Os próximos passos da luta contra os ataques de Temer – construir uma greve geral de 48 horas pela base!
A Greve Geral de 28 de abril foi um marco importante das lutas contra o governo Temer e seus ataques. Milhões de trabalhadoras e trabalhadores paralisaram suas atividades e centenas de milhares participaram em manifestações por todo país. Foi o maior dia de ação sindical no país em décadas, mostrando a força da luta coletiva dos trabalhadores. Porém, a luta ainda não chegou ao fim. O governo Temer ainda mantém o ritmo acelerado de votação de sua proposta, incluindo a reforma trabalhista e da previdência. Por isso, é fundamental que o próximo passo já comece a ser construído, a partir da importante mobilização local, apontando para uma nova greve geral, agora de 48 horas, nas próximas semanas.
Foram centenas de categorias que aderiram à greve. Um destaque importante foi a paralização dos transportes em muitas grandes cidades, que junto com o bloqueio de estradas e os piquetes nos meios de transporte que não tinham aderido à greve, contribuiu para fechar o comércio e fábricas. Cidades como São Paulo viram seus centros comerciais parecendo desertos.
A educação jogou novamente um papel importante, junto com outras categorias do funcionalismo público, mas também operários de fábricas, construção civil, petroleiros, portuários, bancários e outros. Funcionários dos correios entraram em greve pelo país inteiro já no dia anterior contra os ataques sobre a categoria.
Houve grandes mobilizações de rua em uma grande quantidade de cidades, incluindo inúmeras cidades do interior, apesar da dificuldade de locomoção devido à paralização dos transportes.
Em resumo, podemos constatar que houve de fato uma greve geral que, mesmo sem ter sido total, mostra a força potencial da classe trabalhadora. Foram feitas comparações com as greves gerais de 1986 e 1989, mas é importante lembrar que essa mobilizações ocorreram em um momento de avanço do movimento sindical no país. No último período o movimento sindical tem se colocado mais na defensiva, depois de duas décadas de ataques neoliberais. Mas a nova leva de ataques do governo Temer, principalmente a reforma da previdência e trabalhista, forçou uma reação do movimento sindical.
Essa mobilização, que começou com os atos e paralizações da educação no dia internacional da luta das mulheres de 8 de março e do 15 de março, tem sido fundamental para conscientizar e aumentar a rejeição das “reformas” de Temer. Segundo o Datafolha, 71% são contra a reforma da previdência, e 64% acreditam que a reforma trabalhista privilegia mais os patrões que os trabalhadores e 63% dizem o mesmo sobre as terceirizações. A proposta de reforma trabalhista mal era conhecida pela maioria da população e a liberação irrestrita das terceirizações passou a toque de caixa sem nenhum debate na sociedade.
Toda essa resistência tem colocado em questão a capacidade do governo Temer em aprovar a reforma da previdência, que exige maioria de dois terços no congresso, por tratar-se de mudança constitucional. O governo foi forçado a amenizar a proposta em vários pontos, mas ela ainda é um grande e inaceitável ataque.
A batalha ainda não está ganha. Por isso é fundamental que não se perca tempo na continuidade da luta. Um próximo passo deve ser uma greve geral de 48 horas nas próximas semanas, para aumentar a pressão da nossa luta. É fundamental ampliar os aspectos mais progressivos da construção do 28 de abril: a mobilização local, pela base, com comitês que juntaram diversos sindicatos e movimentos, organizaram panfletagens nos bairros e muitas manifestações locais. Esse enraizamento local é fundamental para trazer novas camadas à luta e avançar na conscientização.
Todos os sindicatos devem chamar assembleias para deliberar sobre a necessidade de uma nova paralização. O mesmo pode ser feito nos locais de trabalho onde não há uma representação sindical.
Precisamos também garantir que seja ampliada a representação dos sindicatos e movimentos combativos na definição dos rumos do movimento. Não podemos deixar isso em mão das cúpulas das centrais, várias delas burocratizadas e pelegas, e que só agem pela forte pressão da base. As plenárias das centrais devem ser abertas para representação mais ampla da base.
Para que o movimento seja vitorioso precisamos da mais ampla e unitária mobilização, que possa democratizar e injetar novo sangue no movimento dos trabalhadores, engessado após muito tempo desmobilizado. Por isso defendemos que se inicie a construção de um Encontro Nacional de Trabalhadores, Juventude e Movimentos Sociais, para construir uma alternativa que possa barrar os ataques do Temer e derrubar esse governo ilegítimo.
Por último, no dia 28 aconteceram casos graves de repressão que devem acender um sinal de alerta. No Rio de Janeiro, seguindo a tendência dos últimos meses de luta contra os ataques do governo Pezão, a PM agiu com grande truculência contra as manifestações. Em Goiânia houve o ataque covarde de um PM ao estudante Matheus Ferreira da Silva, que quase provocou sua morte. Em São Paulo ainda estão presos os ativistas do MTST, Juraci, Luciano e Ricardo, presos arbitrariamente durante a greve geral na zona leste de São Paulo. Isso além da escandalosa sentença de 11 anos sobre o jovem negro Rafael Braga, preso no Rio de Janeiro durante as jornadas de junho de 2013 por portar um frasco de Pinho Sol e que depois foi acusado de trafico de drogas com flagrante forjado. É urgente uma campanha contra esses exemplos de repressão e pela libertação dos presos políticos da greve geral. Lutar não é crime!