Ofensiva franquista contra o povo da Catalunha: liberdade imediata para Jordi Sánchez e Jordi Cuixart!
Mobilização e greve geral para derrotar a repressão!
Abaixo do governo PP! Pela República Socialista Catalã!
A decisão de ordenar a prisão sem possibilidade de fiança contra os líderes do ANC e Ómniun (duas organizações que lutam pela independência da Catalunha), Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, representa um salto qualitativo na escalada brutal de repressão desencadeada pelo governo do PP (Partido Popular, direita) contra o povo da Catalunha. Esta medida, típica dos regimes ditatoriais ou semi-ditatoriais, representa um ataque sem precedentes contra nossos direitos democráticos fundamentais, liberdade de expressão, manifestação e reunião para toda a população da Catalunha e do Estado espanhol.
Os camaradas Sánchez e Cuixart foram acusados de nada mais nada menos do que “sedição” (crime de incitar a sublevação, motim, revolta, etc.) e foram presos, sem fiança, por terem participado de uma mobilização espontânea massiva no dia 20 de setembro, protestando contra a repressão policial e as detenções ditadas pelo governo do PP, para evitar a realização do referendo do dia 01 de outubro. Aplicando a lei desta maneira, amanhã, qualquer líder comunitário, sindicalista ou estudantil que participe de movimentos sociais como o 15M (movimento dos Indignados, que começou em 15 de maio de 2011), a luta contra despejos ou da onda de luta em defesa da educação e saúde pública, poderá ser preso arbitrariamente.
A burguesia espanhola e seu estado, herdados diretamente do regime franquista, revelam seu caráter absolutamente antidemocrático. Qual será a próxima? Proibir os partidos e organizações da esquerda que se mobilizam contra a repressão do Estado e defendem o direito democrático do povo catalão de decidir o seu futuro? Perseguir e encarcerar aqueles que não estão em comunhão com o regime de 1978 e a monarquia? Criminalizar alguém que venha protestar contra esse governo corrupto?
As instituições do regime de 1978, o PP, os Cidadãos (partido liberal), o PSOE (partido socialdemocrata) e a mídia capitalista dizem defender a “democracia” e o “Estado de direito”. E eles mostram isso de forma muito notável: incentivando a feroz repressão da polícia e da Guarda Civil contra a população que tenta exercer o direito de votar pacificamente, aplaudindo os capitalistas catalães que estão chantageando as pessoas com caos e ruína econômica, e fazendo vistas grossas quando bandos fascistas agridem pessoas impunemente. Esta frente da reação, constantemente nos bombardeando com o nacionalismo virulento espanhol mais histérico, quer transmitir uma mensagem muito clara: o povo da Catalunha que se atreveu a exigir o direito de decidir e se pronunciou pela república tem que se ajoelhar.
A burguesia espanhola atestou a enorme força e decisão do povo catalão nos dias 1 e 3 de outubro, e temem que seu exemplo revolucionário seja contagioso. Eles querem dar uma lição aos milhões de pessoas que tomaram as ruas durante as últimas semanas na Catalunha e também aos milhões que vibraram ao redor do mundo com o exemplo de dignidade, organização e resistência dado pelo povo catalão.
A burguesia catalã se juntou de maneira decidida a essa ofensiva para evitar a proclamação da República da Catalunha com sua fuga de empresas e sua campanha de medo. Eles sabem que a proclamação da república Catalã, superando as leis injustas e repressivas do Estado espanhol e como resultado da ação direta das massas, representaria tal demonstração de força e implicaria numa tal injeção de confiança que abriria o caminho para a luta contra todas as outras leis reacionárias e injustas que foram promovidas há anos, contra cortes e despejos, por salários dignos e, em última instância, por uma transformação socialista da sociedade.
Organizar a greve geral; expandir, estender e unificar os CDRs e construir uma Frente Esquerda pela República da Catalão e contra a repressão!
Dezenas de milhares de pessoas se mobilizaram de imediato: o panelaço da noite de 16 de outubro tem sido estrondoso, e houve manifestações imediatas em dezenas de cidades em toda a Catalunha exigindo liberdade para Jordi Sánchez e Jordi Cuixart . Esse é o caminho para derrotar a repressão: defender os direitos democráticos e que a vontade popular expressada no referendo de 01 de outubro se torne efetiva, recuperando a mobilização nas ruas como fizemos nos dias 01 e 03 de outubro, mas em um nível superior. É necessário sair imediatamente e de forma maciça e vigorosa para as ruas e parar novamente toda a Catalunha.
Da Esquerda Revolucionária (seção do CIT no Estado espanhol), chamamos a CUP (Candidatura de Unidade Popular, partido baseado no municipalismo e que defende a independência, que faça parte do governo catalão), Catalunya em Comú (frente de esquerda que se tornou partido, elegeu a prefeita de Barcelona – Ada Colau), Podem (Podemos em Catalunha), ERC (republicanos de esquerda), ANC e Omnium, sindicatos, a comunidade educacional e suas organizações, a convocar imediatamente uma greve geral forte e permanente até derrotar a repressão do estado e a conquista da República Catalã. É absolutamente essencial abordar a classe trabalhadora catalã e recorrer às fábricas e empresas mais importantes. A classe trabalhadora deve ser uma protagonista fundamental na luta contra a repressão e a favor da República Catalã, e para isso é necessário vincular esta causa à luta contra os cortes e austeridade, pelo emprego e salários dignos, contra a precariedade e os despejos, e pela saúde pública e educação de qualidade. Este é um aspecto estratégico. A enorme força da classe trabalhadora catalã é um fator decisivo para enfrentar a ofensiva do Estado e do governo e conquistar nossas demandas. Sem sua participação ativa e consciente, será impossível vencer.
Também é necessário aplicar todos os esforços para expandir, ampliar e coordenar os Comitês de Defesa do Referendo (CDRs) e criá-los em todos os bairros, centros de estudo e trabalho, para torná-los órgãos democráticos e representativos de todo o povo em luta.
A mobilização em massa é essencial para derrotar os planos repressivos, mas ao mesmo tempo, é necessário tirar todas as conclusões políticas do que aconteceu após o referendo e a greve geral de 3 de outubro. A imensa força que temos deve ser organizada e mobilizada. Não podemos deixar nem a luta contra a repressão do Estado nem a tarefa de proclamar e construir a República Catalã nas mãos do PDeCAT (Partido Democrático Europeu Catalão, de direita, principal partido do governo catalão) e Puigdemont (presidente da Catalunha, do PDeCAT). Esses líderes pertencem à burguesia catalã e representam os interesses de setores decisivos da burguesia. Impulsionados pela impressionante mobilização das massas de baixo, tiveram que ir além do que queriam e convocaram o referendo. Mas quando a burguesia catalã viu que o movimento de massas derrotou a repressão e abriu uma crise revolucionária, começaram uma chantagem insuportável para intimidar o movimento. Os capitalistas catalães prestaram um excelente serviço ao Estado central e à burguesia espanhola, repetindo o mesmo comportamento que sempre observaram no passado.
Embora a recusa do PP e seus aliados em negociar algo além das condições de rendição pudesse empurrar Puigdemont a retomar o caminho do confronto com o governo central, seria um erro grave deixar novamente a iniciativa em suas mãos e subordinar-se ao PDECAT e à burguesia catalã. Somente o povo salva o povo. Somente a organização e a mobilização a partir de baixo, como fizemos em 01 e 03 de outubro, podem derrotar o PP e seus aliados e tornar efetivo o direito de decidir.
A cessão de Puigdemont confirma o que os marxistas revolucionários sempre apontaram para os camaradas do CUP: que a burguesia catalã e seus representantes políticos da PDeCAT trairiam a causa da Catalunha, a liberdade do povo e a República Catalã. E eles o fizeram porque para além da demagogia a qual eles recorreram nesses anos, Puigdemont e seus comparsas defendem os interesses da oligarquia catalã.
É fundamental que os camaradas do CUP rompam de uma vez por todas com o PDeCAT e com a burguesia catalã. Não fazer isso só vai agravar a frustração e preparar novas derrotas.
É hora de dar um giro de 180 graus na política da esquerda catalã, romper com a política de conciliação e “diálogo” com a as forças reacionárias e a subordinação ao PDeCAT. É hora de criar uma grande Frente de Esquerda na Catalunha com um programa de classe, revolucionário e anticapitalista para lutar pela República da Catalunha e a transformação socialista da sociedade.
A responsabilidade da esquerda no Estado espanhol
Diante do aumento da repressão contra os direitos democráticos através do encarceramento dos líderes do ANC e Omnium e o preparo para a aplicação do artigo 155 (que suspende a autonomia e impõe a administração direta do governo central), os líderes de Unidos Podemos (aliança entre Podemos, Esquerda Unida e outros) e os sindicatos têm uma enorme responsabilidade.
Até quando líderes como Alberto Garzón (líder da Esquerda Unida) pensam continuar defendendo que a solução é sentar e conversar com o Estado e o governo de Rajoy, quando eles e seus aliados demonstraram que não estão dispostos a discutir sobre nada? Até quando os líderes do CCOO e UGT (principais centrais sindicais) pensam em manter uma posição passiva ou equidistante entre as massas que lutam para que sua vontade democrática seja respeitada e a esse governo corrupto que responde com cassetetes, balas de borracha ou prisão à tentativa de exercício de direitos democráticos básicos, como liberdade de expressão, reunião ou manifestação?
Os líderes de Unidos Podemos e CCOO, UGT e CGT (central sindical) no Estado devem denunciar claramente o que significa a repressão do PP e a aplicação de medidas como prisão por sedição ou a aplicação do 155 para a classe trabalhadora. Devem abandonar a sua posição passiva e organizar a mobilização de massas em todo o Estado, incluindo a greve geral, pela libertação imediata de Jordi Cuixart e Jordi Sánchez, contra aplicação do artigo 155 e pelo respeito ao direito de decidir do povo da Catalunha. E se eles se recusam a fazê-lo, a tarefa de todos os militantes de base, todos os ativistas, as organizações da esquerda que lutam e os movimentos sociais, é empurrar a luta pra frente e superar as direções que se tornam um obstáculo para derrotar a ofensiva repressiva.
Vivemos eventos decisivos. A burguesia espanhola, o PP, os Cidadãos e a liderança do PSOE estão preparados para eliminar os direitos democráticos fundamentais e aplicar medidas da ditadura de Franco para evitar que o movimento revolucionário das massas na Catalunha vença e infecte outros povos e toda a classe trabalhadora do Estado espanhol. Todos os que lutam por mudanças políticas e econômicas reais devem se organizar para responder a essa brutal ofensiva, ligando a luta pela libertação nacional da Catalunha e a transformação social da sociedade.
Viva a Catalunha livre, republicana e socialista!
Junte-se à Esquerda Revolucionária!