Variante delta avança e pode causar terceira onda de mortes no Brasil
O surgimento da variante delta mostrou ao mundo que a pandemia está longe de acabar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante surgida na Índia tem se tornado a cepa dominante no mundo devido ao seu maior poder de contágio e nos países onde essa variante chegou houve expressivo aumento no número de infectados. As mortes também aumentaram em países com pouca cobertura vacinal, vitimando pessoas sem nenhuma dose ou com apenas uma dose de imunizante.
Com a chegada da variante delta ao Brasil estima-se que haja uma alta considerável nas infecções entre pessoas não vacinadas, isto é, entre os mais jovens, ocasionando mais internações e mortes nesta faixa etária. Os escassos dados de rastreamento do vírus reunidos no Brasil apontam que cerca de 20% dos casos já são da variante delta e caso aconteça aqui o que ocorreu em outros países, no próximo mês serão 90%.
A situação mais dramática até agora ocorre na cidade do Rio de Janeiro, onde 45% dos casos de Covid são da variante delta e onde 95% das internações são de pessoas não vacinadas, de acordo com o prefeito Eduardo Paes (PSD). Embora a situação seja alarmante, o governo estadual determinou a suspensão das aulas presenciais em apenas 36 municípios, deixando outras 56 cidades com suas escolas expostas à variante delta.
Em São Paulo, apesar do rápido alastramento do vírus pela região metropolitana e demais municípios do estado, Dória (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) estão aumentando a quantidade de alunos nas escolas públicas e expondo pessoas não vacinadas ou com apenas a primeira dose da vacina à variante delta, indo na contramão do que recomendam os infectologistas e sanitaristas.
Os governos têm utilizado a taxa de ocupação de leitos hospitalares como referência para determinar as medidas de combate à pandemia, isto é, conforme os leitos atingem uma alta taxa de ocupação, como 90 ou 100%, os governos endurecem o distanciamento social e quando a taxa cai o distanciamento é relaxado. Ocorre que essa é uma forma de escamotear o perigo. Segundo Amanda Luder, jornalista da Globo News, no dia 20 de julho “o estado de São Paulo alcançou a menor taxa de ocupação de UTI para Covid de todo o ano: 61%. É a taxa mais baixa desde 15 de dezembro. Mas existe uma ressalva importante: 61% em 15 de dezembro significava 4.815 internados. 61% hoje significa 7.194 internados”. Em outras palavras, a quantidade de internados aumentou a despeito da redução da taxa de ocupação de UTI porque o governo criou mais leitos de UTI ao invés de prevenir o contágio.
No ranking de mortes por Covid no mundo, o Brasil ocupa o vergonhoso segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os EUA lideram o ranking de mortos, onda já passa de 619 mil, o Brasil vem em segundo lugar com mais de 566 mil mortes, em terceiro lugar está a Índia, com 429 mil e em quarto lugar o México, com 245 mil mortos.
Neste momento em que a variante delta avança no mundo e no Brasil, a medida mais eficiente para salvar vidas seria apostar numa rigorosa quarentena, com lockdown, testagem em massa e rastreamento do vírus, combinada com a aceleração da vacinação. As políticas anticiência adotadas por governos e empresários, baseadas no afrouxamento total da quarentena, precisam ser derrotadas por meio da mobilização popular, com manifestações de rua e bloqueio de vias. As grandes manifestações contra Bolsonaro marcaram a retomada das lutas e agora precisam evoluir para a construção de uma poderosa greve geral em defesa da vida, da renda e do emprego. Chega de genocídio!