Greve geral força rei do Nepal a recuar

Os protestos massivos e uma greve geral de 18 dias no Nepal conseguiram arrancar conquistas no dia 25 de abril, quando o ditador, o rei Gyanendra, reinstalou o parlamento que ele dissolveu em 2002 e prometeu nova eleições para uma Assembléia Constituinte.

O fantástico movimento e a greve geral mostraram o grande poder da classe trabalhadora e dos camponeses pobres. A questão de quem controla a sociedade foi colocada na ordem do dia. Mas, ao mesmo tempo que o povo celebra, muitos setores da juventude principalmente questionam: “isso não é uma vitória total, o rei ainda permanece”.

É verdade que o rei foi forçado a fazer grandes concessões. Mas a aliança de sete partido de oposição também recuou muito para chegar em um meio termo com o rei, como no caso da principal bandeira que eram eleições imediatas para uma Constituinte.

A aliança de oposição nomeou Prasad Koirala como novo primeiro ministro. Ele já ocupou esse cargo três vezes antes. Ele é líder do Partido do Congresso Nepalês, a favor da monarquia e tem uma história de implementar uma política econômica neoliberal. Não existe nenhuma data mencionada para quando serão realizadas as eleições para a Assembléia Constituinte.

Derrubada do rei era possível

Muito dos ativistas questionam por que os partidos da oposição fizeram essas concessões quando uma vitória estava ao alcance. O que está claro é que não só o rei, mas também os partidos de oposição, temem o levante revolucionário que teve como principal elemento a greve geral da classe trabalhadora do Nepal, junto com os protestos nas zonas rurais, majoritariamentes controladas pelos rebeldes maoístas. A situação saiu totalmente fora de controle do rei e do aparelho do estado, e o movimento tinha condições para de derrubar o rei.

As manifestações ainda estavam crescendo quando o rei recuou. No dia 21 de abril os funcionários públicos se juntaram à greve. A grande maioria dos sindicatos participou das manifestações. Esse movimento é muito mais amplo que os protestos pró-democracia dos anos noventa na capital Katmandu.

As palavras de ordem durante o movimento eram do tipo: “Enforquem o rei”, “Abandone o palácio, nós vamos governar”, “Nós temos o poder – não o rei”.

Não é um exagero dizer que a aliança de oposição, que inclui o partido comunista (CPUML) devolveu ao rei o poder que ele perdeu durante os protestos. A oposição não estava contente com o fato das massas estarem indo numa direção mais radical e cada vez dando mais apoio aos rebeldes maioistas, por causa da sua aparente oposição implacável ao regime através de sua luta armada. Mas, apesar da retórica radical o programa de fato deles é limitado a uma luta por direitos democráticos e não por uma transformação socialista da sociedade.

A crise continua

A crise ainda não acabou no Nepal. A tentativa de meio-termo vai levar a novas crises. O novo governo não será capaz de conseguir uma solução para os problemas que provocaram a revoltar dos maoistas que já dura uma década .

Um partido revolucionário enraizado na classe trabalhadora e entre os pobres camponeses com um programa e uma estratégia clara poderia facilmente ter derrubado a monarquia e preparado o caminho para um governo de trabalhadores e camponeses. É esse tipo de partido que precisa ser construído.