Liberdade para a jovem palestina Ahed Tamimi!
Do Sindicato de Estudantes, do coletivo Livres e Combativas e da Esquerda Revolucionária (CIT no Estado Espanhol), queremos manifestar nosso absoluto repúdio ao encarceramento da jovem lutadora palestina de 16 anos Ahed Tamini. Seu delito? Opor-se à ocupação israelense que massacra seu povo.
Presa por lutar
Ahed Tamimi foi presa em 19 de dezembro após a viralização de um vídeo no qual seus primos e ela resistem à entrada de soldados armados na sua casa em Nabi Saleh – um pequeno povoado próximo da cidade palestina de Ramallah. Os eventos filmados foram feitos depois do exército ter disparado uma bala de borracha no rosto de seu primo de 15 anos.
Três dias após a publicação do vídeo nas redes, o exército preparou uma invasão à casa dos Al-Tamimi durante a madrugada para tirar Ahed da cama, algemá-la e empurrá-la até uma van que a aguardava em sua porta. Quando a mãe e a prima de Ahed foram à delegacia onde se encontrava a jovem, elas também foram presas.
O tribunal militar israelense acusa Ahed de um total de doze acusações, entre elas a de “agressão a um soldado”, “lançar pedras” e “incitação”. Em 2 de janeiro, o promotor pediu prisão incondicional (sem fiança) para as três mulheres e o ministro da educação israelense Naftali Benet declarou publicamente que as jovens “deveriam terminar suas vidas na prisão”. [1]
Ahed é uma ativista palestina conhecida por sua resistência à ocupação militar israelense na Cisjordânia. Com apenas 12 anos, enfrentou soldados da ocupação impedindo que levassem seu irmão menor. Em 2009, a ocupação israelense tomou o controle da única fonte de água. Desde então, o povo de Nabi Saleh se manifesta em todas as sextas-feiras do ano contra a ocupação, tornando-se um dos centros mais ativos da resistência palestina.
Repressão perante a resistência das massas
O Estado de Israel quer chamar a atenção para a resistência palestina que, após o anúncio do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel feito por Donald Trump, protagonizou novos episódios de luta.
Os protestos de dezembro passado contra a ocupação sionista advertiam sobre a morte de dezenas de palestinos e mais de três mil feridos. A repressão israelense tem nos jovens seu principal foco, uma vez que 95% dos detidos nos protestos são crianças e jovens. [2]
Segundo conta Bassem Tamimi, pai de Ahed, os menores palestinos são detidos, expostos a ameaças e violência física, interrogados sem advogados ou pais presentes e pressionados a assinar confissões em hebraico, idioma que a maioria não entende. O caso de Ahed é o mais representativo desta realidade.
Ahead Tamimi se tornou um exemplo e um símbolo de luta contra a opressão que o povo palestino sofre pela ocupação do Estado genocida de Israel. Sua detenção busca dar exemplo aos que, como ela, protagonizam os protestos palestinos.
Misoginia e ocupação
Ben Caspit, um importante jornalista israelense, escreveu no jornal Maariv uma homenagem aos soldados que, segundo ele, agiram da melhor maneira. Para Ahed, porém, reservou estas palavras: No caso das meninas, deveriam fazê-las pagar o preço em alguma outra oportunidade, no escuro, sem testemunhas ou câmeras. [3]
Uma clara incitação ao estupro e à tortura da adolescente palestina. As mulheres em Israel são vítimas da violência machista e patriarcal que se agrava no caso de mulheres palestinas, que sofrem o ódio racista, torturas físicas e psicológicas e abusos sexuais nas prisões. [4]
Ahed: símbolo de resistência
A jovem se tornou um símbolo de resistência de seu povo e provocou a solidariedade daqueles que, como ela, sofrem e se opõem à opressão dos Estados capitalistas e suas políticas coloniais.
Ahed deixa claro os abusos que a ocupação israelense sujeita às populações dos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Condições miseráveis com todos os tipos de restrições, falta e roubo de recursos e isolamento.
Só a luta organizada e consciente dos jovens e trabalhadores conseguirá por fim à situação de Apartheid que o Estado de Israel impõe às populações árabe-israelenses. O exemplo de Ahed Tamimi deixa claro que a luta é o único caminho para acabar com a marginalização, a pobreza e a violação dos direitos humanos sofridas pela população palestina.
Abaixo o muro de segregação, Palestina livre de ocupação!
#FREEAHEDTAMIMI
[1] Jornal israelense Haaretz
[2] laizquirdadiario.com
[3] Jornal israelense Maariv
[4] Palestinalibre.org
Texto originalmente publicado em: http://www.izquierdarevolucionaria.net/index.php/internacional/otros-oriente-medio/2836-libertad-para-la-joven-palestina-ahed-tamimi
Tradução de Rennan Cantuária