Escola Internacional – As idéias socialistas voltam à ordem do dia
Mais de 350 membros e simpatizantes do CIO do mundo inteiro reuniram-se em Gent, Bélgica para discutir a situação mundial atual e as tarefas da construção do CIO na construção de um forte partido mundial para o socialismo que terá um papel vital na eliminação deste sistema inumano, explorador e faminto de lucro, o capitalismo.
O enorme otimismo sentido baseava-se na clareza política e nos sucessos do CIO no último ano.
Uma Escola Mundial
Há muitas razões pelas quais muitos camaradas se sentiam particularmente entusiasmados com a escola deste ano. Nos dois últimos anos o que foi quase exclusivamente uma Escola Européia mudou para uma genuína Escola Mundial. Lado a lado com os camaradas europeus da Áustria, da Bélgica, da Confederação dos Estados Independentes (Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Cazaquistão), da Inglaterra e Gales, da Escócia, da Holanda, da Grécia, do Chipre, da Alemanha, da França, da Suécia, da Polônia, da República Checa e da Irlanda do Norte e do Sul, estavam camaradas e visitas dos EUA, do Brasil, do Paquistão, da Coréia do Sul e da Austrália como também representante do PSM (Partido Socialista da Malásia) participaram na Escola deste ano. Receber análises e descrições de primeira mão da situação política e das condições de vida do proletariado, dos camponeses pobres e dos pobres urbanos da Ásia e da América Latina em particular, contribuiu, em grande parte, para o caráter excelente do evento. Este grande acontecimento só foi obscurecido pelo fato de que os vistos dos camaradas da Nigéria foram recusados em cima da hora.
Os camaradas gregos e cipriotas vieram diretamente do seu popular acampamento de verão anual para a Bélgica. Eles tiveram que viajar durante 40 horas, mas trouxeram as excitantes notícias de 39 novos militantes do CIO somente nessa semana. A seção grega está entre as que crescem mais rapidamente dentro da Internacional. Todos os que participaram no acampamento conjunto do CIO com a RSI (Resistência Socialista Internacional) na Escócia durante a Conferência da cúpula do G8 em Gleneagles, ficaram convencidos dos benefícios e necessidades para organizar outro – e talvez até maior – acampamento internacional de juventude no próximo verão.
O claro caráter socialista e internacional da intervenção do CIO nos protestos contra o G8 e o número grande de pessoas, particularmente jovens, que se interessaram pelas idéias socialistas e as idéias do CIO como resultado de nossa intervenção, encheu os camaradas de orgulho e confiança. Nem sequer a mídia pôde ignorar o animado e jovem “Bloco Vermelho” que se destacava na enorme marcha branca em Edimburgo, dominada por ONGs e igrejas. Era com a legenda “A Grã-Bretanha no seu melhor” que o jornal escocês “The People” exibia uma fotografia que focava, principalmente, o “Bloco Vermelho” do contingente do RSI.
Militantes escoceses do CIO também informaram sobre o mês de suspensão dos deputados do Partido Socialista Escocês (SSP) e seus adjuntos parlamentares como resultado do seu protesto no Parlamento Escocês em defesa do direito à manifestação em Gleneagles. A escola por unanimidade decidiu enviar o seu apoio e solidariedade aos deputados e militantes do SSP. O CIO na Escócia é parte integrante do SSP, uma formação socialista ampla, com seis representantes no Parlamento escocês.
A luta da GAMA
Não há nenhuma outra Internacional revolucionária que possa reivindicar ter denunciado e vencido uma vitória tão significativa contra uma companhia multinacional como o CIO fez no caso da multinacional de construção de origem turca, a GAMA International. Devido à nossa intervenção, os operários da GAMA recuperaram milhares de euros em salários não pagos e em indenizações excelentes. O Tribunal de Trabalho também decidiu que a GAMA terá de pagar €8.000 por ano em horas-extras não pagas.
Esta foi a mensagem que chegou quando Joe Higgins, deputado do Socialist Party da Irlanda apresentou uma compilação de vídeos sobre a luta da GAMA. Mick Murphy, um vereador do Socialist Party recentemente eleito em Dublin Sul conseguiu descobrir como a GAMA estava explorando os operários imigrantes turcos nos estaleiros de construção em Dublin. Em média, eles recebiam entre. €2,5 e €3 por hora e trabalhavam até 80 horas por semana sem pagamento de horas-extras. A maioria dos trabalhadores vivia em barracões nos próprios estaleiros. Ao mesmo tempo, a GAMA estava arrecadando quantias enormes de salários dos trabalhadores no banco holandês, Finansbank em Amsterdã. Porém, nenhum dos trabalhadores sabia coisa alguma sobre essas contas, para não falar de jamais terem visto extratos bancários delas. Só através da intervenção de Joe Higgins no Dail, o Parlamento irlandês, e a sua ida ao Finansbank que expôs este enorme escândalo.
Este caso faz saltar à memória as condições de vida e trabalho dos operários nas fases iniciais do capitalismo. Foi fascinante ouvir e ver como os camaradas do Socialist Party na Irlanda ganharam a confiança dos trabalhadores imigrantes turcos e foram cruciais na ajuda às suas lutas e nas ações de greve que os operários turcos desencadearam. Não é nenhum exagero dizer que os camaradas na escola ficaram encantados, entretidos e, principalmente, comovidos vendo os trabalhadores turcos carregando Joe Higgins nos ombros para expressar a sua gratidão em particular para o Socialist Party e Joe Higgins.
Um par de operários da GAMA aderiram ao Socialist Party no decurso da disputa e são vitais no desenvolvimento do nosso trabalho entre os trabalhadores imigrantes no país. É desnecessário dizer, que o vídeo deixou uma impressão duradoura em todos os camaradas e ajudou no resultado excelente da coleta financeira.
Teoria e Prática Revolucionária
Mais uma vez ficou claro para todos que o CIO não é somente uma organização de conversa revolucionária mas de ação. Os nossos representantes eleitos, que vivem com o salário de trabalhador, podem realmente fazer uma diferença na vida da classe trabalhadora. No ano passado, o CIO ganhou novos vereadores na Alemanha e na Austrália. Porém, a prática revolucionária flui da teoria revolucionária e vice-versa. Os métodos de luta provêm das idéias, perspectivas e programa políticos.
Esta é a razão desta escola ser tão importante para o CIO. Ajuda a educar os nossos militantes, desenvolvendo coletivamente perspectivas e ganhando com as experiências internacionais.
A escola teve como pano de fundo os levantes contínuos e a instabilidade na América Latina, o atoleiro com que se defronta o imperialismo no Iraque, os ataques terroristas de Londres e o voto “Não” nos referendos holandês e francês sobre a Constituição Européia. Outros aspectos importantes na situação mundial são o desenvolvimento contínuo e crescente da China como um dos parceiros globais, o declínio na economia mundial, a mudança significante – pelo menos em palavras – do Presidente Chavez na Venezuela para um retórica socialista mais franca mas não mais clara e o importante surgimento do P-SOL (Partido Socialismo e Liberdade) no Brasil e do WASG (Aliança Eleitoral Trabalho e Justiça Social) na Alemanha.
No final da escola muitos participantes – quer fossem membros de longa data ou participantes pela primeira vez, – comentaram que sentiam a sua a energia e o seu compromisso de construir as forças do CIO mundialmente renovados. Existiu uma demonstração visível de confiança e entusiasmo nas idéias e métodos do Comitê por uma Internacional Operária.
A Europa e a economia mundial
Distintas plenárias sobre a Europa e a economia mundial, a Ásia, a América Latina e a construção do CIO foram extremamente valiosas para todos e aumentaram o entendimento dos importantes e fascinantes desenvolvimentos e desafios na situação mundial nesta conjuntura particular. Além disso, dez comissões diferentes em assuntos discutiram assuntos importantes como “As mulheres e a luta pelo socialismo”, o “Oriente Médio”, o “Islã político, terrorismo e a abordagem socialista”, “Novos partidos de esquerda na europa”, assim como “Marxismo e ciência”, “Uma abordagem socialista para salvar o ambiente”, “O leste europeu e a CEI” e muitos outros assuntos.
A discussão sobre a Europa e a Economia Mundial que foi iniciada por Bob Labi e encerrada por Lynn Walsh, ambos membros do Secretariado Internacional tinha que lidar com uma grande variedade de assuntos que passaram para além da situação na Europa enquanto tal.
Foi mencionada a crescente dificuldade da situação doméstica que enfrenta George W. Bush. As suas taxas de aprovação estão em queda devido à sua impopular política de austeridade contra o proletariado. Os atuais protestos abrem caminho para importantes explosões sociais futuras. A divisão na confederação sindical americana AFL/CIO é uma indicação dos desafios políticos, econômicos e organizacionais que o proletariado americano enfrentará no futuro próximo. Também é a primeira vez desde a erupção da guerra contra o Iraque que a maioria da população americana se opõe a guerra. Isto coincide com o apelo à “rápida retirada das tropas dos EUA” por parte do movimento organizado dos trabalhadores nos EUA. É contra este cenário que o Socialist Alternative o CIO nos EUA, conduziram com sucesso campanhas contra o recrutamento militar nas escolas secundárias e aumentou a sua militância em um terço durante o último ano.
Além disso, a posição dos EUA como a locomotiva da economia mundial é cada vez mais fraca. Os ataques aos padrões de vida no EUA reduziram o consumo doméstico, um dos pilares mais importantes para o crescimento da economia dos EUA. Há uma ainda maior interdependência entre os parceiros econômicos globais e os eventos num país podem agir como um gatilho para colocar toda a economia mundial em crise. O alto valor do dólar dos EUA é insustentável e uma desvalorização significativa terá conseqüências e repercussões fundamentais no resto do mundo. Os impressionantes desenvolvimentos industriais e econômicos na China e na Índia – apesar das suas taxas de crescimento respeitáveis – não servirão, a longo prazo, como um salva-vidas para o capitalismo mundial.
Enquanto o neoliberalismo ainda é a tendência dominante na economia mundial, os governos – em nome das suas respectivas classes dominantes – provavelmente recorrerão a medidas protecionistas para defender as suas próprias economias nacionais e os seus lucros. De uma forma ou de outra, essas discussões já ganham lugar, por exemplo, em torno da questão das cotas têxteis chinesas para o mercado europeu.
A discussão forneceu a base para uma compreensão do tipo de período em que estamos enfrentando.
Será um período de rápidas mudanças que requererão flexibilidade enorme nas nossas tácticas para se beneficiar da janela de oportunidade que está abrindo para o CIO em vários países fundamentais na Europa.
Os votos “NÃO” na França e na Holanda chocaram o establishment político em toda a Europa e desencadearam um debate sobre o futuro do Euro e da União Européia.
O voto amplamente majoritário dos trabalhadores no “NÃO” em ambos os países marca, primeiramente, o profundo nojo que a classe trabalhadora tem dos seus dirigentes políticos e das políticas neoliberais que eles representam e também uma rejeição mais geral do modelo “Anglo-Saxão” do capitalismo.
Na França, o voto “NÃO” foi acompanhado de um aumento da luta de classes e uma crise no Partido Socialista Francês (social-democracia). A situação é ainda volátil mas importantes explosões da classe operária e dos jovens ainda estão na agenda. Um número de importantes ingredientes para uma erupção do tipo Maio de 68 estão presentes na presente situação.
Os desenvolvimentos na Alemanha continuam a ser fatores chave para os desenvolvimentos em toda a Europa. Dada a posição da Alemanha na economia mundial, a força potencial da classe operária altamente organizada e os importantes acontecimentos à volta da lista conjunta entre o WASG e o Partido da Esquerda/PDS que é liderada por Oskar Lafontaine (um anterior Presidente do SPD e Ministro das Finanças no primeiro mandato do governo de Schröder), isso terá um efeito noutros países europeus. As sondagens indicam que o novo partido está à beira de se tornar o terceiro maior partido nas eleições gerais marcadas para 16 de Setembro. O establishment político está em pânico. Alternativa Socialista, o CIO na Alemanha, possui um importante papel dentro do WASG em várias áreas.
Ásia
É difícil destacar uma das várias contribuições emocionantes que foram feitas ao longo da semana, mas foram, em particular, as contribuições dos camaradas da América Latina e da Ásia que marcaram bem a importância e significação dessas regiões para o desenvolvimento de forças revolucionárias.
Peter Taaffe, secretário-geral do Socialist Party da Inglaterra e do País de Gales e membro do Secretariado Internacional do CIO, introduziu o debate sobre a Ásia. Peter que esteve um mês em visita política à Ásia no inicio deste ano, destacou a corajosa luta da classe operária, dos camponeses, dos pobres das cidades e dos pescadores em países como Sri Lanka, Paquistão, Malásia e outros.
Obviamente, os acontecimentos na e à volta da China são de grande importância para os socialistas. O potencial para explosões sociais aumenta a cada dia. Foi impressionante ouvir acerca das lutas diárias e frequentemente muito duras dos camponeses e operários chineses contra a elite burocrática chinesa. Em resposta, o regime usa dos mais brutais métodos para reprimir qualquer resistência. E, apesar do peso do setor privado na produção aumentar, a maioria do operariado ainda trabalha em companhias controladas e de propriedade estatal.
Vários camaradas deram exemplos de como a China tem vários elementos do desenvolvimento combinado e desigual que Trotsky analisava como uma característica do desenvolvimento industrial dos chamados países subdesenvolvidos. Enquanto que em partes da China, os padrões de vida alcançaram o nível de países como Portugal, outras são atiradas para a pobreza extrema. Empresas de alta tecnologia e condições de trabalho extremamente perigosas são parte e parcela do mesmo desenvolvimento.
As taxas de crescimento da China, apesar de insustentáveis, e a sua enorme procura de energia tornaram a China num importante ator global, quer política, quer economicamente. Isto trás como conseqüência as crescentes tensões com o imperialismo dos EUA e também com o imperialismo Japonês, como as tensões sobre Taiwan, sobre a moeda chinesa, sobre os negócios da China com a Venezuela e outros países. O Japão enfrenta o risco do caos político também. A enorme oposição ao plano de privatizar os serviços postais no país poderá levar à queda do Presidente Koizumi.
A discussão foi enriquecida por contribuições dadas por camaradas da região ou por camaradas que visitaram recentemente a área com o objetivo de fortalecer as forças do CIO.
Tornou-se claro como é crucial a compreensão da Teoria da Revolução Permanente, de Trotsky, nesta parte do mundo. A classe operária e as massas pobres mostraram, repetidamente, a sua forte determinação de erguer-se e lutar contra a exploração e opressão. Mas, frequentemente, a colaboração da parte das organizações operárias com as chamadas forças burguesas progressistas e uma incorreta compreensão do papel da classe operária como força decisiva e condutora par alcançar a transformação socialista conduziu a terríveis derrotas, as quais a classe operária ainda hoje está a pagar. Certamente que esta discussão aumentou o apetite dos camaradas para conhecerem melhor esta área. Uma intervenção política no Fórum Social Asiático, no Paquistão e os protestos contra a Organização Mundial do Comércio em Hong Kong foram vistas como importantes por todos os presentes. O trabalho desenvolvido à volta do www.chinaworker.org foi amplamente apreciado e o site irá certamente atingir novos picos no próximo período. Clare Doyle do Secretariado Internacional concluiu o debate. Entre outras coisas, ela sublinhou que a contribuição do camarada Letchmi, da Malásia, tinha enfatizado a importância de continuar ao debate político com o PSM. Isto também se aplica à importante contribuição feita pelo camarada da Coréia do Sul que é membro do recentemente formado Partido Trabalhista Democrático Coreano (KDLP).
América Latina
A discussão sobre América Latina que seguiu foi introduzida por Tony Saunois, o Secretário-Geral do CIO, teve o efeito de entusiasmar todos no auditório e reforçou a necessidade de aumentar as tentativas do CWI para construir forças neste continente que está em tumulto contínuo. Os levantes tiveram frequentemente um caráter insurrecional e em muitos países, os Presidentes não duraram mais do que um par de meses. Até mesmo em países como o México e o Chile, países que por razões diferentes não estavam à frente na luta de classe, estão acontecendo mudanças significativas. É a juventude no Chile que não suporta o fardo pesado da derrota do governo de Allende que está redescobrindo as idéias do socialismo.
O debate focou-se nos eventos na Bolívia, Brasil e Venezuela, os países fundamentais na América Latina nesta conjuntura particular. A luta e as reivindicações das massas predominantemente indígenas na Bolívia para a nacionalização das companhias das águas e do gás são altamente significativas. A experiência concreta das políticas neoliberais não deixou às massas nenhuma escolha senão resistir ferozmente. Na conclusão do debate, Simon Kaplan do Secretariado Internacional explicou como a privatização do abastecimento de água na Bolívia conduziu a uma situação onde a conta de água mensal excede oito vezes o salário médio. Como resultado dos protestos, o governo teve que fugir da capital. Agora parece ser muito provável que Morales ganhará as próximas eleições mas apesar do fato do seu movimento se chamar “Movimento para o Socialismo”, ele permanece dentro do quadro do capitalismo e não será por si próprio um desafio ao capitalismo. Ele pode ser empurrado pelas massas mas também não é de excluir que o país seja dirigido à beira da guerra civil.
O Brasil, um país de tamanho continental, assistiu a mudanças decisivas nos últimos anos. Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente em 2003 quando o PT, o partido dos trabalhadores, obteve o poder. Ele foi saudado pelas massas e havia grandes esperanças de que a situação das massas e dos sem terra começaria finalmente a melhorar. Essas esperanças foram quebradas. Lula se mostrou o representante mais confiável para o imperialismo. Como nenhum outro, ele obedece a todas as regras ditadas pelo FMI e o Banco Mundial e ataca a classe trabalhadora e os pobres.
O PT sofreu quase as mesmas mudanças como o Novo Trabalhismo de Blair fez no passado. Em cima de tudo isto, o PT está agora envolvido num escândalo de corrupção enorme. Até agora esse escândalo não tem afetado drasticamente o apoio que Lula tem entre a população. Todos os lados, inclusive os capitalistas, têm interesse em manter Lula limpo por enquanto mas não obstante o escândalo afetou gravemente o PT. O P-SOL, o novo partido que foi lançado por antigos membros, senadores e deputados do PT, tem grandes chances de crescer devido à crise do PT. Socialismo Revolucionário, o CIO no Brasil, é ainda uma força muito pequena no Brasil e trabalha dentro do P-SOL. Temos membros no Comitê Executivo Nacional do P-SOL e na sua juventude o que nos deixa com grandes possibilidades e responsabilidades de construir este partido como uma força de massas pela transformação socialista no Brasil.
Os eventos e desenvolvimentos na Venezuela têm amplas repercussões na América Latina como um todo. O apoio a Chavez entre a população é muito firme. Oitenta e meio por cento da população apóia o governo. A Venezuela se beneficia do aumento do preço do petróleo. As receitas do petróleo são usadas para melhorar as condições de vida das massas pobres nesse país. Programas de alfabetização, melhorias nos serviços de saúde e programas alimentares especiais tiveram um efeito positivo em grandes números de pessoas. Ocorreram movimentações do governo no sentido de nacionalizar a terra e fábricas nos últimos tempos o que torna Chavez uma espinha na garganta do imperialismo.
Chavez não é um revolucionário marxista e um socialista conseqüente mas começou agora a se referir positivamente ao socialismo em várias ocasiões. Mesmo que isso aconteça de uma forma distorcida, ajuda a elevar a bandeira do socialismo entre as massas da Venezuela. É tarefa dos marxistas revolucionários de uma maneira cuidadosa explicar de uma forma concreta o que o socialismo significa, como implementa-lo e alcança-lo.
Camadas inteiras da juventude, em particular, começaram a identificar-se com as idéias do socialismo. Estão prontas e desejosas de lutar e de percorrer todo o caminho. Para que não se desperdice esta dedicação e determinação para lutar, é necessário que se construam organizações independentes da classe operária e da juventude na Venezuela, no Brasil e internacionalmente para barrar e derrubar o capitalismo e o imperialismo.
A Escola do CIO jogou um papel importante neste processo. Internacionalmente, as secções do CIO fizeram importantes progressos. Aprofundamos as nossas raízes no movimento dos trabalhadores e ganhamos a confiança de importantes camadas da classe trabalhadora. Demos importantes passos no nosso trabalho sindical e juvenil em vários países. E será a juventude que terá um papel decisivo nas batalhas que se avizinham. E eles expressaram a sua força na escola deste ano. Após as sessões oficiais, os camaradas jovens de todas as diferentes seções organizaram uma convenção juvenil separada para troca de experiências e idéias. Durante os curtos intervalos de almoço e depois de reuniões intensas eles reuniram-se para debater como acelerar o crescimento do CIO no próximo ano.
Per-Åke Westerlund, membro do Comitê Executivo Internacional, da Suécia, na sua introdução sobre a construção das forças do CIO, aludiu à revolução russa de 1905. Ele relembrou á audiência que uma das muito importantes lições dos eventos revolucionários de 1905 foi a necessidade de construir um forte e poderoso partido revolucionário que fez toda a diferença no sucesso da Revolução Russa de 1917. As celebrações da festa final refletiram a experiência de uma semana excitante e inspiradora de novas análises, uma compreensão mais profunda da teoria e prática marxista e a forte vontade de construir um partido revolucionário.