Preservar o meio ambiente, destruir o sistema!
Desde a campanha eleitoral de 2018, há uma preocupação clara sobre os rumos que as políticas ambientais tomariam caso Jair Bolsonaro assumisse a presidência. As declarações de Bolsonaro sobre o meio ambiente sempre foram polêmicas, porque tratam qualquer preocupação com a preservação da floresta e os povos originários como algo que atrapalha o crescimento econômico do país.
Segundo o INPE, de agosto de 2018 a julho deste ano, houve alertas que indicaram que 6,8 mil km² foram desmatados, enquanto que no mesmo período de agosto de 2017 a julho de 2018 os alertas sinalizaram desmate em 4,5 mil km², havendo um aumento de 64,8%. De acordo com o Ibama, o órgão aplicou um terço a menos de multas a infratores ambientais em 2019 do que no mesmo período do ano passado. A queda no número de autuações coincide com um aumento dos registros de desmatamento e de incêndios florestais em 2019.
O caos ambiental que vivemos ficou evidente no dia 19 de agosto de 2019, quando o céu da cidade de São Paulo escureceu às 15h00 da tarde. Isso ocorreu porque chegou ao estado uma fumaça que veio de grandes focos de queimadas que foram observadas sobre a Bolívia, Rondônia, Acre e no Paraguai durante aproximadamente 16 dias. O vento das camadas mais elevadas da atmosfera mudou de direção com a passagem da frente fria, fazendo com que a fumaça fosse direcionada para o estado de São Paulo, mas também para a região sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Incêndios não são raros nesta época do ano, porém não nesta proporção. Segundo o IPAM, 2019 foi o ano menos seco em relação aos 3 últimos anos, portanto, o tempo seco não explica o aumento das queimadas. Houve sim um significativo aumento de incêndios ilegais, em cerca de 70%, o que contribuiu para o crescimento dos focos de incêndio na região amazônica.
O avanço do desmatamento está conectado com os interesses ecologicamente insustentáveis de lucro pelo agronegócio que hoje controlam o governo. Antes mesmo dos cortes no Fundo Amazônia, vimos um aumento drástico dos focos de incêndio na floresta amazônica. O levantamento do Inpe feito diariamente por satélite mostra que apenas entre os dias 18 e 19 de agosto apareceram 1.346 novos focos no país. Desde o dia 15 de agosto são 9.507 novos pontos de queimada. O governo Bolsonaro já vinha cortando verbas do Ibama, justamente nas áreas de fiscalização, além de recentemente ter demitido o diretor do INPE que desmentiu o presidente ao defender os dados técnicos-científicos da instituição. Parte desse mesmo processo de desmonte são os cortes nas universidades públicas que produzem conhecimento científico e profissionais qualificados sobre a situação ambiental do país.
A intensa sede por lucro a qualquer custo, conjuntamente com o fortalecimento da bancada ruralista no congresso, os ataques aos territórios indígenas e dos crimes ambientais como Brumadinho e Mariana, fazem do Brasil um dos países que mais desmata e que mais utiliza agrotóxicos. Tudo isso se intensificou com o governo Bolsonaro, que com sua política devastadora declarou guerra ao meio ambiente.
Greve Mundial pelo clima
As greves pelo clima são um fenômeno em rápida expansão. São marcadas pela juventude que está insatisfeita com a inação dos governos e preocupada com seu futuro, refletindo uma crescente politização dessa juventude. Um movimento precursor ocorreu antes da Conferência sobre o Clima em Paris em 2015. Em mais de cem países, cerca de 50 mil pessoas foram às ruas, defendendo bandeiras que combinavam a questão ambiental com a crise social. O aprofundamento da luta pelo clima teve início no final do ano passado. Foi desencadeada por uma garota sueca chamada de Greta Thunberg, então com 15 anos. Em agosto de 2018, Greta, iniciou um protesto que posteriormente se tornou o “Fridays for Future”.
Diversos movimentos no Brasil decidiram se somar à Greve Global pelo clima, convocada em dezenas de países para a semana entre 20 e 27 de setembro. A mobilização aqui também é uma resposta aos ataques que o governo Bolsonaro lançou contra os povos originários, a Amazônia, o cerrado, a agroecologia e todas as iniciativas que propõem novas relações entre ser humano e natureza. Há uma forte participação principalmente da juventude na greve planetária como uma forma de expressar esta indignação nas ruas.
Luta pelo ecossocialismo
É preciso que se construa um polo de lutas da juventude e dos trabalhadores pelo meio ambiente. O estado de São Paulo, como boa parte do Nordeste e Centro-oeste, já passou por crises de gestão do abastecimento de água, passa por um cenário problemático à saúde relacionado à qualidade do ar continua sofrendo consequências diretas sobre o meio ambiente e a qualidade de vida em função das decisões de governos que buscam benefício para si próprios, e não ao povo.
Há urgência de engajamento na luta ambiental e pelo clima, todo esse aquecimento causará consequências gravíssimas, principalmente para a classe trabalhadora, como desmoronamentos, incêndios florestais, quebra de safras agrícolas, fome, doenças, chuvas extremas, ondas de calor, enchentes e secas prolongadas. Nossa tarefa prioritária como esquerda é fazer frente a esse sistema de economia imediatista, um sistema que ignora a necessidade de conservação dos recursos naturais e só se move pelos lucros. No Capital, Marx coloca que toda evolução na agricultura capitalista rouba o trabalhador e o solo, a produção capitalista desenvolve as técnicas para maior produção e ao mesmo tempo destrói o trabalhador e a fonte natural de toda riqueza.
O sistema capitalista está nos levando para o caos e devemos derrubá-lo! Só podemos mudar as coisas lutando pela transformação socialista da sociedade com os trabalhadores no controle da sociedade. Nós já temos os meios técnicos para planejar a produção de acordo com nossas necessidades, e não dos lucros, podemos ter uma gestão racional de todos os recursos do planeta. Isso significa lutar por uma sociedade socialista democrática, com o planejamento democrático de recursos em uma escala internacional.A construção de uma frente de luta ecossocialista é a estratégia dada para respondermos aos ataques do governo Bolsonaro e do capitalismo. Vamos construir a greve internacional pelo o clima que acontecerá em setembro somando as forças da juventude, da classe trabalhadora e de todos que lutam pra valer contra a destruição do nosso planeta.