Fracasso no Iraque provoca derrota para Bush nas eleições nos EUA

No dia 7 de novembro, ocorreram as eleições parlamentares nos EUA. Mas ficou uma dúvida pendente no ar: foi um pleito legislativo ou um referendo sobre o presidente Bush? Um pouco das duas hipóteses, pois foi realmente um pleito parlamentar, no entanto, a desastrosa Guerra no Iraque, fez com que essas eleições servissem de indicador da impopularidade do governo de George W. Bush.

O resultado foi calamitoso para o Partido Republicano. Após mais de uma década de oposição, o Partido Democrata fica com a maior bancada na Câmara dos Representantes. Foram 229 democratas, 1 independente e 196 republicanos.

Iraque principal fator por trás da derrota

Existiram alguns fatores que implicaram nesse resultado e o principal deles é, sem dúvida, o fiasco da Guerra do Iraque. Os EUA não têm controle da violência que cresceu muito no último período. Aproximadamente 3 mil soldados americanos morreram desde o início da guerra.

Devido a todo essa situação, Bush precisava mostrar algumas mudanças em sua política sobre o Iraque. O alvo foi Donald Rumsfeld, que “saiu” do cargo de secretário da defesa. No lugar dele, foi colocado Robert Gates, ex-diretor da CIA. Na verdade, Rumsfeld foi o bode expiatório do governo americano, tendo em vista que não há diferenças substanciais entre Rumsfeld e Gates. O governo americano perdeu apoio da população (cerca de 60% dos americanos acham que foi um erro ter invadido o Iraque).

Além disso, os casos de cor-rupção envolvendo o Partido Republicano e alguns casos de escândalos sexuais, sendo que o mais estridente foi o envolvimento do representante do estado da Flórida, Mark Foley, que mandava mensagens sexuais para estagiários do Congresso, foram determinantes para a derrota do partido de Bush.

Em conseqüência de todos esses fatos recentes, somados à desigualdade social existente nos Estados Unidos, o descaso com a população pobre, principalmente negros e latinos – basta lembrar quem mais sofreu com a destruição causada pelo furacão Katrina – a sociedade americana está desiludida com os representantes de seu país. Cerca de 61% dos americanos não confiam na direção dos EUA e suas instituições (escola, polícia, poder judiciário e etc) e apenas 40% das pessoas aptas a votar, de fato votaram nessa última eleição.

Nancy Pelosi foi eleita pelo Partido Democrata e, a partir de 2007, vai se tornar a primeira mulher presidente da Câmara da história dos EUA. Pelosi chama atenção pelo fato de ser a favor do aborto, por querer reformar o sistema de Bem Estar Social e o fato de ser contrária aos cortes de impostos da classe média. Mas nada disso significará mudanças da prática do partido democrata. Outro democrata com uma postura supostamente mais à “progressista”, Bill Clinton, prometia em sua campanha eleitoral implementar um Plano de Saúde Universal, mais quando ele foi eleito não prosseguiu com esse projeto. Hoje, aproximadamente 46 milhões de americanos não têm nenhum tipo de assistência médica fornecida pelo Estado.

O caminho se complica para Bush

Em decorrência das eleições os EUA estão sofrendo fortes pressões para mudar suas políticas interna e externa. Na política interna fica evidente que Bush não tomará mais suas medidas unilateralmente, devido à ascensão do Partido Democrata ao Congresso.

Os EUA terão que rever sua política externa, pois perderam força e já não são tão “assustadores”, tanto que Irã e Coréia do Norte batem constantemente de frente com a “maior potência do mundo”.

O fiel aliado, Tony Blair diz que os EUA têm que negociar com países do eixo do mal, como Síria e Irã, para encontrar uma solução para a região, fato que comprova a pressão exercida sobre os estadunidenses.

Rumsfeld é sacrificado

Com relação ao Iraque, Bush tem que mostrar mudanças em sua política. O primeiro passo foi trocar Rumsfeld, o segundo passo vai ser ouvir a comissão bipartidária Iraq Study Group (grupo de estudo do Iraque), coordenado pelo ex-secretário de Estado Americano James Baker, que deve apontar para um plano de retirada do Iraque. Mas, nem Bush nem os democratas têm alguma solução para a crise no Iraque e os EUA não querem perder o controle sobre o petróleo. Uma retirada enquanto a situação ainda é caótica seria reconhecer uma derrota para a sua política e Bush não pretende fazer isso.

Com o presidente mais fraco, fica mais difícil a margem de manobra nas negociações comerciais.

Uma maioria democrata no Congresso deixa mais remotas as chances de prorrogação da chamada TPA (Trade Promotion Authority) que autoriza o presidente a negociar acordos sem a interferência específica do Legislativo. Os democratas também têm uma tendência a ser mais protecionistas dos que os republicanos.

Dois partidos do grande negócio

“Não há nada mais conservador do que um liberal no poder”. Essa frase faz referência aos partidos Conservador e Liberal da época do segundo Império brasileiro, mas também pode ser aplicado no cenário político atual dos EUA, sabendo que tanto com republicanos quanto com democratas, o imperialismo americano continuará e a luta contra o capitalismo e o imperialismo deverá prosseguir. 

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