Kong aumentou drasticamente o nível de violência policial contra o movimento de protesto pró-democracia. Esta escalada, evidente desde o início de novembro, foi claramente ordenada pela ditadura chinesa. Este é um dos resultados da quarta sessão plenária do Comitê Central do Partido “Comunista” (PCCh) no final de outubro. Xi Jinping realizou um encontro raro com Lam em Xangai logo em seguida para sinalizar ao mundo o apoio do regime para medidas mais brutais contra os protestos em massa, que incrivelmente já dura por quase seis meses.

O PCCh teme as consequências econômicas, políticas e geopolíticas. Ele vê isso apenas como uma “solução final” a ser evitada se possível. Por isso, prefere utilizar os instrumentos “internos” de Hong Kong, elevando a níveis extremos a violência policial dirigida contra os manifestantes – tanto os chamados “radicais” que reagiram contra os ataques policiais com tijolos e bombas de gasolina, como também as dezenas de milhares de manifestantes pacíficos. Estes têm sido novamente mobilizados nos últimos dias através de apelos online urgentes para virem para as ruas.

Ocupações universitárias

O foco da luta na semana passada mudou para as universidades, seis das quais foram ocupadas em algum momento. Essas ocupações foram ações defensivas dos estudantes contra os planos da polícia de entrar nos campi fazendo prisões em massa. O gatilho para o que se tornaram alguns dos mais graves confrontos da luta até agora foi a morte de um estudante de 22 anos, Chow Tsz-lok, no dia 8 de novembro. Chow morreu de ferimentos sofridos durante uma operação policial para desocupar uma garagem de estacionamento. As circunstâncias são suspeitas.

Quando a raiva dos jovens explodiu, foram feitas chamadas em plataformas de mensagens online – o principal centro organizador da luta – para uma “greve geral”. Na realidade, esta não foi uma greve de trabalhadores, mas uma série de ações diretas de jovens manifestantes com o objetivo de sabotar e fechar as principais vias de transporte, como túneis de rodovias e pontes. Apesar disso, grande parte de Hong Kong foi paralisada na semana passada, causando a mais grave ruptura econômica da luta até agora. A bolsa de valores de Hong Kong caiu 5% durante a semana. Escolas e universidades fecharam e ainda estão fechadas.

Muitas universidades estão localizadas perto de grandes estradas ou ferrovias e o objetivo dos manifestantes tornou-se o de proteger as universidades e, ao mesmo tempo, causar o máximo de transtorno para as rotas de transporte nas proximidades. A resposta da polícia foi lançar ataques sem precedentes de armas pesadas com canhões de água, carros blindados e “mais de tudo”, ou seja, gás lacrimogêneo, balas de borracha etc., nas universidades ocupadas, a fim de eliminar as “fontes” da luta.

As ações do governo não são para “restaurar o Estado de Direito” como ele alega, mas para usar o terror estatal para reprimir os estudantes e jovens que têm sido a espinha dorsal da luta. Eles estão seguindo a cartilha de Tiananmen, embora até agora com métodos menos letais, mas com exatamente o mesmo objetivo. Tal como em junho de 1989, o objetivo é restabelecer a autoridade da ditadura com uma demonstração esmagadora de violência estatal para dissuadir qualquer um que desafie o seu poder.

Em apenas um dia, no último domingo (17 de novembro), quando a polícia montou um cerco na Universidade Politécnica (Poly U), mil granadas de gás lacrimogêneo foram disparadas ao campus. A polícia também usou bombas de efeito moral e alguns policiais carregaram fuzis – pela primeira vez. Uma declaração da polícia alertou que munições reais poderiam ser usadas se os ocupantes não se rendessem. Jovens ocupantes postaram seus últimos desejos nas redes sociais, pois muitos esperavam um massacre, o que ainda é uma possibilidade terrível.

Detenções em massa

O cerco e a ocupação da Poly U ainda continuam no momento da escrita, embora com muito menos manifestantes permanecendo dentro dela. Mais de 1,1 mil estudantes e seus apoiadores foram presos durante um período de 24 horas. Centenas de menores foram libertados depois de serem registrados, mas correm o risco de acusações graves posteriormente. Mas todos os jovens com mais de 18 anos que foram presos agora estão sendo detidos na maior prisão em massa do movimento até agora. Várias centenas desses jovens enfrentam acusações de rebelião.

Há imagens mostrando policiais chutando e espancando estudantes presos. Muitos dos ocupantes sofreram ferimentos graves, incluindo hipotermia e fraturas, com 280 agora hospitalizados. Ainda assim, a polícia negou o acesso de voluntários médicos aos estudantes feridos, ameaçando tratá-los da mesma forma que os “desordeiros”. Somente sob pressão pública crescente a polícia foi forçada a permitir que uma equipe da Cruz Vermelha entrasse no campus da Poly U.

Um grupo duro de talvez 100 jovens se recusa a desistir. A polícia deixou claro que todos os que forem presos serão processados com base em acusações de rebelião, o que leva a uma pena de prisão de 10 anos. Outros fizeram fugas ousadas e desesperadas, em alguns casos usando cordas para descer das pontes até onde os “pais” (cidadãos voluntários) os levavam em carros e motos para escapar do cerco policial. Dezenas de pessoas escaparam através de estreitos canos de esgoto subterrâneos, com pouca largura suficiente para rastejar, antes que a polícia descobrisse e bloqueasse essa rota de fuga.

Grupos de direitos humanos e até mesmo governos estrangeiros (que normalmente estão em silêncio) condenaram a violência policial. Muitas pessoas ficaram transtornadas e comovidas com essas cenas. Pais, políticos e assistentes sociais, muitos em lágrimas, vieram pleitear e pressionar a polícia para levantar o cerco e permitir que os jovens saiam ilesos.

Tácticas da juventude

“Antes, eu me perguntava se algumas coisas que os manifestantes, ou aqueles que pareciam ser manifestantes, faziam iam longe demais. Mas agora eu tenho uma compreensão mais profunda de porque eles tinham que usar essas táticas”, disse um pai que estava tentando resgatar sua filha de 17 anos da Poly U. “Os coquetéis molotov que eles jogam são principalmente para criar uma distância da polícia”, disse ele ao New York Times.

“Não entendo por que a polícia tem que reprimir os estudantes dessa maneira”, disse uma mãe em lágrimas com duas filhas presas no campus a um repórter do South China Morning Post. “Não me importo de morrer. Por que devemos ficar em Hong Kong quando nossos filhos não têm medo da morte?

O governo – equivocadamente em nossa opinião – acredita que os manifestantes da linha de frente perderam apoio de massa, dando-lhes a oportunidade de intensificar a repressão e esmagar os protestos o mais rápido possível. A estratégia do regime do PCCh tem sido criar deliberadamente o caos com um policiamento brutal: banir manifestações pacíficas, provocar uma reação violenta da juventude, infiltrar-se nos protestos e tentar esgotar e desintegrar o movimento.

Mas a louca violência do estado causou uma grande reação na opinião pública. Na hora do almoço todos os dias por mais de uma semana, milhares de pessoas na Zona Comercial Central, principalmente funcionários do setor financeiro, participaram de bloqueios de estradas e manifestações, muitos usando máscaras que até ontem eram ilegais sob uma lei de emergência que agora foi anulada pela Suprema Corte.

Há uma semana, a Universidade Chinesa de Hong Kong foi palco dos mais ferozes confrontos com a polícia. Uma batalha pelo controle de uma ponte sobre uma grande rodovia foi travada ininterruptamente durante 30 horas. Nesse momento, milhares de pessoas vieram ao local para apoiar os manifestantes. Quando, alguns dias depois, a Poly U foi cercada, dezenas de milhares de pessoas responderam aos apelos online para “salvar os estudantes”, aglomerando-se nas linhas policiais perto do campus e da área próxima de Yau Tsim Mong como uma tática para tentar distrair e afastar a polícia. Esses protestos de solidariedade foram recebidos com exatamente a mesma violência frenética da polícia, que incluiu ônibus policiais sendo dirigidos em alta velocidade em direção aos manifestantes. Estes são métodos terroristas contra a população.

Unidades especiais da polícia de elite conhecidas como as “aves de rapina” cercaram a Poly U nos últimos três dias, permitindo apenas uma saída para os manifestantes saírem e se renderem, todas as outras saídas sendo submetidas a pesado bombardeio com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para evitar que os manifestantes escapem. Tanto na Universidade Chinesa como na Poly U, uma vez que as ocupações começaram, os manifestantes começaram a organizar cantinas autogestionadas chamadas de “Café Resistência”, barreiras de segurança, produção em massa de coquetéis molotov e projéteis.

O apoio aos manifestantes entre camadas significativas da sociedade e o clima para “defender” os estudantes é baseado no medo generalizado de que o governo e a polícia estejam se preparando para uma repressão sangrenta: uma “versão Hong Kong de 4 de junho” (a data do massacre de 1989 em Pequim). Os relatos da linha de frente da Universidade Chinesa na semana passada, e agora da Poly U, confirmam esses temores. Um policial de fora da Poly U disse à mãe em lágrimas de um garoto de 16 anos preso dentro de casa: “Não há chance de que isso acabe pacificamente”.

Diante de uma força armada tão extrema e esmagadora, os estudantes têm usado armas simples, como coquetéis molotov, catapultas e até mesmo arco e flecha, em uma tentativa de impedir que a polícia avance e invada os campi para fazer detenções em massa.

Autodefesa

Enquanto a polícia e alguns meios de comunicação estão fazendo um grande alarde sobre a violência dos manifestantes, o fato é que estas são lutas defensivas contra a polícia que, em todos os casos, iniciam a violência e comandam uma força muito mais mortífera. É uma luta incrivelmente unilateral e, como tal, apesar de um teor inspirador de heroísmo e sacrifício, não é a base sobre a qual uma luta bem-sucedida pode, em última análise, ser construída. O movimento tem o direito de se defender contra a brutalidade policial. Mas para uma luta bem-sucedida, essa autodefesa precisa estar sob controle democrático. Infelizmente, a luta de massas até à data não produziu organizações de massas que possam exercer esse controle democrático. Ao invés de ser o foco principal da luta, todas as questões de táticas “militares” devem estar subordinadas à questão principal da mobilização e construção de um movimento organizado.

Está sendo apresentado pela polícia e alguns meios de comunicação como se os jovens tivessem iniciado a violência, o que não é verdade. As primeiras semanas do movimento – com milhões marchando em junho e novamente em agosto – foram amplamente pacíficas. Mesmo a depredação da sede do Conselho Legislativo (CL) em julho não resultou em quaisquer ferimentos graves. Este foi, em grande parte, o padrão até às últimas semanas. Os coquetéis molotov só foram lançadas em agosto, quando o regime já tinha começado a proibir todas as manifestações convocadas pela “ala pacífica” do movimento: os políticos pan-democratas e as suas ONG aliadas.

É o estado – a polícia de Hong Kong sob ordens do PCCh – que em cada estágio elevou o nível de violência em uma tentativa de aterrorizar as massas até a submissão. Essa é a estratégia que o estado escolheu como uma política calculada para primeiro provocar destruição massiva e depois usar isso para desacreditar e isolar a juventude.

A única maneira de mudar a ênfase da luta para longe dos confrontos físicos e do vandalismo, que não vai no final provar um método eficaz contra uma força policial militarizada bem treinada, é com uma estratégia de mobilização em massa e especialmente para a classe trabalhadora de Hong Kong estabelecer e construir suas próprias organizações. Estas serão o “cimento” político que pode manter unida uma luta de massas bem-sucedida.

A classe trabalhadora é a chave

Os socialistas não estão sozinhos na compreensão de que a classe trabalhadora é a força decisiva em grandes lutas políticas contra regimes autoritários. Esta foi a conclusão irrefutável de um estudo recente de estudiosos noruegueses publicado no Washington Post (24 de outubro de 2019), que analisou os movimentos de democracia de massa ao longo dos últimos cem anos:

“Em um novo estudo, examinamos sistematicamente como os cidadãos têm procurado promover a democracia em cerca de 150 países. Eis o que encontramos: Os trabalhadores industriais têm sido agentes-chave da democratização e, quase sempre, ainda mais importantes do que as classes médias urbanas. Quando os trabalhadores industriais mobilizam a oposição em massa contra uma ditadura, é muito provável que a leva à democratização.”

Esta é a lição que o movimento de Hong Kong deve abraçar se quiser vencer.

A situação depois das ocupações universitárias é complicada. Muitos estudantes sentem que foram vendidos e abandonados, causando divisões bastante sérias entre os jovens ativistas. Isso enfatiza o fato de que quanto mais a luta chega a uma conjuntura crítica, como hoje, mais ela precisa de organização democrática.

A oposição de muitos jovens a um movimento mais organizado e tradicional decorre do papel passado de políticos pan-democratas que usaram seu controle do “palco principal” para monopolizar a liderança dos protestos. Os líderes pan-democratas não queriam que essas lutas se desenvolvessem e se radicalizassem, então, na maioria dos casos, cancelaram as lutas antes que elas tivessem alcançado ganhos concretos. Mas rejeitar estruturas formais e organizadas em favor de uma luta totalmente descentralizada e sem organização, embora isso também tenha produzido muitos métodos de protesto inovadores e engenhosos, não salvaguarda contra o sequestro da direção por alguns líderes autointitulados.

É necessária uma organização de massas

A estratégia para derrotar uma ditadura poderosa e cruel tem de ser formulada conscientemente, por representantes eleitos pela base ampla, através do debate e da discussão sobre os objetivos políticos em primeiro lugar, mais do que as táticas, que deveriam sempre decorrer de uma linha política clara. Por esta razão, o movimento em Hong Kong precisa urgentemente estabelecer estruturas democráticas e uma verdadeira organização de massas. É por isso que devem ser criadas comissões democráticas nas escolas, nos locais de trabalho e nas comunidades locais.

O PCCh e o governo de Carrie Lam estão preparando ataques ainda maiores aos direitos democráticos. O Congresso Nacional do Povo da China declarou guerra ao Supremo Tribunal de Hong Kong depois da decisão dessa semana de anular a lei anti-máscara de Carrie Lam. Se o CNP impor sua posição, ele irá minar completamente o judiciário independente de Hong Kong, que é um dos últimos elementos de “um país, dois sistemas” que ainda existe. A lei anti-máscara foi imposta em outubro porque o governo queria testar o terreno para um uso mais amplo da Lei Regulamentar de Emergência da era britânica. Esta é uma antiga e draconiana “arma nuclear” legal que foi usada pela primeira vez em 1922 contra a histórica greve dos marinheiros de Hong Kong, que paralisou o território por mais de um ano e desempenhou um papel importante na emergência de organizações de trabalhadores na China na década de 1920.

O último ataque do CNP é uma preparação para que Pequim continue a acorrentar o poder judicial em Hong Kong. As eleições para o Conselho Distrital previstas para domingo (24 de novembro) poderão ainda ser canceladas, utilizando como pretexto os últimos confrontos. Estas eleições para conselhos locais bastante insignificantes e impotentes são vistas como um referendo sobre a luta contra o governo e poderão levar a perdas históricas para os partidos pró-Pequim.

Além disso, sete legisladores pan-democratas enfrentam agora a prisão por causa de um protesto que ocorreu no Legco (Conselho Legislativo, o falso parlamento de Hong Kong) há seis meses. Isto parece o início de uma nova onda de desqualificações para transformar o semi-eleito Legco numa fortaleza do campo pró-PCCh.

Não há como voltar atrás na luta que começou em junho. Mas para avançar é necessária uma nova estratégia e especialmente um apelo organizado às massas chinesas. Um apelo às massas chinesas requer uma abordagem diferente – amigável e política. Queremos uma luta unida contra o regime brutal de Xi Jinping. Se mesmo a metade da energia que foi investida por alguns setores do movimento de protesto em apelar ao Congresso dos EUA (que nós prevemos que vai levar a muito pouco) for investida em chamar manifestações e ações coordenadas para apelar para que trabalhadores e jovens do continente se juntem à nossa luta, isso poderia representar um renascimento explosivo do movimento de massas apontando em uma direção que vai aterrorizar o PCCh.

A classe dominante está dividida

A coesão interna do establishment capitalista pró-Pequim foi seriamente abalada. Recentemente, o antigo presidente do Legco, Jasper Tsang Yok-sing, deu uma entrevista excepcionalmente franca a um sinólogo francês. Tsang afirmou que o principal partido pró-governamental, a ADM (Aliança Democrática para a Melhoria e o Progresso de Hong Kong) já tinha solicitado a Carrie Lam que aceitasse uma comissão independente para investigar a polícia – uma das cinco exigências do movimento. Apesar de que a maioria dos líderes do establishment pró-Pequim são favoráveis, Lam rejeitou-a, citando a autoridade “frágil” da força policial. A verdadeira razão é a posição da linha dura do PCCh e da reunião da Quarta Plenária para aumentar a repressão e preparar uma repressão.

Políticos do establishment como Tsang têm total responsabilidade pela crise atual. Eles apoiaram a lei de extradição e os expurgos, prisões e a repressão contra o movimento democrático que ocorreu nos últimos três anos. Mas agora o campo do establishment está profundamente dividido, com muitos insistindo para que o governo faça concessões para acalmar a raiva em massa. Temem uma instabilidade permanente em Hong Kong, que poderia prejudicar o sua posição de centro financeiro global, que anteriormente gerava grandes lucros.

O dilema da classe capitalista de Hong Kong é que seus super-lucros são dependentes do capitalismo autoritário e não “democrático”. É por isso que os super-ricos estão inteiramente do lado da ditadura e se opõem veementemente até mesmo a reformas democráticas limitadas. Vinte e quatro famílias de Hong Kong possuem 50 por cento da riqueza da sociedade – uma concentração extrema de poder econômico que tem poucos pares em todo o mundo. Os magnatas capitalistas sabem que isso não seria possível na mesma medida se as massas pudessem eleger um governo. Como afirmou infamemente o antecessor de Carrie Lam como Chefe do Executivo, C Y Leung: “A democracia levaria as pessoas mais pobres a dominarem o voto em Hong Kong”!

Mas agora este modelo autoritário, produzindo um regime econômico que pode ser melhor descrito como neoliberalismo a base de esteróides, está enfrentando uma crise permanente. O capitalismo está causando uma enorme desigualdade – tanto na China como em Hong Kong – e a arrogância perversa dos governantes autoritários está alimentando níveis inimagináveis de raiva. Setores dos capitalistas temem as políticas do PCCh, que anteriormente geraram bilhões de dólares, estão prestes a destruir Hong Kong econômica e socialmente. O que é ainda mais preocupante, eles entendem, é que esse embuste pode ser repetido na China em um futuro não tão distante.

O PCCh está ordenando que Carrie Lam ignore todas essas ideias de concessões. Seu ponto de partida não é o que está acontecendo em Hong Kong, mas seu medo de que qualquer fraqueza que eles mostrem em relação a Hong Kong cause ainda mais instabilidade na China continental.

Construir uma verdadeira greve geral!

É mais importante do que nunca recorrer à greve como a melhor forma de organizar a resistência. Para uma verdadeira greve, temos de contar com os trabalhadores para se organizarem e construírem sindicatos mais fortes. Os manifestantes de Hong Kong há muito que tiveram a ideia de uma greve, mas dado que a classe trabalhadora não tem sindicatos fortes, até agora não houve uma greve coletiva eficaz. Uma greve precisa ser organizada e liderada, não pode simplesmente “acontecer”. Ela precisa estar enraizada nos locais de trabalho, nas escolas e nos bairros, não apenas online. Aplicativos e fóruns de mensagens podem ser uma ferramenta poderosa, mas eles são apenas uma ferramenta. A organização dos trabalhadores deve tornar-se uma realidade física, estimulando todos os trabalhadores a aderir ou a criar um sindicato.

As licenças por doença e as férias espontâneas não substituem a ação coletiva lançada pelo sindicato contra o terror dos patrões. Infelizmente, ao longo dos últimos meses, os dirigentes sindicais oficiais mantiveram-se em grande medida em silêncio.

Para organizar e liderar este movimento, são necessárias estruturas que permitam a criação de comitês democráticos onde todas as questões possam ser debatidas e votadas. É muito mais difícil para a polícia e os agentes governamentais infiltrarem-se em reuniões abertas e comitês democraticamente eleitos do que inserirem-se em fóruns on-line e multidões anônimas para desviar e causar estragos. Estruturas organizadas e abertas significam que todas as ideias podem ser desafiadas e combatidas com outras propostas e todos declaram quem são e que grupo representam.

A Frente Cívica de Direitos Humanos (a rede pan-democrática que chamou as históricas manifestações de 9 e 16 de junho), que foi marginalizada como resultado da proibição de manifestações pela polícia, precisa mostrar uma liderança nesta situação. Deve anunciar uma assembleia de massa de um dia aberta a representantes de locais de trabalho, escolas e grupos de campanha, para discutir o caminho a seguir para a luta de massas e como resistir ao plano do governo para uma repressão tipo “4 de junho” em Hong Kong.

Depois de mais de cinco meses de luta de massas, mais e mais manifestantes estão começando a reconhecer a importância das organizações da classe trabalhadora. Há um potencial em muitos locais de trabalho para começar a organizar sindicatos, que deveriam então coordenar e assumir o papel principal na luta de massas.

A Ação Socialista defende:

  • Organizar sindicatos e comitês de greve, preparar-se para lançar uma verdadeira greve geral!
  • Mudar o modo de luta e tornar a luta dos trabalhadores a espinha dorsal do movimento!
  • Cinco demandas e nem uma a menos, mas as demandas também precisam ser ampliadas para incorporar as necessidades urgentes de subsistência da classe trabalhadora!
  • Exporte a revolução para a China pela luta de massa unida dos trabalhadores do continente e de Hong Kong para derrotar a ditadura do PCCh!Acabar com o regime capitalista antidemocrático de Hong Kong. Substituir o Conselho Legislativo antidemocrático por uma verdadeira Assembleia Popular, baseada no sufrágio universal a partir de 16 anos de idade, para imediatamente implementar políticas em prol da classe trabalhadora e romper o poder econômico dos capitalistas!

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