A ascensão do Militant: Trinta anos do Militant 1964 – 1994

A luta contra a caça-às-bruxas

Na Grã-Bretanha mártires políticos estavam sendo criados pelas ações da ala direita do Partido Trabalhista que continuavam em sua campanha incansável contra os líderes da luta da câmara de Liverpool. Estavam preparando para os expulsarem do partido, enquanto o Auditor Distrital preparava o terreno para tirá-los do escritório. Os meses de dezembro de 1985 e janeiro de 1986 foram os tempos da “Grande Calúnia”, conforme os ataques a Liverpool chegavam ao auge. Esta luta, como a greve dos mineiros, iluminou os vulgares preconceitos da mídia controlada pelos capitalistas na época moderna. Cada líder local e nacional do Militant foi escolhido para uma campanha de vilificação pessoal sem precedente. O programa de TV Mundo em Ação foi talvez o pior exemplo, com um vicioso assassinato do caráter de Derek Hatton feita por supostos “jornalistas investigativos”. Qualquer tentativa de Derek Hatton de responder no programa às acusações ou não eram editada ou então ele era calado aos gritos. Mesmo o Sunday Times, não conhecido por suas simpatias com o Militant, admitiu: “Isso não é uma entrevista, é um interrogatório.” (1)

A barreira sem precedentes da mídia foi de encontro aos interesses da direita. Eles abandonaram qualquer pretensão de imparcialidade ou o que seria uma abordagem imparcial a ser adotado. Isto foi resumido por Tom Sawyer, que, falando no comitê executivo nacional do Partido Trabalhista em fevereiro de 1986 disse, “Eu desafio qualquer um a me dizer como você pode ir a Liverpool e derrotar o Militant por argumentos.” (2)

Estava claro que as brutais medidas organizacionais, o expurgo em massa, estava na agenda sem considerar qualquer resultado do inquérito. Kinnock, demonstrando um claro rancor pessoal – fatal para qualquer líder político – exagerou em sua ‘guerra’ contra o Militant.

Um dos seus ajudantes disse à Granada Television, “Kinnock odeia o Militant mais do que odeia os Conservadores.” (3)

O inquérito do NEC se arrastou por quase um ano e iria infernizar e dividir o movimento trabalhista durante este período. A mídia capitalista teve um dia feliz ao criar a impressão de um Partido Trabalhista dividido e cheio de “débeis mentais esquerdistas” e “vigaristas”. O efeito desanimador, para não dizer desmoralizador destes acontecimentos no movimento trabalhista foi expressado na pré-eleição parlamentar em Tynebridge em 5 de dezembro de 1985. O Trabalhismo ganhou mas por apenas 38% dos votos.

The Times exigiu um expurgo generalizado. Seu editorial comentou a escolha de Diane Abbott e Bernie Grant para a expulsão. Corretamente alertamos que “a tentativa de expurgar o Partido Trabalhismo do marxismo pode causar a derrota do Trabalhismo na próxima eleição geral.” (4)

Enquanto o inquérito do NEC de Turnock ocorria os apoiadores do Militant não ficaram de braços cruzados esperando pelo golpe iminente. Pelo contrário, uma enorme campanha de luta foi lançada através do país. Esta começou com uma entusiástica reunião de 800 pessoas que lotaram o Manchester Free Trade Hall para ouvir Derek Hatton e eu, junto com John Tocher, candidato da Esquerda Ampla para a eleição presidencial do AUEW.

A esta se seguiram reuniões com mais de mil pessoas em Londres, 1.300 em Glasgow, 1300 em Edimburgo, 1.000 em Newcastle e uma das maiores reuniões do movimento trabalhista em Sheffield, de 700. Mesmo no distrito eleitoral de Neil Kinnock de Islwyn, 500 trabalhadores apareceram para acolher entusiasticamente as falas minhas e de Derek Hatton numa escola local. Os apoiadores direitistas de Kinnock da câmara local tiveram sua vingança depois me processando, como editor do Militant, por cartazes colados avisando do comício, pelos quais eu fui multado em £400.

Estas reuniões foram atendidas por mais de 50 mil trabalhadores constituindo as maiores reuniões desde a greve dos mineiros, em alguns lugares as maiores em 40 anos.

Estes eventos prepararam o Militant para enfrentar a caça-às-bruxas em Liverpool. Apesar do fato de que pelo menos 100 diretórios zonais, 4 diretórios estaduais, 65 organizações sindicais, 15 setoriais de mulheres, mais de 100 ramos do Partido Trabalhista, 107 ramos dos LPYS e 9 Clubes Trabalhistas passaram resoluções contra a caça-as-bruxas e o inquérito de Liverpool, a ala direita e a “esquerda moderada” estavam inclinados a expulsar o Militant de Liverpool. Depois de 60 horas de questionamento de 120 membros do Partido Trabalhista, dezenas de milhares de libras esbanjadas em salários, contas de hotéis, passagens, incluindo vôos aéreos para Liverpool e Escócia, o time de investigação não produziu uma só evidência para confirmar as sujas alegações de “abuso físico” ou “corrupção literal” feita contra os apoiadores do Militant de Liverpool. Além disso, o grupo de inquérito estava dividido. Dois membros, Audrey Wise e Margaret Beckett, rejeitaram as medidas de caça-às-bruxas da direita majoritária e produziu um relatório minoritário.

O relatório da maioria repetiu algumas alegações, mas de um modo vago e indireto. Escondida estava a admissão:

O grupo de investigação não tomou seriamente todas as alegações das atividades do Militant em Liverpool… Contudo, há sem dúvida um grande número de apoiadores na linha adotado pelo Militant em Liverpool, e outros que estão preparados para ir junto com a maioria de suas políticas, especialmente porque o Militant tem aparecido como o único foco de credibilidade de atividade de esquerda dentro do partido em Merseyside. (5)

O relatório majoritário concluiu que 16 membros do partido foram re-convidados a responder perguntas, com a clara implicação de que as expulsões iriam adiante. O DLP foi suspenso e dois funcionários em tempo integral foram apontados para policiar o partido. Em lugar do DLP foi apontado um “Comitê Coordenador Temporário”. Em lugar da democracia do DLP, com comparecimentos massivos de 700 ou mais, passos deliberativos eram tomados por um comparecimento restrito. Por mais que argumentassem que o Militant e a esquerda apoiassem as idéias de “pequenas panelinhas sem representação” e que a ala direita do partido representava um “envolvimento de massas”; ao invés disso, a história subseqüente do Partido Trabalhista de 1986 em diante demonstra de forma irrefutável que enquanto a ala direita gostaria de uma militância “massiva”, como o demônio gostaria de água benta, ela se opunha ao envolvimento massivo dos membros comuns na tomada de decisões e controle do partido.

O relatório minoritário de Beckett e Wise, enquanto fazia várias propostas sobre a re-organização e administração eficiente do DLP, se opunham completamente às recomendações da maioria. Alertaram sobre o “terrível perigo” de expulsões baseadas em afirmações sem provas. A maioria direitista do NEC estava impermeável a tais alertas. Os capitalistas, através da imprensa e da mídia, deixaram claro que o último teste para o trabalhismo estar em “boa forma para governar” era a expulsão do Militant e a neutralização da esquerda.

Nesta época o MP George Robertson, jogando luz sobre o grupo direitista Solidariedade, chamou uma investigação para Tony Benn devido à sua oposição à OTAN. O chefe de informação do Partido Trabalhista, Peter Mandelson, abordou o programa da BBC, Question Time para tentar retirar Tony Benn do painel na semana em que a questão das expulsões estava em discussão no NEC. (6)

Mil pressionam o NEC

Na manhã de 26 de fevereiro, quando o NEC se reuniu para discutir os relatórios do DLP, mais de mil trabalhadores, Militants e não-Militants, se reuniram numa massiva demonstração de oposição ao NEC fora da sede do Partido em Walworth Road.

Alguns cometeram gafe: Derek Hatton e Tony Mulhearn estavam esperando numa sala na frente do prédio. Não perdendo uma oportunidade, eles abriram a janela e acenaram para a multidão – uma cena transmitida para todos os canais de televisão.

No NEC Eric Heffer falou virtualmente por todos os membros do Partido Trabalhista de Liverpool quando ele disse para Kinnock: “Eu nunca vou esquecer de você pelo que fez ao meu partido e a Liverpool.”

A direita no inquérito prometeu uma oportunidade adequada para qualquer “acusado” de responder qualquer alegação maldosa feita contra ele. Uma das acusações contra Derek Hatton era que ele era “um trabalhador em tempo integral para a Tendência Militant”. Ainda que todos soubessem que ele trabalhava para a câmara de Knowsley Borough.

Estava muito claro que o processo sendo preparado pela maioria direitista no NEC não iria se conformar com a justiça natural.

Enquanto que ao mesmo tempo conduziam uma campanha massiva dentro das fileiras do movimento contra as expulsões dos “12 de Liverpool”, os “acusados” mais conhecidos decidiram entrar com um recurso na Suprema Corte para impedir o NEC de continuar. Aos acusados não foi permitido ver as evidências, não lhes foi permitido testemunhar em defesa própria e além disso os 9 membros do grupo de inquérito não eram capazes de votar imparcialmente no NEC porque foram eles que redigiram as acusações contra os acusados.

Apenas 24 horas antes do NEC se reunir, a Suprema Corte proclamou os procedimentos do NEC como similares àqueles do sistema “supergrass“. Este julgamento jogou a direção em tumulto. Uma liderança sensível poderia cancelar os procedimentos na tentativa de ponderar as implicações do julgamento. Mas não Kinnock e a ala direita do NEC. A tentativa de Kinnock de continuar resultou na mais aberta, pública e visível divisão do NEC do Partido Trabalhista já vista. Frances Curran, Tony Benn, Eric Heffer, Eric Clarke, Jo Richardson, Joan Maynard e Dennis Skinner retiraram-se dramaticamente da reunião, acabando com o quorum. Os membros de esquerda do NEC que se retiraram desta “sala de estrelas” receberam o mesmo tipo de vilificação que o Militant de Liverpool esteve sujeito durante meses e anos.

O Financial Times deu uma idéia da causa do sucesso do Militant:

Dedicação sem descanso e trabalho duro para o partido e potenciais eleitores foram o meio principal para que o Militant acumulasse merecidamente uma base moral para seu poder em Liverpool. Os politicamente menos zelosos encontrarão a mesma energia? Batalhas constitucionais ainda estão para serem lutadas num nível prático (7)

O NEC de fato foi forçado a retirar o relatório majoritário e mudou completamente de tática Eles não iriam mais confiar no relatório majoritário como evidência. Eles também mudaram as acusações contra os 12 membros do Trabalhismo de Liverpool. A evidência de que o NEC iria agora usar consistia dos anúncios e panfletos para reuniões do Militant, e reportagens destas reuniões e comícios. A pretensão de expulsar os 12 por “más práticas” na administração do DLP, “intimidação” e “direitos repreensíveis de nomeação sindical” foi desmascarada. O principal critério para implementar as expulsões era que pessoas como Derek Hatton e Tony Mulhearn tenham falado em “reuniões do Militant”.

E ainda foi revelado que o próprio Kinnock falou da plataforma de uma reunião organizada pelos apoiadores do Militant na Universidade de Swansea em outubro de 1980! Nesta reunião atendida por 150 pessoas Neil Kinnock chegou a dar £5 para o Fundo de Luta do Militant.

Na atmosfera de caça-às-bruxas o NEC se reuniu em 21 de maio para considerar pela décima vez o primeiro dos casos, o de Tony Mulhearn. Apesar de sua efetiva refutação de todas as acusações ele foi expulso à 1 da madrugada. No dia seguinte Ian Lowes foi expulso

Numa tentativa de criar uma cortina de fumaça de ‘imparcialidade’ eles diminuíram as acusações contra Harry Smith. Ao entrar no NEC ele introduziu o “amigo” que era permitido ter com ele: “Este é George Knibb: é um pseudônimo”. Um Militant de Liverpool com senso de humor! Esta impressão foi reforçada quando Larry Whitty disse para Harry, “Suponho que você conheça todos aqui?” Harry replicou: “Sim, eu assisto Spitting Image!” Depois a direita tentou dar a impressão de que Harry Smith deu “garantias” à reunião, mas quando ele saiu do NEC deixou absolutamente claro que iria continuar a apoiar o Militant e aparecer nas suas reuniões do mesmo jeito que antes. (8)

O relatório majoritário custou ao NEC o total de £100.000, £35.000 por expulsão. Derek Hatton foi finalmente expulso em sua ausência (estava resolvendo assuntos municipais) no final de junho. Mas em Liverpool o partido se recusou a aceitar as expulsões. O diretório de Tony Mulhearn em Garston votou por 46 a 2 não reconhecer “esta insana decisão da direita dominante do NEC.”

Pat Wall ganha novamente

Pat Wall foi escolhido uma vez mais como candidato parlamentar por Bradford North no NEC de junho e foi endossado quando as expulsões de outros apoiadores do Militant ocorriam. Esta contradição surgiu do fato de que ele ainda gozava de colossal apoio entre as fileiras do Partido Trabalhista e dos sindicatos. A direita estava preparada para ir contra as visões de membros do seu próprio partido no caso de Derek Hatton e Tony Mulhearn por causa da feroz pressão exercida por Thatcher, os Conservadores e a mídia. Mas no caso de Pat Wall, sua popularidade era tão grande, construída em anos de militância pelo Trabalhismo, um maravilhoso orador nos congressos do Partido Trabalhista, que uma tentativa de bloquear sua nomeação ou mesmo expulsá-lo poderia provocar uma reação ainda maior do que nos outros casos. Mesmo estas considerações seriam deixadas de lado quando Terry Fields e Dave Nellist foram expulsos do partido apesar de sua imensa popularidade. Pat Wall não viveria para ver estes eventos. Tendo sido escolhido em 1986 e eleito em 1987, ele poderia ter encontrado o mesmo destino de Dave e Terry em 1991-1992.

Um exemplo da grande popularidade dos oradores do Militant foi mostrado ns festa dos mineiros de Durham em julho. Derek Hatton foi convidado a marchar com Wearmouth Lodge, apesar do fato de que tinha quebrado a perna jogando futebol. Ele mancou de muletas à frente de seu contingente. Um jornal local reportou:

Derek Hatton, expulso do Partido Trabalhista por apoiar a Tendência Militant, recebeu uma das maiores ovações do dia da Festa dos Mineiros de Durham, ontem. Quando ele marchou pelos convidados que estavam no balcão do Royal County Hotel, Neil Kinnock notório entre eles, ele acenou com suas muletas e gritou, “Vocês não vão se livrar de mim tão fácil, rapazes.” Ele foi aplaudido não apenas pela multidão mas por quase todos os convidados no balcão. Neil Kinnock olhou visivelmente embaraçado e retiro-se para dentro do Hotel.(10)

O Militant parecia estar em todo o lugar. Mesmo as páginas de esportes revelavam “atividade do Militant”, desta vez em relação ao cricket. O Daily Telegraph escreveu:

Cerca de 100 manifestantes anti-apartheid cantando slogans e segurando faixas à medida que a Inglaterra fechava seu jogo com Trinidad ontem… a demonstração [era] contra o lado inglês, que incluía cinco jogadores que tinham vindo da África do Sul… Entre os manifestantes do lado de fora do Queen’s Park Oval em Port of Spain havia um apoiador da Tendência Militant, sr. Mark Sarll, 22, um desempregado graduado de Chatham, Kent. “Quero mostrar meu apoio ao movimento anti-Apartheid aqui”, ele disse. (11)

Eleições locais de Liverpool

Uma demonstração ainda mais poderosa da popularidade do Militant foi mostrada nas eleições locais de maio em Liverpool. Nós declaramos:

O resultado eleitoral semana passada foi um desastre para os Conservadores e um triunfo para o Trabalhismo. Mas foi também uma justificação do Militant e seus apoiadores. (12)

Citamos um editorial do Liverpool Echo:

Por mais que os experts possam analisar os votos, não há uma sombra de dúvida de que o resultado para o Conselho de Liverpool foi um sucesso para o Militant… Em nenhum lugar foram as questões locais mais claramente definidas e mais importantes do que em Liverpool… Ninguém pode ter qualquer ilusão de que o voto para o Trabalhismo nesta cidade ontem foi um voto para o Militant. (13)

Os Conservadores ficaram com apenas 7 cadeiras na câmara. Mas a eleição também representou uma grande derrota para os Liberais. Das 7 cadeiras que eles ganharam, apenas uma foi tirada do Trabalhismo, em Dingle Ward. E mesmo lá o Trabalhismo perdeu apenas 31 votos com um candidato do Partido Comunista tomando 44 votos.

O Militant comentou:

Depois da derrota da campanha de orçamento da câmara em novembro passado, com a desqualificação de impedimento de 48 vereadores Trabalhistas, a ameaça de expulsão de membros líderes do partido e 2 anos de vilificação sem paralelo, o voto Trabalhismo é um pouco menos do que maravilhoso… Em Speke, Felicity Dowling, uma das ameaçadas com a expulsão, ganhou de goleada com uma maioria de 1.800, “Todos sabem quem eu sou e pelo que eu me candidatei”, ela comentou, “Estava sendo identificada pelos líderes partidários como indesejada, e 71% discordaram.” (14)

Outros vereadores identificados com o Militant também foram espetacularmente bem. Além disso, em outras partes do país, apoiadores do Militant foram eleitos para várias câmaras. Particularmente encorajadores foram os resultados em Glasgow, onde a vitória no distrito de Pollokshields/Shawlands foi de Margaret Dick, “uma confessa apoiadora do Militant”. Em Musselburgh, em Edimburgo, um apoiador do Militant, Keith Simpson, foi eleita para a Câmara Regional de Lothian. Em Brighton um apoiador do Militant foi eleito para a câmara assim como outros apoiadores em North Tyne, Wirral, Coventry e Londres.

A direita deve ter ficado extremamente desapontado, assim como a conferência dos Labour Party Young Socialists na Páscoa uma vez mais demonstrou a moral alta e o espírito de luta de nossos apoiadores.

O ponto alto da conferência foi o comício do “Trabalhismo Unido” no sábado à noite. Quando Derek Hatton e outros oradores entraram no salão a audiência ficou em pé e, aplaudindo, assobiando e dando suas boas vindas. Quando Derek Hatton subiu ao palco, não pode falar por vários minutos enquanto os aplausos não cessavam. Ele desafiou Neil Kinnock para um debate público na hora e local da escolha de Kinnock:

Então as fileiras podem decidir o que elas querem. Intimidação está se tornando uma nova palavra para democracia. Se a direita ganha uma votação, é democracia, se eles perdem é intimidação. (15)

Embora o Militant, como conseqüência da caça-às-bruxas, estivesse impedido de organizar sua tradicional reunião de leitores, visitantes e delegados contribuíram com uma magnífica quantia de £5,341 para o fundo de luta.

Não obstante todo este apoio, Derek Hatton, Tony Mulhearn, Ian Lowes, Tony Aitman, Richie Venton, Cheryl Varly, Roger Bannister e Terry Harrison foram expulsos. Mas ainda lhes foi permitido aparecer no Congresso do Partido Trabalhista em 1986 em Blackpool.

Eles exigiram que o NEC permitisse que a mídia, especialmente a TV e o rádio, transmitissem o debate ao vivo. Quando os 8 chegaram no congresso, na manhã de 28 de setembro, eles repetiram o pedido, que foi recusado pelo NEC. Derek Hatton e Tony Mulhearn então lideraram a saída dos 8 do salão do congresso. Eles se encontraram com a imprensa mundial, misturada com os aplausos de vários apoiadores do Militant de Liverpool:

A declaração de Derek Hatton foi publicada em todos os jornais e na TV daquela tarde:

Não estamos preparados para dar credibilidade a uma farsa. Não estamos preparados para ver um movimento trabalhista britânico que seja mais parecido com a Rússia stalinista. (16)

O voto em bloco dos sindicatos foi mobilizado para esmagar o Militant de Liverpool; mas 263 diretórios, aproximadamente metade do total, mas o sindicato dos padeiros e dos móveis, ainda votaram contra as expulsões. A imprensa capitalista no dia seguinte excedeu ela própria em insultos dirigidos contra os Militants de Liverpool. Tendo exaurido todos os adjetivos apropriados para descrever os apoiadores do Militant – larvas de insetos, corruptos, cupins, intimidadores – o editor do Daily Mirror decidiu que eles vinham de outra galáxia! Em sua manchete se lia “Derrota para os Aliens”. (17)

Em Liverpool, contudo, o Grupo Trabalhista ainda continuava a reconhecer Derek Hatton e Tony Mulhearn como membros. Isso enraiveceu Kinnock que ameaçou um expurgo geral se as expulsões não fossem aceitas. Depois de alguma discussão e debate e com grande relutância foi acordado entre os apoiadores do Militant recomendar ao movimento trabalhista que Derek Hatton e Tony Mulhearn não atenderiam às reuniões do Partido Trabalhista. Isso foi feito na tentativa de impedir o fechamento dos diretórios do partido e mais expulsões de camaradas.

A repressão contra os Militants de Liverpool através do inquérito do NEC estava de mãos dadas com o assalto aberto das forças do estado capitalista. Nós detalhamos (no capítulo 21 de Liverpool – a cidade que se atreveu a lutar) a perseguição maldosa e sistemática dos vereadores de Liverpool por defender a classe trabalhadora e os direitos e serviços duramente conquistados da cidade. Em 8 de setembro o Auditor Distrital McMahon impôs uma sobretaxa de £106,000 contra estes vereadores, os demitindo da função e os proibindo de manter qualquer cargo por 5 anos. No mesmo dia, os vereadores de Lambeth receberam uma sobretaxa de £126,947 do Auditor Distrital Metropolitano, Skinner.

Os apelos legais dos vereadores, embora apresentados, sempre foram recusados pelos tribunais capitalistas. A decisão da Suprema Corte de reafirmar a sobretaxa do Auditor Distrital e a desqualificação dos vereadores se encontrou com um completo silêncio da liderança do partido. Nós comentamos sobre a atitude dos líderes Trabalhistas:

Enquanto os Conservadores usam os tribunais para crucificar os vereadores, Kinnock usa a constituição do Partido Trabalhista para fazer o mesmo. No mesmo dia em que o julgamento foi feito, um ministro Conservador anunciou o desvio de £500 milhões dos centros urbanos carentes de dinheiro para os condados Conservadores. O que fazem os líderes Trabalhistas e sindicais? O secretário geral do Partido Trabalhista está ocupado preparando acusações para expulsar estes vereadores do Partido. (18)

Um dos aspectos mais excepcionais da luta de Liverpool foi que após a multa e o banimento, trabalhadores comuns se organizaram em apoio dos vereadores com coletas realizadas no centro da cidade. Dinheiro também fluiu dos sindicatos e setoriais do partido de todo o país em uma coleta massiva para pagar a multa. Mais de £600 mil libras foram coletadas no período para pagar as multas dos vereadores de Liverpool. A campanha foi empreendida especialmente pelos apoiadores do Militant, que coletaram principalmente entre trabalhadores.

1 Sunday Times 22.12.85

2 Taaffe And Mulhearn, Op. Cit., P337

3 Granada Television, Quoted In Taaffe And Mulhearn, Op. Cit., P346

4 Militant 778 13.12.85

5 Inquiry Majority Report, Quoted In Militant 787 28.2.86

6 Taaffe And Mulhearn, Op.Cit., P377

7 Financial Times 3.3.86

8 Militant 800 30.5.86

9 ibid

10 Sunday Sun 13.7.86

11 Daily Telegraph 3.3.86

12 Militant 798 16.5.86

13 Liverpool Echo 9.5.86

14 Militant 798 16.5.86

15 Militant 792 4.4.86

16 Taaffe And Mulhearn, Op. Cit., P399

17 Daily Mirror 30.9.86

18 Militant 788 7.3.86