Começo do fim da Escola da Família?
O programa Escola da Família foi implantado no final de 2003 pelo estado de São Paulo sob o patrocínio da UNESCO e Instutito Ayrton Senna. Este programa tinha como objetivo utilizar as escolas para atividades na área de educação, esporte, cultura e saúde, aos sábados e domingos, tendo como foco a redução de índices de analfabetismo e violência. Os estudantes que participam no projeto ganham uma bolsa para cobrir parte do seu estudo em faculdades privadas.
Patrocinadores se retiram
No final de 2005, o programa chega ao seu auge com mais de 5 mil colégios em “ação” e 35 mil universitários participando das atividades programadas. Mas em 2006 os patrocinadores começaram a retirar verba, pois o desperdício sempre foi muito grande. Instituições como PUC e Mackenzie se retiraram do programa, mas não se desligaram totalmente, pois os bolsistas não perderam a bolsa de estudo, porém essas universidades não cedem mais nenhuma vaga ao programa.
Em seguida, a UNESCO anunciou sua retirada do programa e aí sobrou uma “bomba” na mão do estado. O estado só arcava com os incentivos fiscais e monetários concedidos às instituições universitárias, o resto (custo dos colégios, o valor de R$280,00 pago às instituições por universitário independente do curso e o material utilizado) era quase que todo arcado pela UNESCO.
No inicio deste ano foi anunciado o corte de 50% dos colégios, mas nenhum universitário perderia sua bolsa, mas logo em seguida chegou o anúncio de que Unicastelo, Unicid e Faculdades Integradas Tibiriçá foram desintegradas totalmente do programa e todos os universitários perderam suas bolsas. Já existe uma lista de instituições a serem excluídas nos próximos meses do programa, justificada por inadimplência fiscal. Mas em contrapartida temos um grupo de universidades intocáveis, com forte participação do estado.
Em algumas áreas os cortes foram grandes. Em Taboão da Serra o número de colégios foram reduzidos de 67 para 20. Muitas atividades foram fechadas. A qualidade das que restam também é atingida. No colégio no qual eu participava, faltavam tarefas para os sete universitários que faziam parte do programa. Agora somos 21 em outro colégio. São poucos os colégios em que este programa funciona realmente e ninguém assume suas responsabilidades.
Verba pública
Esses projetos têm que ser garantidos por verba pública e não ficar a mercê de patrocinadores. Devem ser elaborados como parte de um projeto educacional elaborado a partir da comunidade. Eles precisam ter transparência para evitar desperdício e corrupção, e ter o controle da comunidade local e dos sindicatos.
Precisamos também lutar para que os estudantes tenham acesso à universidade pública, gratuita e de qualidade e não ficar nas mãos dos tubarões do ensino, que buscam de verba pública para garantir seus lucros.