Construindo a unidade das luta

• Contra os ataques do governo e dos patrões
• Por mais direitos, salário, emprego, terra e moradia
• Por uma nova Central sindical e popular, democrática, pela base e socialista
O Brasil não é uma ilha da fantasia. Acreditar que entramos numa fase de prosperidade e harmonia, enquanto o mundo inteiro se afunda numa das maiores crises econômicas do capitalismo, não parece muito realista. Estamos começando a sentir isso em nosso prato de comida. Em breve sentiremos ainda mais no emprego, nos salários e nos direitos sociais e trabalhistas.

A alta nos preços dos alimentos, que tem provocado levantes e rebeliões em vários países, é resultado de uma lógica perversa do capitalismo. Os grandes capitalistas especulam até com a comida para recuperar lucros perdidos com a crise. Além disso, o modelo atual de produção dos agro-combustíveis, tão defendido por Lula, só serve para fomentar trabalho semi-escravo, danos ambientais e alta nos preços dos alimentos. Enquanto o Brasil alcança recordes na produção de álcool e cana-de-açúcar, a fome ainda é uma realidade dramática no país.

Quem ganha com aumento de preços e juros?

Alguns cínicos chegam a dizer que o Brasil tem até muito a ganhar com a alta nos preços das tais ‘commodities’ (incluindo os alimentos). Qual Brasil ganharia com isso? O Brasil do punhado de mega-exportadores pode até ganhar. O povo pobre e os trabalhadores só têm a perder.

O governo Lula e os governos estaduais representam a classe dominante que não quer perder nada com a crise e pretende jogar tudo sobre as nossas costas. A resposta do Banco Central diante da crise, elevando as taxas de juros, serve ao grande capital financeiro e ataca os trabalhadores. O pagamento da dívida aos grandes especuladores, chegando perto dos 200 bilhões de reais ao ano, continua sendo feita em dia.

O governo Lula também retoma a contra-reforma trabalhista em conivência com as Centrais sindicais pelegas e ameaça até recauchutar a famigerada ‘Emenda 3’, que permite a retirada de direitos trabalhistas dificultando a fiscalização sobre os empregadores.  Os trabalhadores já derrotaram essa política com muita luta e não vão aceitar isso calados apesar de muitas direções sindicais governistas e vendidas.

Governos estaduais, como o de Serra (PSDB) em São Paulo, continuam com suas ‘caixas de maldades’ abertas, mesmo depois da derrota que sofreram na tentativa de privatização da CESP. A bola da vez agora é a SABESP, com milhares de demissões e planos de privatização. A resistência precisa ser forte e unificada para derrotar o governo.

Epidemia de dengue reflete sucateamento da saúde

A epidemia de dengue no Rio de Janeiro que ameaça alastrar-se para outras regiões é reflexo direto do sucateamento dos serviços públicos. A indignação cresce quando vemos o governador do Ceará, Cid Gomes, gastando centenas de milhares de reais do dinheiro público para levar parentes e amigos para um passeio na Europa, enquanto a dengue se alastra por Fortaleza.

A terrível repressão policial contra o povo pobre nos morros cariocas também é parte da mesma lógica elitista e anti-popular. Para os ricos, mais juros e lucros maiores, para os pobres, muita propaganda e bala sobre os inconvenientes.

Ao comemorar os 40 anos do glorioso 1º de Maio onde os trabalhadores de São Paulo expulsaram o governador Abreu Sodré da Praça da Sé em plena ditadura, precisamos resgatar a confiança na força dos trabalhadores. O Maio de 68 francês, mas também o 68 no Brasil, das greves de Osasco e Contagem e da Marcha dos cem mil, devem nos inspirar para retomarmos a luta unitária dos trabalhadores.

O exemplo vitorioso da ocupação da UNB, a importante greve dos correios, a jornada de ocupações do MST e outros movimentos do campo, assim como as ações dos sem-teto e todas as mobilizações organizadas no último dia 1º de abril, mesmo representando apenas os primeiro passos, são um sinal de uma retomada das lutas.

É preciso organizar de forma unificada as mobilizações, repetir e aprofundar a jornada unitária de lutas de 2007 num patamar superior, que inclua o esforço para a construção de uma nova Central sindical e popular que una todos os setores combativos e independentes de patrões e dos governos.

Congresso da Conlutas – importante passo

O Congresso da Conlutas em julho deve ser um passo nessa direção. Devemos construir a unidade orgânica numa mesma Central de todos os setores dispostos a ir nessa direção. Além disso, é preciso construir uma Frente de ação com todos os demais.

A luta dos trabalhadores brasileiros precisa ser solidária com os trabalhadores que lutam no conjunto da América Latina e no resto do mundo. O combate ao imperialismo e à lógica capitalista que só provoca crise, fome, miséria e guerras precisa ser parte do nosso programa e nossa estratégia de ação.

Esta edição do jornal Socialismo Revolucionário aborda boa parte desses temas centrais. O SR se coloca à serviço dessas luta. Leia, discuta e difunda nossas posições. Junte-se a nós!