Venezuela: Multitudinária marcha pelo 1 de Maio
Centenas de milhares de trabalhadores saíram às ruas de Caracas marchando pelo primeiro de maio, dia do trabalhador. As ruas eram um mar de faixas vermelhas. O que fica demonstrado com isto é que o regime venezuelano encabeçado por Hugo Chávez segue tendo um enorme poder de mobilização entre os trabalhadores e setores populares.
O ânimo imperante era de alegria, de festa, uma marcha com muito ritmo de salsa, e também de tambores envolventes, que chamam a mover-se com harmonia, que alegram os espíritos e infundem muito ânimo.
As consignas centrais eram contra o imperialismo, contra Bush e os governos lacaios do império em nosso continente e pela unidade dos trabalhadores e do povo oprimido da América Latina.
Nós, militantes do CIO da Venezuela, marchamos com os trabalhadores da saúde, com nossos companheiros do sindicato SIRTRASALUD de Algodonal. Tínhamos um sol abrasador sob nossas cabeças, mas com a vontade inquebrantável de demonstrar que os trabalhadores deste país querem ser livres e dignos, que se cansaram de estar de joelhos e que estão dispostos a tomar o controle da sociedade.
Esta foi uma marcha positiva e pela defesa dos direitos dos trabalhadores a favor da liberdade, pelo socialismo e contra o imperialismo.
É importante explicar primeiro que antes desta marcha, houve outra chamada pela CTV (Confederação de Trabalhadores da Venezuela), a antiga central de trabalhadores deste país, uma central pr´-patronal e pró-imperialista. A consigna central desta marcha era “pelo respeito ao direito à vida”, um fim louvável sem dúvida, mas os principais responsáveis da situação de insegurança desta sociedade são os empresários venezuelanos que tem jogado na miséria grandes setores deste país e que cinicamente hoje converteu a insegurança na consigna central dos esquálidos da oposição. Para isto basta ver a composição social dos convocantes; além dos dirigentes “sindicais” da patronal, se somaram os estudantes universitários, que vêm precisamente das famílias mais acomodadas do país, e os grêmios “profissionais”, ou seja, os grêmios da pequena burguesia, que se negam a perder seus privilégios de classe.
Lamentavelmente este tipo de situações confusas só se podem dar devido ao caráter contraditório do regime que conduz o processo que se desenvolve na Venezuela. Há setores dentro do próprio governo que apóiam medidas contra os assalariados e que ajudam a confundir os trabalhadores mais atrasados. Um exemplo disto é a implantação de cooperativas, de que se estão valendo tanto a empresa privada como o próprio governo, para desregularizar e precarizar o trabalho. “Isso é neoliberalismo puro. Não se pode criar cooperativas para destruir os sindicatos”, como afirma Orlando Chirinos, coordenador nacional da União Nacional de Trabalhadores (UNT), a nova central sindical que apóia o regime de Chávez.
É lamentável que os patrões deste país sigam tendo a liberdade de continuar violentando os direitos dos trabalhadores. E quando os trabalhadores se mobilizam contra estas injustiças os acusam de serem contra-revolucionários ou de fazer o jogo da oposição, precisamente por tratar de parar os empresários que são os principais conspiradores do país.
Não se pode ocultar o sol com um dedo, são ao redor de um milhão de trabalhadores que hoje estão em conflito com os empresários inescrupulosos que lamentavelmente seguem pisoteando seus direitos. Além disso se deve levar em conta os camponeses pobres que estão em luta contra os latifundiários que estão massacrando seus dirigentes e membros mais destacados; todo o mundo sabe que os assassinos a soldo são contratados pelos latifundiários, os mesmos que seguem negociando com o governo na mais completa impunidade.
Os trabalhadores seguirão confrontando os empresários golpistas e os burocratas da IV república, que hoje se incrustaram no governo e destas posições fazem o jogo de seus antigos aliados, que de antigos não tem muito.
Por isto os trabalhadores novamente se fizeram presentes neste primeiro de maio e como desde sempre seguirão na luta pela revolução e pelo Verdadeiro Socialismo.