Continuar a luta até a derrubada de Temer e suas reformas!
Não tem arrego! Nenhuma ilusão em negociação com governo corrupto e lacaio dos patrões! Permanecer mobilizados!
O dia de hoje, 30 de junho, marca a continuidade da luta para barrar os mais graves ataques aos direitos da classe trabalhadora brasileira em décadas. Trata-se da segunda greve geral de 24 horas convocada em um período de dois meses e que também foi precedida por uma grande manifestação em Brasília.
Hoje, milhões de trabalhadores paralisaram suas atividades enfrentando as ameaças dos patrões e desprezando a campanha suja dos meios de comunicação contra a greve. Milhares tomaram as ruas e bloquearam grandes avenidas e rodovias desde a madrugada. Muitos milhares mais estão tomando as ruas nesse momento em várias partes do país.
Apesar disso, o dia 30 de junho não se configurou realmente como uma greve geral. Mesmo encarado apenas como um dia nacional de lutas, o 30 de junho não foi superior às ações anteriores. É preciso entender as razões disso e, desde já afirmamos, aqui não vale culpar os trabalhadores pelos limites dessa mobilização. É preciso olhar sim para os limites da política adotada pela direção desse movimento.
A grande maioria do povo brasileiro repudia as contrarreformas trabalhista e da previdência de Temer e olha com simpatia nossa mobilização. Esse apoio popular poderia ter sido transformado em ação de massas, fortalecendo de forma ainda mais efetiva nossa luta.
Para isso, seria necessária uma postura muito mais clara e firme por parte da direção das centrais sindicais majoritárias. Seria necessário também a construção de um horizonte de alternativa dos trabalhadores para a profunda crise em que vive o país.
A demora, as vacilações e a falta de firmeza na convocação da greve geral por parte das centrais majoritárias só serviram para gerar um ambiente de dúvida e confusão entre os trabalhadores e a população.
As centrais majoritárias perderam a oportunidade para definir uma nova greve geral, que poderia ter sido de 48 horas dessa vez, logo após o enorme sucesso da greve de 28 de abril.
Perderam novamente a oportunidade para convocar a outra greve no ambiente propício criado pela grande manifestação em Brasília de 24 de maio.
Mesmo depois de terem definido a data da greve em 30 de junho, algumas centrais recuaram, o material produzido não mencionava a paralisação do dia 30 e, com a ajuda dos meios de comunicação da burguesia, fomentou-se grandes dúvidas sobre se a greve aconteceria de fato ou não.
Parte das centrais abandonou a perspectiva da luta e optou pelas negociações de cúpula com o governo e o Congresso em torno de pontos da reforma da previdência e trabalhista. Outra parte das direções das centrais não confia na luta direta e prefere apostar suas fichas nas eleições de 2018. Fazendo isso, ambas freiam as lutas.
Nesse momento dramático em que mais de 14 milhões de brasileiros estão desempregados e o futuro é incerto para quase todos e todas, é preciso estimular e organizar as saídas coletivas do conjunto da classe. Individualmente não há solução para os problemas dos trabalhadores.
Nesse contexto, de nada adianta suspeitar da disposição de luta do povo e da classe trabalhadora. É responsabilidade das direções sindicais fazer com que cada trabalhador e trabalhadora sinta firmeza na luta e esteja disposto até a colocar em risco seu emprego apostando numa luta coletiva com algum horizonte de vitória.
Essa confiança faltou para milhões. Muitos trabalhadores, mesmo assim, passaram por cima das vacilações das direções sindicais e foram à luta. Esses trabalhadores e muitos outros devem ser a base para uma profunda renovação do movimento sindical sobre bases democráticas, anti-burocráticas, classistas, combativas e de base. Essa é uma das lições dessa jornada de
lutas e da greve de 30 de junho.
Mas, apesar do papel jogado por parte das direções sindicais, nós ainda podemos vencer. Não há um único trabalhador ou trabalhadora que apoie o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria ou, por exemplo, a possibilidade de que as mulheres grávidas sejam obrigadas a trabalhar em condições insalubres. Da mesma forma, não há um único trabalhador que apoie esse governo.
Temer é o presidente mais impopular da história do Brasil. 100% da população sabe que é um corrupto de primeira linha, uma figura desprezível que só merece a lata de lixo da história. Mesmo os cínicos da burguesia que não se incomodam com a podridão da corrupção (pelo contrário, só usufruem dela) começaram a perceber que Temer pode se tornar um problema para eles mesmos.
Queremos e podemos derrubar Temer, mas não podemos aceitar qualquer saída apresentada pela classe dominante, algo que passe por eleição indireta, via Congresso, para um novo presidente e a manutenção das reformas. Defendemos eleições gerais e diretas já para que o povo decida os rumos do país e as contrarreformas sejam bloqueadas.
É preciso que permaneçamos mobilizados. É preciso organizar o movimento pela base e pressionar as direções sindicais para continuar a luta. É preciso apontar os próximos passos da luta através de um Encontro nacional de lutadores e lutadoras da classe trabalhadora, da juventude, de todos os explorados e oprimidos.
Mas, além disso, é preciso oferecer para o conjunto dos explorados e oprimidos do Brasil uma perspectiva de futuro, uma alternativa global à crise do sistema econômico e político. Essa alternativa não virá de experiências que já se mostraram fracassadas. Nenhum setor da direita, nem mesmo aqueles travestidos de “novidade” poderá oferecer um caminho. Só mais do mesmo.
Da mesma forma, os governos do PT deixaram claro que sua política de conciliação de classes, pactos com a burguesia e a direita, adaptação ao sistema político e econômico, também não representam alternativa. O PT e o campo Lulista não aprenderam nada dessa experiência.
Precisamos construir junto com os trabalhadores uma alternativa política e programática que seja classista, anticapitalista e socialista. Isso passa pela unidade da esquerda socialista organizada no PSOL, PCB e PSTU e outras forças socialistas com os movimentos sociais mais combativos, como o MTST, CSP-Conlutas, Intersindical, etc. Uma frente social e política de todos esses setores, uma Frente de Esquerda e Socialista, poderá construir-se como horizonte alternativo real.
Para isso precisará levantar um programa que atenda às reivindicações básicas dos trabalhadores por emprego, salário, moradia, educação e saúde e ao mesmo tempo ligar essas demandas a medidas de ruptura com o sistema econômico e político. Precisamos de um programa anticapitalista e socialista como saída para a crise do ponto de vista dos trabalhadores e do povo.
- Fora Temer e suas reformas!
- Eleições gerais e diretas já, com regras democráticas!
- Continuar a luta nas ruas e locais de trabalho e estudo. Por um Encontro nacional dos trabalhadores para construir uma plataforma comum e um plano geral de lutas.
- Por uma Frente de Esquerda Socialista!
- Para sair da crise é preciso um programa anticapitalista e socialista sobre as seguintes bases:
1. Por salário, emprego, moradia e serviços públicos! Anistia das dívidas dos trabalhadores com bancos e sanguessugas capitalistas!
2. Anulação das contrarreformas, privatizações e ataques impostos por Temer, seus antecessores e o Congresso corrupto!
3. Estatização com controle dos trabalhadores da JBS, Odebrecht e demais empresas envolvidas em corrupção e que se ergueram com base no dinheiro público!
4. Auditoria e não pagamento da dívida pública aos grandes capitalistas!
5. Estatização com controle dos trabalhadores dos bancos e setores chave da economia.
6. Assembleia Popular Constituinte para implantar um projeto popular e dos trabalhadores com reforma política radical, democrática e anticapitalista!